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sexta-feira, 20 de maio de 2022

OS CONVULSIONÁRIOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Anualmente, por ocasião das celebrações da chamada Semana Santa, os meios de comunicação de massa, veiculam imagens de pessoas que em nome da religião impõem-se flagelações, muitas repetindo os sofrimentos vivenciados por Jesus, conforme as narrativas dos textos preservados no livro conhecido como Novo Testamento. Embora nas Filipinas e alguns países do sudeste asiático destaquem-se o maior e mais diversificado numero de imagens, a verdade é que os fatos se repetem em menor intensidade em outras partes do mundo. Entre os séculos 18 e 19, em algumas regiões da França, os fatos eram observados em algumas correntes remanescentes do movimento iniciado no século 17, pelo bispo holandês Cornélius Jansen. No número da REVISTA ESPÍRITA de maio de 1860, Allan Kardec publicou um artigo com o título Uma Convulsionária, em que explica que uma série de circunstâncias, permitiram contato com a filha de uma das principais convulsionárias da localidade Saint-Medárd, situada nas imediações da cidade de Bordeaux, o que possibilitou recolher sobre essa espécie de seita algumas informações específicas. Comenta Kardec não haver nada de exagero no que se relata sobre as torturas a que voluntariamente se submetiam os fanáticos, algumas das quais, denominadas “grandes socorros”, consistindo em sofrer a crucificação e todos os sofrimentos da denominada Paixão do Cristo. O Espírito da pessoa em referência, falecera em 1830, todavia, ainda conservava nas mãos os furos feitos pelos pregos que haviam sido utilizados para suspendê-la à cruz, e,ao lado, traços dos golpes de lança que haviam recebido. Enquanto encarnada, escondia cuidadosamente esses estigmas do fanatismo, sempre tendo evitado explica-los aos filhos. Conhecida na história das convulsionárias como Françoise, conversou com Kardec na presença de sua filha que desejava o encontro, tendo sido suprimidas das 23 perguntas do diálogo mantido, particularidades íntimas, por não interessarem a estranhos, embora se constituindo para aquela que a conheceu de perto, uma incontestável prova de identidade. Revelando “há muito desejar aquele contato por apreciar os trabalhos de Kardec, a despeito do que ele podia pensar de suas crenças”; confirmou que “acompanhava a filha ali presente”; informando que “era e não era feliz como Espírito, por sentir que poderia ter feito melhor”, ciente de que “Deus levava em conta sua ignorância”. Questionada se as torturas a que se submeteu a elevaram e, tornaram espiritualmente, mais feliz, explicou que “não lhe fizeram mal, mas não a avançaram como inteligência” e se aquilo lhe foi levado à conta de mérito, disse haver n' O LIVRO DOS ESPÍRITOS um item – parágrafo 726 -, que dá a resposta geral, “sendo ela apenas uma pobre fanática”. Sobre o objetivo das convulsionárias, disse ser “geralmente pessoal, tendo ocultado suas atividades dos filhos, porque compreendia, vagamente, não ser aquele o verdadeiro caminho”. Kardec destaca que nesse ponto, “o Espírito da mãe respondeu por antecipação ao pensamento da filha, que desejava perguntar por que, em vida, tinha evitado falar disso aos filhos”. A respeito da causa do estado de crise das convulsionárias, explicou ser “uma disposição natural e super-excitação fanática, jamais desejando que seus filhos fossem arrastados por essa rampa fatal, que hoje melhor reconhece como tal” e que os fenômenos produzidos entre as convulsionárias tinham muita analogia com certos fenômenos sonambúlicos como a penetração do pensamento, a visão à distância, a intuição de línguas desconhecidas, revelando que “muitos sacerdotes magnetizavam, sem o consentimento das pessoas”. Sobre a origem das marcas e cicatrizes que tinha nas mãos e outras partes do corpo, falou “serem pobre troféus de suas vitórias, que a ninguém serviram, por vezes, excitando paixões”. Em observação à essa resposta, Kardec comenta: -“Parece que nas práticas convulsionárias passavam-se coisas de grande imoralidade, que haviam revoltado o coração dessa senhora e, mais tarde, quando acalmada a febre fanática, a fizeram tomar aversão por tudo quanto recordava o passado. É sem dúvida uma das razões que a levaram a não falar do assunto a seus filhos”. Depois abordar outros ângulos do fenômenos envolvendo-a, pergunta Kardec se ela ficaria contrariada se ele publicasse a conversa na REVISTA, obtendo como resposta: - “Não. É necessário que mal seja divulgado”.


Gostaria de saber se uma desgraça que acontece com uma pessoa – por exemplo, uma morte violenta - está prevista antes de essa pessoa encarnar; e se essa desgraça foi causada por alguém, se também estava previsto que esse alguém cometeria esse crime. (Nelson Carvalho)


Não podemos duvidar da lei de causa e efeito. É uma lei da natureza tão evidente, que ela se mostra aos nossos olhos todos os dias e a cada momento. Não há efeito sem causa e não há um só ato, por mais insignificante nos pareça, que não venha a ter um efeito qualquer, agora ou depois, cedo ou tarde. Logo, tudo obedece à lei de causalidade, ainda que nós – seres humanos limitados – não tenhamos condições de desvendar certos acontecimentos.


Entretanto, nem tudo é tão simples quanto possa parecer à primeira vista. O que acontece para uma pessoa pode ter uma série de causas anteriores, mas pode ter também causas atuais. Algumas coisas de mal ela consegue evitar, outras não. Mas, antes de reencarnar o Espírito já tem um caminho mais ou menos traçado; é um plano, que pode ser mais ou menos cumprido, dependendo de como ele vai se conduzir na vida. Há muitas formas de andar por esse caminho e isso depende da escolha de cada um. O que depende da vontade, como disseram os Espíritos a Kardec, não pode ser fatalidade; logo, não está determinado.


Um Espírito, ao reencarnar, pode saber das dificuldades do caminho, a que riscos e a que tentações estará exposto. Mas, antes de caminhar, ele não sabe como será o seu desempenho. Se tiver tendência para o crime, com certeza, correrá risco em cometer o crime, se não souber direcionar bem sua vida. Desse modo, um crime não está previsto, mas pode acontecer que um individuo venha a matar outro que fora seu adversário ou desafeto em encarnação anterior, dependendo da forma como percorreu seu caminho. Há sempre probabilidades, maiores ou menores, para o cometimento dos atos humanos, mas nunca absoluta certeza.


Igualmente para quem sofre. Aquele que é vítima de um atentado e que venha a perecer por ele é um Espírito que corre esse risco: ou porque fez por merecê-lo ou porque escolheu, ele próprio, esse caminho, como experiência para um futuro melhor. A morte trágica pode estar em seu caminho, mas isso nem sempre quer dizer que ele terá de experimentá-la: isso depende de muitas circunstâncias, inclusive dele próprio. Não podemos conceber que os atos de violência e crueldade estejam todos previstos. Se assim fosse, de nada valeria o nosso livre-arbítrio, pois, então, não teríamos poder para melhorar a vida, regenerar e aperfeiçoar.




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