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terça-feira, 19 de maio de 2020

QUANDO A CONSCIÊNCIA SE ILUMINA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


Objetivo final da caminhada do Ser, a evolução espiritual é um processo lento e difícil. Tanto maior quanto, em suas reencarnações, mais próximo está o Espírito das faixas primárias. E, voltar ao corpo sucessivas vezes é uma ideia abominada pela maioria, ignorante quanto a sua finalidade. O próprio Allan Kardec confessa que diante das revelações apresentadas pelos Espíritos sobre a reencarnação, preferiu ser cauteloso. Escreveu ele: -“Foi assim que procedemos com a doutrina da reencarnação, que não adotamos, embora vinda dos Espíritos, senão depois de havermos reconhecido que ela só e só ela, podia resolver aquilo que nenhuma filosofia jamais havia resolvido”. Durante muitas das experiências no corpo físico, prevalecem os instintos, reflexos que nos fazem buscar saciar predominantemente as necessidades de sensações nos campos do estomago e do sexo. A consciência de si mesmo é fruto de inúmeras passagens pelo chamado Plano Material, estágio estimado por Kardec talvez só após a centésima ou milésima encarnação”, analogamente ao que “ se dá com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. Quando fixados valores mais significativos no âmbito dessa consciência, passa a individualidade a interferir na formatação das existências futuras. Exemplo disso nos é oferecido por matéria incluída na pauta da REVISTA ESPÍRITA de julho de 1863, sob o título Uma Expiação Terrestre. Refere-se a morte em 1850, numa aldeia da Baviera – hoje, um dos Estados da Alemanha -, de um velho quase centenário, conhecido como Pai Max. Ninguém sabia, ao certo, sua origem, pois não tinha família. Durante mais de meio século, abatido por enfermidades que o impossibilitavam de ganhar a vida pelo trabalho, não tinha outro recurso senão a caridade pública, que dissimulava indo vender em fazendas e castelos, almanaques e pequenos objetos. Tinham-lhe dado o apelido de Conde Max e as crianças o chamavam Senhor Conde, com o que sorria sem se formalizar. Por que tal título? Ninguém saberia dizer: já era hábito. Talvez pela sua fisionomia e maneiras, cuja distinção contrastava com seus trapos. Vários anos após sua morte, apareceu em sonho à filha do dono de um dos castelos, onde era hospedado na cavalariça, pois não tinha domicílio. E lhe disse: -“Obrigado por terdes lembrado do pobre Max em sua preces, pois foram ouvidas pelo Senhor. Desejais saber quem sou eu, alma caridosa que vos interessastes pelo infeliz mendigo? Vou satisfazer-vos. Será para todos uma grande instrução”. E contou: “-Um século e meio antes era um rico e poderoso senhor desta região, mas vão, orgulhoso e enfatuado de minha nobreza. Minha imensa fortuna jamais serviu senão para os meus prazeres, e apenas bastava, porque era jogador, debochado e passava a vida em orgias. Meus vassalos, que julgava criados para meu uso como animais de fazenda, eram oprimidos e maltratados para contribuir para as minhas prodigalidades. Ficava surdo às suas lamentações, como às de  todos os infelizes e, em minha opinião, deviam sentir-se honrados de servir aos meus caprichos. Morri em idade pouco avançada, esgotado pelos excessos, mas sem haver experimentado nenhuma verdadeira desgraça”. Segue contando que objeto de funerais suntuosos, apesar dos lamentos dos vivedores como ele, nem uma lágrima caiu em sua sepultura, nem uma prece de coração subiu a Deus por ele e sua memória, amaldiçoada por todos aqueles cuja miséria havia agravado. O tempo calculado em vários anos, impôs-lhe padecimentos atrozes, vendo-se à frente de suas ameaçadoras vítimas quando da morte de cada uma delas. Os que se lhe diziam amigos, fugiam, parecendo dizer com desdém: - Não podes mais pagar nossos prazeres.  Fatigado, sem ver termo a sua rota, exclamou: Meu Deus tende piedade de mim!”. Então, uma voz, a primeira que ouvia desde que deixou a Terra, lhe disse que seu sofrimento se interromperia quando se arrependesse e humilhasse diante daqueles que humilhou, pedindo que intercedessem por ele, porque a prece do que perdoa é sempre agradável a Deus. Efetivamente, suas ações fizeram com que os rostos de suas vítimas fossem desaparecendo um a um. Alguns anos depois, nasceu de novo, mas desta vez em família de pobres camponeses. Órfão criança, ficou só, sem apoio, ganhando a vida como pode, ora como trabalhador, ora como criado, sempre honestamente. Aos quarenta anos, uma doença o tornou entrevado de todos os membros e teve de mendigar por mais de cinquenta anos nas mesmas terras das quais tinha sido senhor absoluto; que receber um pedaço de pão nas fazendas que tinham sido suas e onde, por amarga ironia, o tinham apelidado Senhor Conde, sentindo-se feliz com um abrigo nas cavalariças do castelo que fora seu, sonhando muitas vezes, percorrendo o castelo, o meio e sua antiga fortuna, visões que lhe deixavam ao despertar, indefinível sentimento de amargura e pesar.


 Um leitor levantou uma dúvida a respeito do funcionamento dos velórios, dizendo o seguinte: “Com todos os cuidados que estão tomando hoje para evitar o contágio do coronavirus, os velórios também foram atingidos para evitar aglomerações. Agora existem algumas regras que dificultam a presença das pessoas que vão aos velórios. Não pode ser mais toda aquela gente que comparecia, amigos, parentes e conhecidos.
 “Ficou uma situação meio esquisita - continua; isso sem contar os casos em que nem pode haver velório por causa do perigo do contágio. Será que essas medidas, do ponto de vista espiritual, podem trazer prejuízo às pessoas que estão desencarnando neste período e que gostariam que seus velórios fossem visitados por todos seus amigos?  Essa restrição de horário não atrapalha a desencarnação do Espírito?
 A colocação nos leva a uma oportuna reflexão. Evidentemente não temos a pretensão de ter todas as respostas, mas podemos teorizar sobre a questão, já que contamos, nas obras espíritas, com várias considerações sobre o processo de desencarnação. A regra geral, que podemos aplicar a todos os Espíritos, é que, na passagem para o mundo espiritual, o que mais conta é a condição moral do desencarnante. Isso quer dizer em linhas gerais que, quanto mais desapegado das coisas materiais, mais fácil e rápido é o processo de desencarnação.
 Quando falamos de “desapego”, estamos nos referindo à postura da pessoa que já não valoriza tanto as condições que a prendem ao mundo material, seja na questão de dinheiro, propriedades, títulos, reputação ou qualquer privilégio social. Quem está muito preso a esses valores passageiros, quem dá mais valor aos seus bens materiais do que às pessoas, quem centraliza seus interesses no acúmulo de riquezas, buscando apenas vantagens e privilégios, é justamente quem mais faz questão de ser notado, e é quem mais sofre ao ter que deixa tudo isso, quando parte deste mundo.
 Por outro lado, aqueles que já conseguiram vencer essa dependência, que são capazes de pensar e agir em benefício do próximo, que se esforçam por amar seus familiares e principalmente por perdoar aqueles que os ofenderam, que sabem valorizar as pessoas pelo que elas são e não pelo que elas têm, que não se reconhecem superiores a ninguém, que procuram fazer bem e superar seus defeitos – ou seja, aqueles que já adquiriram maturidade espiritual para saber que o bem e o amor estão acima de tudo  - esses, com certeza, seja qual for gênero de morte que experimentarem, e qualquer que seja a condição de seu velório, terão uma desencarnação tranquila e partirão justificados deste mundo.
 O velório, na experiência do Espírito que atingiu um certo nível de compreensão da vida, é apenas rápido momento de despedida, que servirá mais à necessidade dos encarnados que o amam – sobretudo os familiares que aqui ficam – do que a ele mesmo, já que completou sua vida com um saldo positivo de sentimentos e realizações, e está sendo recebido por amigos espirituais. Contudo, caso se trate de uma pessoa que valorize excessivamente esse momento – ou melhor, alguém que ainda esteja muito preso aos privilégios, concessões e reconhecimento terrenos – o velório pode ser para ela uma decepção.
 No livro OBREIROS DE VIDA ETERNA, de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, encontramos cinco casos de desencarnação relatados pelo autor. É interessante ler essa obra – e, para os que já a leram, relê-la – pois ali encontramos importantes apontamentos a respeito dessa passagem a que todos seremos submetidos, mais cedo ou mais tarde. Os acontecimentos da vida, todos eles – mas, neste caso em particular,  as medidas impostas para a restrição dos velórios – têm sua razão de ser. Precisamos aprender com isso. Não devemos perder a oportunidade de observar melhor a marcha da sociedade e, sobretudo, de nos observar melhor, pois situações como esta sempre nos têm algo de muito importante a nos ensinar.

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