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domingo, 9 de maio de 2021

EXPIAÇÃO E PROVA-DIRIMINDO DÚVIDAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Expositores, facilitadores, palestrantes costumam comentar o tema Expiação e Provas de uma forma diferente da comentada por Allan Kardec respondendo a indagação de seguidor do Espiritismo nascida em seu grupo de estudos na cidade de Moulllins, interior da França, sobre a Expiação ocorrer ou não durante a encarnação dos Espíritos, apoiando-se na expressão empregada em muitas comunicações. É na seção Questões e Problemas do número de setembro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, que se ocupa dos argumentos do consulente que se vale de “várias comunicações, dadas por Espíritos diferentes, qualificando indistintamente as expiações e as provas, males e tribulações que formam o quinhão de cada um de nós, durante a encarnação na Terra. Resulta - segundo ele -, nesta aplicação de duas palavras, muito diversas da significação, a uma mesma ideia, certa confusão, sem dúvida pouco importante para os Espíritos desmaterializados, mas que, entre os encarnados, dá lugar a discussões, que seria interessante fazer cessar por uma definição clara e precisa e explicações fornecidas pelos Espíritos Superiores, e que fixasse, de modo irrevogável, este ponto da Doutrina”. Opina Allan Kardec: -“A distinção estabelecida pelo autor da nota, entre o caráter da expiação e o das provas é perfeitamente justa. Contudo não poderíamos partilhar de sua opinião no que concerne à aplicação desta teoria à situação do homem na Terra. A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde, com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá que recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência no primeiro; a segunda prova é, assim, uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se se conduzir bem, a pena é ao mesmo tempo uma expiação por sua falta, e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor, sua prova é nula e um novo castigo conduzirá a uma nova prova. Agora, se considerarmos o homem sobre a Terra, vemos que ele aí suporta males de toda sorte e, por vezes, cruéis. Esses males tem uma causa. Ora, a menos que se os atribua a um capricho do Criador, é-se forçado a admitir que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então tem sua fonte nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, as honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode-se dizer que é punido por onde pecou. Mas que dizer daquele que, após o nascimento, está a braços com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, quer uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista  do nosso correspondente, porque se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Assim, há que buscar alhures a solução da questão. Como todo efeito em uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo-se a Justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes o mal que sentimos é o castigo, a expiação, a maneira porque o suportamos é a prova. (...). Em resumo, se certas situações da vida humana tem, mais particularmente, o caráter de provas, outras, incontestavelmente, tem o de expiação, e toda expiação pode servir de prova”.



 Questão proposta pelo Cristiano, de Vera Cruz, SP: “ Se na época de Kardec era possível ser católico-espírita e protestante-espírita, pergunto: Atualmente isso seria possível?”

 Nós precisamos entender, Cristiano, que o Espiritismo, desde o seu surgimento há 165 anos, conseguiu sensibilizar pessoas que, embora já tivessem a própria religião, nelas não conseguiam encontrar uma explicação plausível para os fatos da vida – como os conflitos, as doenças, o sofrimento, a morte e as grandes diferenças entre os indivíduos. O que as religiões lhes diziam era que todos esses fatos se deviam unicamente à vontade de Deus. Com isso, as religiões encerram a discussão e não permitem ir além.

 A Doutrina Espírita vinha com uma proposta lógica, que unia a fé à razão, a religião à filosofia e à ciência, englobando o conhecimento humano numa única realidade. Mas a doutrina não vinha combater nenhuma religião; pelo contrário. O próprio Kardec afirmava que o Espiritismo é o maior auxiliar das religiões contra o materialismo, contra o ateísmo, porque comprova a imortalidade. Tais condições bastaram para que, de início, as mentes pensantes e que tinham o maior respeito pelas suas próprias crenças, adotassem explicações espíritas para sustentarem a própria fé.

  Nos seus primeiros anos – para não dizer “nas suas primeiras décadas” – o Espiritismo ainda estava se firmando na concepção das pessoas que o aceitavam no todo ou em parte. Muitas delas se afastaram de sua religião original e outras permaneceram numa zona de transição, sem uma definição clara e objetiva do que pretendiam, pois não é nada fácil para ninguém abandonar de repente uma crença tradicional da família para substitui-la por uma doutrina nova. Essa transição – quase sempre sofrida, cheia de conflitos de fé, tanto conflitos íntimos como conflitos com a família e com a sociedade - requer tempo, amadurecimento, interiorização de conceitos.

  É claro que essa situação, que aconteceu com mais forte razão, ao tempo de Kardec, ainda hoje se repete. Quantas pessoas vêm nos revelar os conflitos de fé em que muitas vezes se encontram? E por várias razões. Uma delas é o desconhecimento da doutrina por parte da maioria de seus frequentadores: sem conhecimento, o Espiritismo é visto de forma distorcida. E embora ele não combata nenhuma crença, Kardec coloca muito bem em sua obra, que ele vem para atender aqueles que não têm religião, como também os que, tendo uma religião, não estão satisfeitas com ela.

  Mas, o Espiritismo não se preocupa com essa questão, pois sabe muito bem que essa transição de um sistema de crenças para outro não é simples e muito menos fácil, porém natural. A maioria dos espíritas vieram de outras religiões e sabem muito bem do que estamos falando. Nas religiões em geral não encontramos a riqueza de conhecimentos que temos no Espiritismo. As pessoas não estão habituadas a ler e a estudar suas religiões: nelas, elas simplesmente creem e aceitam tudo passivamente, enquanto que no Espiritismo elas são estimuladas a pensar e tirar suas próprias conclusões. 

 Além do mais, como os centros espíritas não costumam arrastar ninguém para a doutrina e insiste apenas na vivência do amor ensinado por Jesus, deixando as pessoas livres para pensar e tirar suas próprias conclusões, quem os frequenta, mesmo sendo de outra religião, se sente à vontade, e aproveita para estimular sua religiosidade com os fortes argumentos que o Espiritismo oferece.


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