Há apenas 155 anos discutia-se na França, berço das grandes transformações sociais e culturais operadas no tempo que decorrido passou, se as primeiras mulheres a concluir um curso universitário deveriam receber diplomas, pois, não se sabia se tinham alma. Tratada como inferior desde épocas imemoriais, mesmo o impasse acadêmico, os avanços foram pequenos, em algumas nações e povos. Muitos ainda vivem no primitivismo da Antiguidade, subjugados por princípios religiosos incompreensíveis num Universo criado e regido, segundo creem, por Deus. Nas sociedades ditas desenvolvidas a maioria das mulheres continua submissa, sub-remuneradas no mercado de trabalho em relação ao homem, transformada em objeto de desejo pela mídia que se vale dessa condição para vender de carros a bebidas, de roupas a padrões de comportamento. E, apesar da degradação espiritual de que indiretamente é causadora, algumas galgam pela competência e trabalho posições inimagináveis outrora como executivas maiores de grandes corporações ou mesmo máximas mandatárias de Países. O quadro dominante, porém, mostra que o conhecimento maior da visão revolucionária do Espiritismo é necessidade urgente. Já, n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a Espiritualidade Superior revelou nas questões 200 a 202, que: 1o) o Espirito não tem sexo como o entendemos, 2º) a formatação masculina/feminina está condicionada à necessidade da preservação da espécie humana; 3º) o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher, numa existência e, vice-versa; 4º) dependem as inversões das provas que tiver de sofrer; 5º) que os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres porque não tem sexo – apenas a energia criativa que se define numa direção ou outra a partir do corpo perispiritual - e, 6º) devendo progredir em tudo, cada sexo, como cada posição sexual, oferece-lhe provas e deveres especiais e novas condições de adquirir experiências, visto que se renascesse sempre homem, só saberia o que fazem os homens. Em mensagem mediúnica inserida por Allan Kardec no número de abril de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, entidade identificada apenas como Um Espírito que se manifestou em reunião ocorrida em 10 de março daquele ano num grupo de Joinville, escreveu um texto intitulado Instrução Das Mulheres, dizendo: -“Neste momento a instrução da mulher é uma das mais graves questões, porque não contribuirá pouco para realizar as grandes ideias de liberdade, que dormem no fundo dos corações. Honra aos homens de coragem que tomaram a iniciativa! Eles podem, de antemão, estar certos do sucesso de seus trabalhos. Sim, soou a hora da libertação da mulher.; ela quer ser lovre e para isto há que libertar sua inteligência dos erros e preconceitos do passado. É pelo estudo que ela alargará o círculo de seus conhecimentos estreitos e mesquinhos. Livre, ela assentará sua religião sobre a moral, que é de todos os tempos e países. Ela quer ser a companheira inteligente do homem, sua conselheira, amiga, instrutora de seus filhos e não um joguete de que se serve como uma coisa, e que depois se despreza para tomar uma outra. Ela quer trazer sua pedra ao edifício social, que se ergue neste momento ao poderoso sopro do progresso. É verdade que, uma vez instruída, ela escapa das mãos daqueles que a convertem num instrumento. Como um pássaro cativo, quebra sua gaiola e voa para os vastos campos do Infinito. É verdade que, pelo conhecimento das leis imutáveis, que regem os mundos, ela compreenderá Deus de modo diferente do que lhe ensinam; não acredita mais num Deus vingador, parcial cruel, porque sua razão lhe dirá que a vingança, a parcialidade e a crueldade não se podem conciliar com a justiça e a bondade. O seu Deus, dela, será todo amor, mansuetude e perdão. Mais tarde ela conhecerá os laços de solidariedade, que unem os povos entre si, e os aplicará em seu derredor, espalhando com profusão tesouros de caridade, amor e benevolência para todos. A qualquer seita a que pertença, saberá que todos os homens são irmãos e que o mais forte não recebeu a força senão par proteger o fraco e o elevar na sociedade ao verdadeiro nível que deve ocupar. Sim, a mulher, é um Ser perfectível como o home e suas aspirações são legitimas; seu pensamento é livre e nenhum poder no mundo tem o direito de a escravizar aos seus interesses e paixões. Ela reclama sua parte de atividade intelectual, e a obterá, porque há uma lei mais poderosa do que todas as leis humanas, a Lei do Progresso, à qual toda Criação está submetida”.
Existe uma passagem do evangelho em que Pilatos pergunta a
Jesus o que é a verdade e Jesus não responde. Ele havia dito que veio a este
mundo ensinar a verdade. O que é a verdade para Jesus?
A questão do que é a
verdade já vinha sido debatida séculos antes de Jesus pelos filósofos. Um famoso
pensador da antiguidade dissera, “a verdade é o que é”, e todos ficamos sem
entender... Pois saber a verdade parece uma questão muito simples, uma vez que cada um de nós, do seu próprio ponto de vista,
é capaz de dizer o que é ou o que não é verdade.
Por isso mesmo, um
outro filósofo da Grécia antiga, constatando a existência de muitas verdades a
respeito de uma mesma coisa, conforme o ponto de vista das pessoas, afirmara: “O
homem sabe das coisas aquilo que ele pensa que as coisas são” – ou seja, cada
um de nós tem a sua própria verdade sobre tudo e sobre todos.
Mas o ser humano vive em grupo. Ninguém sabe viver sozinho. Temos
necessidade de compartilhar nosso pensamento com outras pessoas – seja na
família, na roda de amigos, num grupo político ou religioso. E desse modo, a
verdade adquire uma conotação de ente coletivo. Dentro de uma religião, por
exemplo, existem verdades que seus seguidores se esforçam para aceitar, a fim
de se identificarem uns com os outros.
Pilatos, governador da
Judéia, com certeza, já lera muito sobre verdade e conhecia o pensamento da
época. Por isso, quando Jesus disse que veio trazer a verdade, ele a considerou
como uma verdade particular de Jesus, pois estava convencido de que não existia
um conceito de verdade que serviria para todo mundo. Jesus não respondeu, certamente, porque
percebeu que, assim, Pilatos não estava
preparado para compreender o alcance de suas palavras.
A verdade, a que
Jesus se referia, porém, estava além da compreensão da maioria das pessoas,
porque não se tratava de uma verdade simples e objetiva ( como 2+2 são 4, por
exemplo), mas de uma verdade que ia além da inteligência, além dos sentidos, além
das formas e concepções humanas, porque implicava, acima de tudo, na verdade do
amor - ou seja, na identificação do sentimento com a vontade suprema de Deus.
Não vivemos apenas da verdade que se revela aos nossos
sentidos, mas vivemos sobretudo dos sentimentos que nos governam a vida, em
torno dos quais giram todos os nossos interesses e para os quais dedicamos
todos os nossos esforços. A verdade, portanto, não pode estar aqui ou ali, numa
casa ou num templo, com esta ou aquela pessoa, mas na intimidade de cada um de
nós.
Por isso que Jesus afirma que “onde está o teu tesouro, aí
está teu coração”. Esse tesouro é espiritual, são os sentimentos de cultivamos,
a meta que queremos alcançar. Se ele se constituir de coisas fúteis ou passageiras,
com certeza, não terá vida duradoura e morrerá com as nossas decepções e
desenganos. Contudo, se ele se concentrar no amor fraterno ( que é o sentimento
que nos une a Deus), agora ou depois desta vida, ele continuará vivo no mais
íntimo de nossa alma.
A verdade para Jesus,
portanto, é Deus, e Deus é amor. Como disse Paulo, “... e nada existe fora
desse amor”. Ou seja, toda a verdade está em Deus, toda verdade está no amor –
ou seja, na prática do bem, que é a verdadeira
manifestação de Deus através de cada um de nós.
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