faça sua pesquisa

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A VIDA NO MUNDO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A insuficiência de conhecimentos astronômicos da Antiguidade nas tentativas de explicar a origem de tudo durante o tempo em que se imaginava a Terra o centro do Universo, levaram os estudiosos a escalonarem os Céus, acomodando diversos graus de beatitude, sendo o último, a morada da suprema felicidade. Segundo a opinião mais comum, havia sete deles; daí a expressão “estar no Sétimo Céu”, para exprimir uma felicidade perfeita. Os muçulmanos admitem nove, em cada um aumentando a felicidade dos crentes. O astrônomo Ptolomeu que viveu na Alexandria, no Egito, contou onze, sendo o último chamado Empíreo, por causa da ofuscante luz que ali reinava. A Teologia Católica reconhece três Céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo o espaço onde se movem os astros; o terceiro, além da região dos astros, é a morada do Mais Alto, a região dos eleitos que contemplam ao Deus face a face, crença que levou a se dizer que São Paulo foi elevado ao Terceiro Céu. O surgimento do Espiritismo apresentou uma visão mais racional da questão ao dizer que a fim do período de ligação com o corpo físico, libera o chamado períspirito ou corpo espiritual para a reintegração no Mundo Espiritual de onde a individualidade saiu um dia para mais uma experiência reencarnatória. Aglutinam-se conforme os diferentes estados em que se desprendem do revestimento fisiológico. Observa-se que alguns não se afastam do meio em que viveram, enquanto outros se elevam a outros espaço ou mundo enquanto certos Espíritos culpados erram em regiões sombrias, constituindo também, diferentes moradas, não localizadas nem circunscritas, encaixadas nas “muitas moradas na Casa do Pai” referidas por Jesus aos seus seguidores mais próximos. Em interessante observação reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de junho de 1868, Allan Kardec explica: -“A quem quer que não conheça a verdadeira constituição do Mundo Invisível, parecerá estranho que Espíritos, segundo eles, seres abstratos, semi-materiais, indefinidos, sem corpo, sejam vítimas de sensação como a fome, por exemplo. O espanto cessa quando se sabe que esses mesmos Espíritos são seres como nós: tem um corpo, fluídico é verdade, mas que não deixa de ser matéria; que deixando o seu invólucro carnal, certos Espíritos continuam a vida terrena com as mesmas vicissitudes, durante um tempo mais ou menos longo. Isto parece singular, mas é; e a observação nos ensina que tal é a situação dos Espíritos que viveram mais a vida material que a espiritual, situação por vezes terrível, porque a ilusão das necessidades da carne se faz sentir, e se tem todas as angústias de uma necessidade impossível de saciar. O suplício mitológico de Tântalo, nos antigos, acusa um conhecimento mais exato do que se supõem, do estado do Mundo de Além-túmulo, sobretudo mais exato do que entre os modernos. Outra, contudo, é a posição dos que, desde essa vida, se desmaterializaram pela elevação de seus pensamentos e sua identificação com a vida futura. Todas as dores da vida corporal cessam com o último suspiro e logo o Espírito plana, radioso, no mundo etéreo, feliz com um prisioneiro livre de suas algemas. Quem nos disse isto? ´E um sistema, uma teoria? Alguém disse que deveria ser assim e se acredita sob palavra? Não; são os próprios habitantes do Mundo Invisível que o repetem em todos os pontos do Globo, para ensinamento dos encarnados. Sim, legiões de Espíritos continuam como na vida corporal com suas torturas e suas angústias. Mas quais? Os que anda estão muito presos à matéria para dela se destacarem instantaneamente. É uma crueldade do Ser Supremo? Não; é uma Lei da Natureza inerente ao estado de inferioridade dos Espíritos e necessária ao adiantamento; é um prolongamento misto da vida terrestre durante alguns dias, meses ou anos, conforme o estado mora dos indivíduos. (...). As evocações nos mostram uma porção de Espíritos que ainda se julgam deste mundo: suicidas, supliciados que não suspeitam que estão mortos e sofrem o seu gênero de morte; outros que assistem ao próprio enterro, como ao de um estranho; avarentos que guardam seus tesouros, soberanos que julgam mandar ainda e ficam furiosos por não serem obedecidos; depois de grandes naufrágios, náufragos que lutam contra o furor das ondas; depois de uma batalha, soldados que se batem e, ao lado disto, Espíritos radiosos, que nada mais tem de terrestres e são para os encarnados o que a borboleta é para a lagarta. Pode-se perguntar para que serve as evocações, quando nos dão a conhecer, até nos mínimos detalhes, esse mundo que nos espera a todos ao sairmos deste? É a Humanidade encarnada que conversa com a Humanidade desencarnada; o prisioneiro que fala com o homem livre. Não, por certo, elas para nada servem ao homem superficial que nisto só vê um divertimento; elas não lhe servem mais que a física e a química recreativas para sua instrução. Mas para o filósofo, o observador sério, que pensa no amanhã da vida, é uma grande e salutar lição; é todo um mundo novo que se descobre; é a luz atirada sobre o futuro; é a destruição dos preconceitos seculares sobre a alma e a vida futura; é a sanção da solidariedade universal que liga todos os seres. Dirão que se pode estar enganado. Sem dúvida, como se o pode sobre todas as coisas, mesmo as que se vê e se toca. Tudo depende da maneira de observar”.



Todo mundo sabe que Jesus trouxe o verdadeiro significado do amor ao mundo. Desde os primeiros cristãos se fala nisso e ninguém duvida. Tivemos o exemplo de muitos cristãos, homens santos e devotados ao bem, que deram exemplo de abnegação e amor. Por que precisaria do Espiritismo para lembrar de novo essa mensagem, se ela já existia?

 Pergunta semelhante foi feita por Kardec, caro ouvinte, conforme questão 627 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Vamos ler a questão formulada por Allan Kardec  aos instrutores espirituais:  “Visto que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensinamento dado pelos Espíritos? Terão a nos ensinar alguma coisa a mais?”

 Antes de ler a resposta dos Espíritos, vamos nos reportar ao evangelho de João, quando Jesus, se dirigindo aos discípulos, disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos e eu pedirei a meu Pai e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente com vós: o Espírito da Verdade, que o mundo não pôde receber, porque não o vê e não o conhece.”

 “Mas, quanto a vós – continuou Jesus – conhecê-lo-eis porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas, o consolador que o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará TODAS AS COISAS e fará relembrar de tudo quanto vos tenho dito”.

 Há dois pontos importantes que merecem ser destacados nessa fala de Jesus. Primeiro, quando ele recomenda “guardar os seus mandamentos”.  Ora, guardar aqui não quer dizer manter fechado num lugar seguro, mas quer dizer aplicar esses mandamentos na vida, adotá-los como norma de conduta uns diante dos outros no dia a dia, principalmente diante dos inimigos.

 Não quer dizer também apenas e tão somente devotar a vida a orações, cultos e louvores, a celebrações e glorificações por meio de práticas exteriores, mas, sim, vivenciar a lei do amor na convivência com o próximo, de forma a dar testemunho de que realmente acredita na vida eterna e naquilo que ele ensinou, pois vivenciar o amor não é tirar vantagens e buscar recompensas materiais. Muitas vezes, e o contrário de tudo isso.

 Em segundo lugar, quando Jesus se refere ao consolador ou Espírito da Verdade ou – ainda, Espírito Santo ou Santo Espírito - Jesus estará se referindo àquele que vem em nome de Deus, não só para relembrar o que ele (Jesus) já havia dito ( pois muito do que disse certamente seria esquecido), mas ensinar outras coisas que ele não podia dizer naquela época, pois o povo não estava preparado para compreender. Desse modo, quem veio preencher esses quesitos, que Jesus prometeu, foi a Doutrina Espírita, através do ensino dos Espíritos.

 Voltando à questão formulada, portanto, que pergunta o porquê do Espiritismo retomar Jesus e se aprofundar no ensino de sua doutrina, os instrutores responderam na questão 627:  “A palavra de Jesus era frequentemente alegórica e em parábolas, porque ele falava segundo os tempos e lugares. É necessário, agora, que a verdade seja compreensível para todo mundo. É preciso bem explicar e desenvolver essas leis, uma vez que há pouca gente que as compreende e ainda menos gente que as pratica”.

E completam os Espíritos, respondendo a Kardec: “Nossa missão é impressionar os olhos e os ouvidos para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas, aqueles que tomam a aparência da virtude e da religião para ocultar suas torpezas. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e inequívoco, a fim de que ninguém possa alegar ignorância e cada pessoa possa julgá-lo e apreciá-lo com sua razão. Estamos encarregados de preparar o reino do bem anunciado por Jesus. Por isso não é preciso que cada um interprete a lei de Deus ao capricho de suas paixões, nem deturpe o sentido de uma lei toda de amor e caridade”.
















Nenhum comentário:

Postar um comentário