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segunda-feira, 27 de maio de 2024

RECORDAÇÃO DE UMA VIDA ANTERIOR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A REVISTA ESPÍRITA de julho de 1860, incluiu em sua pauta uma matéria resultante de uma evocação havida na reunião da Sociedade Espírita de Paris, motivada por uma carta enviada à publicação por um dos assinantes que, por sua vez, questionava Allan Kardec sobre as informações de um amigo que lhe escrevera expressando sua opinião sobre sua convicção sobre “a presença ou não, junto à nós, das almas dos que amamos”. Para justificá-la, expõem: -“Por mais ridículos que pareça, direi que minha convicção sincera é a de ter sido assassinado durante os massacres de São Bartolomeu. Eu era muito criança quando tal lembrança veio ferir-me a imaginação. Mais tarde, quando li essa triste página de nossa História, pareceu que muitos detalhes me eram conhecidos, e ainda creio que se a velha Paris fosse reconstruída eu reconheceria essa velha aleia sombria onde, fugindo, senti o frio de três punhaladas dadas pelas costas. Há detalhes desta cena sangrenta em minha memória e jamais desapareceram. Porque tinha eu essa convicção antes de saber o que tinha sido o São Bartolomeu? Porque, lendo o relato desse massacre eu me perguntei: é sonho, esse sonho desagradável que tive em criança, cuja lembrança me ficou tão viva? Por que, quando quis consultar a memória, forçar o pensamento, fiquei como um pobre louco ao qual surge e que parece lutar para lhe descobrir a razão? Porque? Nada sei. Certo me achareis ridículo, mas nem por isso guardarei menos lembrança, a convicção. Se dissesse que tinha sete anos quando tive um sonho assim: Eu tinha vinte anos, era um rapaz bem posto, parece que rico. Vim bater-me em duelo e fui morto (...). Às vezes me parece que um clarão atravessa essa névoa e tenho a convicção de que a lembrança do passado se restabelece em minh’alma”. O missivista “reafirma sua certeza da ligação entre pessoas simpáticas, a despeito da distância e relata uma experiência ocorrida com ele nas imediações de Lima, no Peru, em que em determinada hora e dia, foi acometido de forte dor no peito, a mesma hora em um seu irmão, na França, teve um ataque de apoplexia que lhe comprometeu gravemente a vida”. Oficial da Marinha, constantemente viajando, o autor das experiências, teve seu anjo da guarda evocado na reunião daquele dia, oferecendo entre as respostas por ele dadas, ponderações interessantes: Primeiro, que o motivo de sua evocação “não se tratava de satisfazer uma vã curiosidade, mas de constatar, se possível, um fato interessante para a ciência espírita, o da recordação de sua vida anterior ; segundo que a lembrança de sua morte em vida anterior, não era uma ilusão mas uma intuição real; terceiro que embora essa lembranças sejam muito raras, se devem um pouco ao gênero de morte que de tal modo o impressionou que está, por assim dizer, gravado em sua alma; quarto que depois dessa morte no São Bartolomeu não teve outras existências; quinto que tinha 30 anos quando de sua morte; sexto, que era ligado à casa de Coligny; sétimo, ter ocorrido seu homicídio no cruzamento de Bucy; oitavo, que a casa onde morreu não existe mais; nono, que não era personagem conhecido na história por ter sido um simples soldado de nome Gaston Vincent e, finalmente, décimo, que o comunicante foi àquela época seu anjo da guarda e continuava a sê-lo”. Em observação sobre o caso, Kardec acrescenta:-“ Céticos, mais trocistas que sérios, poderiam dizer que o anjo da guarda o guardou mal e perguntar por que não desviou a mão que o feriu. Embora tal pergunta mereça apenas uma resposta, talvez algumas palavras sejam úteis. Para começar diremos que, se o morrer pertence à natureza humana, nenhum anjo da guarda tem o poder de opor-se ao curso das Leis da Natureza. Do contrário, razão não haveria para que não impedissem a morte natural, tanto quanto a acidental. Em segundo lugar, estando o momento e o gênero de morte no destino de cada um, é preciso que se cumpra.



Uma ouvinte pediu que tratássemos este caso com muita discrição. Ela disse o seguinte: “Tenho dois casos extremos na minha família e dos dois de pessoas idosas. Ainda bem que elas não moram na mesma casa. Uma delas pessoa só vive se lamentando com pena de si mesma; para ela nada está bom. A outra que vive revoltada dizendo que não merecia viver, que Deus bem poderia tirá-la deste mundo. Difícil conviver com pessoas assim, porque elas transmitem muita angustia pra gente.”

Você tem razão; é muito difícil, conviver com pessoas que se rejeitam e com pessoas que sentem piedade de si mesmas. Mas é preciso entender, prezada ouvinte, que elas não estão na sua família por acaso: alguma coisa você tem de fazer por elas. É claro que as duas são doentes, doentes da alma. Se elas forem examinadas por um psiquiatra, com certeza, serão consideradas como portadoras de transtornos emocionais, que requerem tratamento.

A autorrejeição – que é o fato de a pessoa rejeitar a si mesma - é um problema grave, que tira o prazer de viver e, às vezes, pode levá-la a desistir da vida. É uma dor amarga e desconfortável, própria de quem atingiu uma idade avançada e teve muitas decepções na vida. As enfermidades da alma costumam se instalar com o passar dos anos, decorrentes de vícios de comportamento. Muitas vezes, ela decorre de uma série de situações, em que a pessoa deveria ter tomado uma atitude e não tomou; e agora ela se sente culpada por isso.

Por outro lado, a família – que hoje atura sua revolta – o que faz para ajudá-la? Na mais das vezes, só critica seu comportamento e a também a rejeita, o que complica mais ainda esse quadro. Você sabe que não é assim que ajudamos uma pessoa a recuperar sua autoestima. É bem provável que a família também não esteja preparada. Mas é por isso que precisamos procurar ajuda.

Não queremos dizer que toda a culpa está na família. Não é isso. Estamos afirmando, apenas, que a família sempre pode fazer algo para ajudar, como buscar o amparo da religião ou mesmo de um profissional. Todos nós precisamos de ajuda para preservar nossa saúde espiritual. É o que Espiritismo oferece, quando a família busca suas orientações. Uma coisa é certa: quando um doente dessa natureza surge e a família procura ajuda, todo mundo aprende.

Autopiedade, cara ouvinte, também é um sintoma de enfermidade da alma. Há Espíritos que se sentem derrotados, porque não sabem ou nunca souberam reagir às situações desconfortáveis. Acham que são fracos e impotentes, que estão abandonados por Deus, nada lhes restando senão entregar-se à própria sorte, como se nada restasse a fazer senão lamentar. Elas precisam saber que nada acontece por acaso e que não injustiça na Lei de Deus. A sua situação, na maioria das vezes, decorre sua acomodação, de sua inoperância, aliadas às culpas do passado.

Nesses casos, os membros da família deveriam mudar a postura diante dessas pessoas enfermas. Se continuarem mantendo a mesma atitude de rejeitar o doente, não ajudarão, mas complicarão mais ainda a sua situação Podem buscar orientação na Doutrina Espírita que tem para elas algumas recomendações muito oportunas, até porque essas pessoas não estão nessa família por acaso e, se elas estão dando trabalho, é porque a família deve ter um compromisso muito sério com elas e precisa ajudá-las.



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