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domingo, 3 de maio de 2020

A RESPONSABILIDADE MORAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 “Se um homem cometeu um crime, e se o tiver consumado seduzido pelos conselhos perigosos de um homem que sobre aquele exerce muita influência, a Justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos conselhos perniciosos provocaram o crime, e, mesmo sem ter contribuído de outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência sobre um Ser fraco, que o fez executar. Se é o que fazem os homens neste caso, diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame que o impeliu a cometer o crime, como queríeis que Deus, que é a mesma justiça, não fizesse o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim?”. A comparação foi utilizada pelo Espírito Louis Nivard em mensagem psicografada em reunião da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e reproduzida na edição de setembro de 1867, da REVISTA ESPÍRITA. Na verdade, procurava esclarecer ao filho – por sinal o médium de que se serviu -, sobre a responsabilidade assumida por aquele que age sob a influência de Espíritos desencarnados. Nivard explica: -“Assisto a todas as tuas conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha presença, mas eu não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma chance de se apresentar, que faz surgir em ti os pensamentos adequados à resolução das dificuldades que poderiam suscitar. Aí está o livre arbítrio; é o exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que cria em si mesmo. Efetivamente, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores do que se fossem o inteiro resultado do livre-arbítrio, isto é, de atos realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes o homem tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais fazê-lo em virtude do vosso próprio movimento: vosso livre arbítrio fica intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito existem, mas, repito, não existem no mesmo grau(...). Tentando simplificar ainda mais, Nivard acrescenta: -“Assim, pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro assunto; quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram; quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que sejam  Espíritos que te ditam teus pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse exercício intelectual, ao qual te entregas; seu prazer é duplo, quando percebem que tuas conclusões são conforme à verdade. Por vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse exercício quer para facilitá-lo, quer para dar ao Espírito alguns elementos, ou lhe criar certas dificuldades, a fim de tornar essa ginástica intelectual mais proveitosa a quem a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito Protetor, que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua influência”.



 Eis a solicitação que, há tempos, nos acompanha: “Sou católica e aprendi, desde criança, que foi Jesus quem instituiu o ato da eucaristia que é o momento da comunhão na missa, quando ele mandou que seus apóstolos comessem do pão que era seu corpo e do vinho que era seu sangue. Gostaria de saber como que o Espiritismo trata essa questão.
 Contava Chico Xavier que, quando criança, participava das missas em sua cidade e, como dotado de faculdades mediúnicas, percebia muita coisa do mundo espiritual que acontecia na igreja. Na hora da comunhão, por exemplo, ele via pessoas, especialmente senhoras, que irradiavam luzes muito brilhantes da boca, quando recebiam a hóstia das mãos do padre. Esse fenômeno, entretanto, não acontecia com todos que comungavam, o que levou o Chico a concluir mais tarde, quando conheceu o Espiritismo, que aquelas senhoras estavam realmente compenetradas do valor espiritual daquele ato e que as luzes partiam delas.
 Queremos dizer, portanto, que a Doutrina Espírita respeita todas as formas de reverência com que as igrejas se ligam com Jesus, porque o que realmente vale no ato é o sentimento que anima as pessoas, é sua fé, sua devoção, ou seja, a nobreza de seu coração.  Contudo, no Espiritismo não existem rituais nem cerimônias de qualquer gênero, uma vez que os espíritas entendem que o amor por Jesus, na sua essência, está no coração das pessoas, como no caso daquelas senhoras, e não no propriamente no ritual em si.
 Todavia, não foi Jesus quem instituiu esse cerimonial? – você pergunta. Na verdade, o episódio em que Jesus compara o pão ao seu corpo e o vinho ao seu sangue decorre dos costumes e da cultura daquele povo e naquela época, quando as pessoas decidiam fazer seus pactos entre si, inclusive de fidelidade a uma causa.  Pacto era um acordo, um compromisso que não deveria ser esquecido e que, portanto, exigiam certos cuidados para que fossem cumpridos.
 Aliás, esse costume de fazer pactos não era apenas do povo hebreu ao qual Jesus pertencia; um dos pactos mais conhecidos na história dos vários povos da antiguidade é o chamado “pacto de sangue”, do qual certamente você já ouviu falar e que também consiste num ritual.  Assim, era comum na época que, quando pessoas entrassem num acordo e assumissem um compromisso entre si, elas passavam por um ritual que selava o acordo, do mesmo modo que hoje nós utilizamos um contrato escrito e muitas vezes registrado em cartório para dar garantia e cunho de veracidade.
 Ora, Jesus era judeu e conversava com seus apóstolos, que também eram judeus e integravam a cultura daquele povo, muito ligado a rituais. Para que dessem continuidade ao trabalho de evangelização – era isso que Jesus pretendia – ele resolveu selar um acordo com eles e utilizou desse ritual do pão e do vinho, simbolizando o compromisso, a fim de que não esquecessem desse momento tão importante. Esse episódio aconteceu ao final da ceia ( a chamada Santa Ceia) que antecedeu sua prisão e sua crucificação.
 Naquele momento, portanto, era importante que o pacto fosse feito entre Jesus e os apóstolos, e nos moldes que se faziam pactos entre os costumes daquele povo, pois os pactos costumam ser respeitados.  Hoje, em pleno século XXI, não vemos mais necessidade de recorrer a esse meio, pois temos outros instrumentos bem mais práticos pelos quais podemos selar nossos acordos, inclusive com Deus. Se Jesus recorreu a um pacto, certament6e ele sabia bem o que estava fazendo, pois conhecia a importância desses rituais que faziam parte dos costumes da época.
Para nós, que vivemos no século XXI, como dissemos, e que nos dizemos cristãos, o verdadeiro pacto não está mais no ritual em si, mas na disposição íntima de cada um ao  empregar o máximo esforço possível para se aproximar do ideal de Jesus. Com toda certeza, conforme ele próprio afirmou, Jesus está presente no coração das pessoas de bem, que aprenderam ou estão aprendendo a amar o próximo, seguindo assim seus ensinos. Desse modo, cada um de nós, se quiser e quando quiser, pode fazer seu pacto com Jesus agora mesmo, em qualquer hora ou lugar, no próprio coração, desde que decidido a seguir seus conselhos quanto ao modo de conviver com o próximo.
 

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