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segunda-feira, 31 de maio de 2021

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.


 Este fato foi relatado por um senhor que procurou o Centro. Ele contou que, quando jovem, distratou de forma cruel um colega diante dos amigos e, por mais que estes lhe pedissem que se desculpasse, ele, cheio de si, recusou-se terminantemente a atendê-los. A partir de então, o agressor e o agredido nunca mais se encontraram. Muitos anos se passaram, até que um dia, já idoso, ao entrar num banco, o agressor se deparou com sua antiga vítima, agora muito envelhecido e doente, amparado por um jovem, certamente um cuidador. Imediatamente, a cena do passado lhe veio à memória e uma angústia tomou conta de seu coração. Teve ímpeto de se aproximar, identificar-se e ajoelhar a seus pés e pedir perdão, mas nada conseguiu fazer. Ele acha que nem foi reconhecido. Dias depois, no entanto, levou um segundo choque ao saber que seu antigo desafeto havia falecido e ele havia perdido a segunda chance de pedir perdão. Desde então, passou a amargar no peito uma terrível sensação de culpa e impotência.

 Relatos como este só vêm confirmar o quanto Jesus estava certo ao recomendar o perdão e o amor até mesmo aos inimigos. É claro que o caso narrado por esse senhor não se dá com todo mundo dessa mesma  maneira, mas ele revela, sem dúvida, que todos nós, independente de quem seja, estamos regidos por uma lei universal que manda, acima de tudo, que pratiquemos o bem e saibamos perdoar. Essa lei mora na consciência moral de cada um de nós.

 Por mais nos afastemos do mandamento maior, por maior estardalhaço que façamos na vida, procurando esquecê-lo ou silenciá-lo, nunca conseguiremos nos desvincular de Deus, nunca apagaremos de nossa consciência o dever de amar. Mais cedo ou mais tarde, no decorrer da vida – seja desta vida, seja de outra que ainda está para acontecer – essa voz interior, que aponta para o amor, falará aos nossos ouvidos, lembrando de nossos deveres.

  O orgulho e o egoísmo com que atingimos os outros – tanto quanto o egoísmo e o orgulho com que outros nos atingem -  cedo ou tarde entrarão em conflito com sua consciência moral, dizendo-lhe o que deveria ter feito e não fez, ou o que não deveria ter feito e fez.  Todos somos filhos de Deus, que é Amor, e é imperioso que nos liguemos uns aos outros pelos laços do amor.

 Por isso, Jesus insistiu tanto no perdão, até no último momento de sua vida, lembrando que, antes mesmo de pensarmos em adorar a Deus, devemos primeiro procurar o adversário para se reconciliar com ele. Essa providência acontece pela necessidade de resolvermos, o mais breve possível, nossas diferenças, pois, com o passar do tempo, elas se tornam maiores e mais difíceis de serem aparadas.

 Logo, a questão não é apenas perdoar quem nos ofende, mas também pedir perdão para aqueles a quem ofendemos. Caso contrário, como aconteceu com esse senhor, que trouxe seu problema, prosseguiremos em conflito conosco mesmos, numa briga interior entre a obrigação e a disposição para cumpri-la. Tanto quem perdoa, quanto quem precisa de perdão, necessitam antes de tudo de humildade, o primeiro degrau para adquirirmos todas as demais virtudes.


  

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