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sábado, 30 de outubro de 2021

INSTIGANTE ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A contribuição do estudioso e pesquisador Hermínio Correia de Miranda precisa ser mais conhecida pelos que chegam ao Espiritismo. Criterioso, sensato, produziu trabalhos que demonstram sua erudição, oferecendo aos interessados na verdade dos fatos e evidências. Um deles, A MEMÓRIA E O TEMPO (edicel, 1980), com antecedência de alguns anos, incursões no campo da regressão de memória na confirmação da reencarnação. Outro, EU SOU CAMILLE DEMOULINS (lachâtre, 1993), fascinante, lamentavelmente não mais publicado – pelo que sei por divergências com o pesquisado -, revela detalhes e minúcias da incursão pelo inconsciente profundo de um jornalista recentemente desencarnado que, em transe repetidas vezes induzido, revelou-se um personagem da Revolução Francesa, no século 20 reencarnado no Brasil. Nele, encontramos o depoimento em carta, do advogado, médium e também pesquisador, Dr Cesar Burnier, na verdade Cesar Gouveia Pessoa de Melo, amigo pessoal de Chico Xavier a quem conheceu – ou reencontrou – em 2 de abril de 1938, poucos dias após a morte surpreendente de um de seus filhos vitimado por insidioso quadro de meningite. Na referida obra, vamos encontrar interessante relato do Dr. Burnier, envolvendo o grande médium mineiro. Segundo ele, Chico Xavier, “ao tempo da Grande Revolução, era uma moçoila um tanto caipira da cidade francesa de Arras. Chamava-se Jennne D’Arencourt, sendo protegida de Andréa de Taverne, condessa de Charny, que a introduziu na corte de Maria Antonieta. Sua permanência na corte foi muito curta. É que Jeannne, sem jeito e extremamente acanhada, quebrou logo o protocolo real pisando nos pés da Rainha. Foi sua felicidade. Esse acidente, afastando-a da alta nobreza, evitou-lhe a morte na guilhotina, mas não evitou que a lâmina desta cortasse a cabeça do seu pai, pequeno nobre da terra de Robespierre. Jeannne era amiga de Danton. Apelou para o ardoroso tribuno pedindo sua juda junto ao “incorruptível”. Danton levou-a à presença do “todo poderoso detentor das pulcritudes cívicas”. Durante o trajeto, Danton recomendou-lhe: -“Atire-se aos pés do homem; diga-lhe que seu pai é pessoa moderada, nas cida em sua terra – Arras; chame-o de Citoyen, mostre-se humilde e confiante no seu poder e na sua magnanimidade”. Jeanne cumpriu religiosamente os conselhos do amigo, enquanto Danton se dirigia ao Pontífice das Virtudes Cívicas, implorando sua piedade para com a infeliz moça. Robespierre ouviu das culminâncias do seu orgulho. Depis, num gesto todo seu, atirou a cabeça para trás, trincou os maxilares e exclamou: - “Minha filha, Robespierre comoveu-se com a a sua rogativa, mas é o Comitê de Salvação Pública que está encarregado dos assuntos da pátria. Todo traidor terá de morrer!”.No dia seguinte o pai de Jeanne perdeu a cabeça na guilhotina, e a moça, banhada em lágrima, fugiu para a Espanha, onde faleceu, algum tempo depois, vítima de tuberculose, em Barcelona, na Igreja de Sant’Ana. Emmanuel, o magnífico guia do Chico, fugiu de Paris, do terror de Robespierre. Chama-se Jean Jacques Tourville ou Turville. Era professor da nobreza e se refugiou igualmente na Espanha. Surpreendente Lei de Causa e Efeito, contudo, tem suas sutilezas. Ainda segundo o Dr. Burnier, “Robespierre reencarnou no Brasil na figura de uma médica, em Minas Gerais. Seu novo sexo – ao que julgo – deveria dar-lhe novas perspectivas da vida, principalmente na faixa da sentimentalidade reparadora”. Sua história seria ligada novamente ao Espírito conhecido como Chico Xavier em episódio, certamente, refletido daqueles resgatados no testemunho do Dr. Burnier. Sua continuidade e desfecho, porém, ficam para outra oportunidade.


Os espíritas dizem que fora da caridade não há salvação. Isso quer dizer que aquele que ajuda os pobres e faz caridade já está salvo, mesmo que não reconheça Jesus como seu senhor e salvador? ( João)


O espírita não procura entender os textos evangélicos ao pé da letra, mas está atento à filosofia de vida que Jesus divulgou. A base de seus ensinamentos –é o que ele deixou bem claro no Sermão da Montanha, quando se dirigiu ao povo, no mais longo e belo discurso que fez, cujas máximas ficaram para a História. Assim, falar de Jesus, é falar de amor, de fraternidade: é por esses valores que ele é reconhecido. Portanto, é toda sua filosofia, todo seu ideal: é o que ele chamou de “vontade do Pai”.


Toda vez que Jesus fala em “vontade do Pai”, ele está se referindo à caridade. Mas a caridade a que ele se refere, não se restringe ao ato de ajudar o próximo no sentido exclusivamente material. Isso ainda é muito pouco: é talvez o início da caridade, seu primeiro degrau. Aí é que as pessoas, geralmente, se enganam. Quando elas ouvem falar de caridade, pensam logo na esmola, no prato de comida, na roupa, no agasalho, no socorro imediato a alguém. É claro que esse tipo de caridade é importante; caso contrário, Jesus não contaria a parábola do bom samaritano. Mas é apenas o primeiro passo da caridade.


Quando Kardec perguntou aos Mentores Espirituais qual o sentido da palavra “caridade”, segundo os ensinamentos de Jesus, eles responderam, de forma clara e taxativa: “benevolência para com todos”, “indulgência para com as imperfeições alheias” e “perdão das ofensas”. Vamos repetir esses três degraus da caridade. Preste atenção! Primeiro: “benevolência para com todos”; segundo: “indulgência ou compreensão para com as imperfeições do próximo” e, por último, “perdão das ofensas”.


Veja, portanto, que não é nada fácil escalar esses valores: benevolência, indulgência e perdão. Benevolência é praticar o bem, é auxiliar, ajudar, dar apoio, presença, encorajamento. A benevolência tem seu aspecto material, quando a ajuda se restringe a coisas materiais ( como dinheiro, alimento ou qualquer outra coisa útil); mas ela também seu aspecto espiritual, quando se dá presença, atenção, apoio, reconforto, solidariedade, orientação. Mas a benevolência, no sentido amplo, é ser bom para o próximo. Assim, podemos ser benevolente para qualquer pessoa: pobre, rico, familiar, conhecido, desconhecido.


A indulgência é compreensão. Compreender o outro, que errou, que não foi capaz, que fraquejou diante de uma situação, que cometeu um deslize qualquer. Indulgência é ser discreto com os erros alheios, sem comentar, sem divulgar, colocando-se no seu lugar, a fim de não querer para o ele o que não quer para si mesmo. Isso é indulgência. Quando diz “não julgueis para que não sejais julgados”, Jesus está falando da indulgência.


E, por fim, o perdão – este, sim!... - a mais elevada expressão da caridade. Compreender o ofensor, não desejar-lhe mal, não quer se vingar, é uma atitude divina. Foi o que Jesus ensinou quando mandou perdoar até o inimigo e quando ele mesmo, ante os agressores, pediu que Deus os perdoasse, porque não sabiam o que estavam fazendo. Para alcançarmos o perdão , precisamos de uma alta dose de espiritualidade. Não é fácil, mas é uma virtude que precisamos conquistar ao longo da vida.

Logo, como você pode perceber, caridade é uma forma de vida, é a identificação com o ideal de Jesus, é estar acima dos preconceitos mesquinhos do mundo – do egoísmo e do orgulho; é, enfim, a salvação. Porque “salvação”, para o espírita, não é “ir para o céu” ou “escapar da condenação ao inferno”. Salvação é a libertação plena e total do egoísmo e do orgulho, que são os maiores obstáculos para a nossa felicidade. Para Jesus salvação é o mesmo que libertação, tanto assim que ele afirmou “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Essa libertação, na verdade, é purificação do Espírito, a manifestação plena e total do potencial de bondade e de amor que cada um de nós traz dentro de si.


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