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sábado, 11 de maio de 2024

SUPRESAS DA MEDIUNIDADE ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Poeta épico grego, ao qual se atribui a autoria de ODISSÉIA e ILÍADA, Homero, ainda na atualidade é tema de polêmicas acaloradas por parte dos estudiosos de sua vida e obra. Pois, na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1860, encontramos interessante matéria onde Allan Kardec apresenta o resultado de interessante comunicação em forma de diálogo estabelecido através de dois médiuns avaliados por ele como confiáveis - até pelo seu nível cultural. Comunicação obtida espontaneamente e sem que o médium de forma alguma pensasse no poeta grego, provocou diversas perguntas. Vejamos alguns trechos da interessante conversa: -“ Passei a juventude nos alagados de Mélès; banhei-me e embalei-me muitas vezes em suas ondas. Daí por que, na minha juventude, eu era chamado de Melesigênio.” 1. Sendo este nome desconhecido, rogamos ao Espírito que se dignasse explicá-lo de maneira precisa. Resp. – Minha mocidade foi embalada nas ondas; a poesia me deu cabelos brancos. Sou eu a quem chamais Homero. Observação – Grande foi a nossa surpresa, pois não fazíamos nenhuma ideia do sobrenome de Homero; depois o encontramos no dicionário mitológico. Continuamos as perguntas. 2. Poderíeis dizer a que devemos a felicidade de vossa visita espontânea? Não pensávamos absolutamente em vós neste momento, pelo que vos pedimos perdão. Resp. – É porque venho às vossas reuniões, como se vai sempre aos irmãos que têm em vista fazer o bem. 4. Os poemas da ILÍADA e da ODISSÉIA, que temos, são exatamente os que compusestes? Resp. – Não; foram modificados. 5. Várias cidades disputaram a honra de vos ter sido o berço. Poderíeis esclarecer-nos a respeito? Resp. – Procurai a cidade da Grécia que possui a casa do cortesão Clénax. Foi ele quem expulsou minha mãe do lugar de meu nascimento, porque ela não queria ser sua amante; assim, sabereis em que cidade eu nasci. Sim, elas disputaram essa suposta honra, mas não disputavam por me haverem dado hospitalidade. Oh! eis os pobres humanos; sempre futilidades; bons pensamentos, jamais!”. Analisando o depoimento, Allan Kardec observa: - “O fato mais importante desta comunicação é a revelação do sobrenome de Homero; e é tanto mais notável quanto os dois médiuns, que deploram a insuficiência de sua instrução – o que os obriga a viver do trabalho manual – não podiam ter a menor ideia a respeito. E tanto menos se pode atribui-lo a um reflexo qualquer do pensamento, considerando-se que no momento estavam sós. A respeito, faremos outra observação: Está provado, para todo espírita, mesmo para os menos experientes, que se alguém soubesse o sobrenome de Homero e, numa evocação, como prova de identidade, lhe pedisse para o revelar, nada obteria. Se as comunicações não passassem de um reflexo do pensamento, como não diria o Espírito aquilo que sabemos, enquanto ele próprio diz aquilo que ignoramos? É que ele também tem a sua dignidade e a sua susceptibilidade e quer provar que não está às ordens do primeiro curioso que apareça. Suponhamos que aquele que mais protesta contra o que chama capricho ou má vontade do Espírito, se apresente numa casa declinando o nome. Que faria, se o acolhessem e lhe pedissem à queima-roupa que provasse ser ele mesmo? Voltaria as costas. É o que fazem os Espíritos. Isto não quer dizer que se deva crer sob palavra; mas quando se querem provas de identidade, é necessário que os tratemos com a mesma consideração que dispensamos aos homens. As provas de identidade fornecidas espontaneamente pelos Espíritos são sempre as melhores. Se nos estendemos tanto a propósito de um assunto que não parecia comportar tantas considerações, é que se me afigura útil não negligenciar nenhuma ocasião de chamar a atenção sobre a parte prática de uma ciência cercada de mais dificuldades do que geralmente se pensa, e que muitas pessoas julgam possuir porque sabem fazer bater uma mesa ou mover-se um lápis”.



A Bíblia conta que Deus nos criou para que a felicidade eterna. Mas Adão e Eva foram ingratos e traíram Deus. Por isso, perderam um paraíso de delícias para viver num mundo cheio de problemas e sofrimentos, como este. Acho que essa história tem um sentido, porque parece que quanto mais o homem quer melhorar o mundo do seu jeito, mais longe fica da felicidade... Acho que toda explicação para o nosso sofrimento está no pecado.


Não temos dúvida de que o mito de Adão e Eva tem um sentido elevado.Todas as formas que o homem pôde imaginar para explicar sua origem têm um sentido. Histórias, como essa foram criadas na antiguidade, numa tentativa de explicar o sentido da vida e a razão do sofrimento humano. O ser humano nunca se conformou com o sofrimento. Mas, naqueles tempos antigos, a humanidade ainda estava na sua infância e via o mundo com os olhos de criança, embora – para a época – essas histórias tivessem muita sabedoria e servissem para guiar o povo.


Não foram apenas os hebreus, que deram sua explicação sobre a criação do mundo e do homem. Muitos outros povos da antiguidade, como os sumérios por exemplo, também o fizeram e cada qual de conformidade com seus conhecimentos, com sua cultura e principalmente com suas crenças – ao mesmo tempo que os hebreus, antes deles e mesmo depois deles. A religião foi o primeiro campo do conhecimento humano. Existem muitos documentos que atestam isso. Podemos citar, por exemplo, os sumérios, de onde saiu a Epopéia Gilgamesh, a obra mais antiga que se conhece. Os sumérios foram o povo que inventou a escrita, que praticamente iniciou a civilização na Terra.


É dos sumérios, que habitaram a Mesopotâmia, que se conhece a primeira versão sobre a criação do mundo e do homem, e ela é bem parecida com o que diz a Bíblia, com a criação do homem e da mulher, a perda do paraíso e o episódio do dilúvio. Estava, portanto, de acordo com o pensamento da época, quando a vida era muitíssimo mais difícil que hoje, contrastando com o paraíso de felicidade com que todo mundo sonhava.


Detestamos sofrer: isso é próprio do ser humano. Tínhamos de culpar alguém pelas nossas dores: daí a criação do mito Adão e Eva. Hoje, analisamos de outra forma. No passado, acreditava-se que a felicidade era não ter problemas, que a vida fosse fácil, que bastava o homem querer para tudo vir em suas mãos, que não precisava realizar o mínimo esforço e que poderia viver eternamente num mundo de ociosidade e contemplação. E, depois do paraíso terrestre, criaram o paraíso celeste, que seria praticamente a mesma coisa – só que depois desta vida. Mas percebemos, hoje, que essa concepção está longe da realidade.


A visão espírita é a de que somos Espíritos imortais. Fomos criados simples e ignorantes, mas não como seres humanos. A condição humana foi conquistada ao longo do tempo por um processo evolutivo, de geração em geração, de encarnação em encarnação. Não fomos criados perfeitos; ao contrário, a evolução é que é aperfeiçoamento. E não há aperfeiçoamento sem transformação, não há transformação sem problemas. As dificuldades fazem parte de nossa vida, sim; não para nos castigar, mas para nos impulsionar para uma condição espiritual cada vez melhor.


O mito do pecado só rebaixa o homem; a verdade está na evolução e no progresso espiritual da humanidade. Erramos muito mais no passado do que hoje. A civilização foi um avanço, tirando o homem da selvageria e da brutalidade para a convivência social. Os erros fazem parte de nossa experiência, porque, de encarnação em encarnação, estamos sempre sofrendo suas conseqüências e aprendendo. O homem não existe para o ociosidade, mas para o trabalho, para crescer sempre e se realizar com o fruto de seu esforço e de seu trabalho. A felicidade, que buscamos, nunca poderíamos tê-la anteriormente, pois ela está no caminho que nos leva à perfeição, através da prática do bem e do exercício do amor, conforme ensinou Jesus. Mas isso é uma meta que continuamos a buscar para a conquista da paz individual e da paz coletiva – ou seja, o Reino de Deus de que Jesus falou.


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