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quinta-feira, 13 de julho de 2023

PREMONIÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A carta da senhora Angelina de Ogé, da cidade marítima de Marennes, região sudoeste da França, além de agradecer as preces formuladas em seu favor na Sociedade Espírita de Paris para seu restabelecimento das inexplicáveis e renitentes febres de que fora acometida por meses de forma intermitente, relatava fato curioso que vivenciara. Informada da visita do pai para passar alguns dias em sua casa, reservou e mobiliou um quartinho para ele, desejando que ninguém dormisse ali antes dele. Conta que desde o momento em que manifestou tal pensamento, teve a intuição de que quem se deitasse naquela cama morreria, ideia que passou a persegui-la incessantemente, oprimindo seu coração a ponto de não ousar mais ir àquele quarto. Contudo, na esperança de se desembaraçar dela, foi orar junto ao leito. Julgou ver ali um corpo, e, na intenção de se assegurar tratar-se de uma ilusão, levantou os lençóis, nada mais vendo. Refletindo tratarem-se esses pressentimentos de ilusões ou resultado de obsessões, no mesmo instante ouviu suspiros como de uma pessoa que morre, sentindo sua mão direita apertada fortemente por mão quente e úmida, saindo do quarto para não mais adentrá-lo. Durante seis meses foi atormentada por este triste aviso e, quando finalmente seu pai chegou, caiu doente, morrendo ao cabo de oito dias, emitindo os últimos suspiros da mesma forma que vira, segurando e apertando-lhe a mão direita, do mesmo modo antevisto. Tal perda, evidentemente, causou-lhe intensa dor, tanto maior quando recordava do aviso recebido ao qual não dera crédito. No número de janeiro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, encontramos um artigo escrito por Allan Kardec abordando o interessante fato. Logo no início destaca dois pontos: a importância de se orar pelos doentes, e, segundo, uma nova prova da assistência dos Espíritos pela inspiração. Destaca seja talvez “um dos gêneros mais comuns de mediunidade, e que vem confirmar o princípio que todo mundo é mais ou menos médium sem o suspeitar. Seguramente, se cada um se reportasse às diversas circunstâncias de sua vida, observasse com cuidado os efeitos percebidos em si ou de que foi testemunha, não haveria ninguém que não reconhecesse ter alguns efeitos de mediunidade inconsciente”. Considera, todavia, que “o fato mais saliente é o aviso da morte do pai da senhora de Ogé, e o pressentimento com que foi perseguida durante seis meses. Sem dúvida, quando ela foi orar nesse quarto e acreditou ver um corpo no leito, que constatou estar vazio, poder-se-ia, com alguma verossimilhança admitir o efeito da imaginação. O mesmo poderia ser atribuído a um efeito nervoso, provocado pela superexcitação de seu Espírito. Mas como explicar a coincidência de todos esses fatos com o que se passou quando da morte do pai? Dirá a incredulidade: puro efeito do acaso; diz o Espiritismo: fenômeno natural devido à ação dos fluidos cujas propriedades até hoje foram desconhecidas, submetidos à lei que rege as relações do Mundo Espiritual com o Mundo Corporal. Ligando as leis da natureza a maior parte dos fenômenos reputados sobrenaturais, o Espiritismo vem precisamente combater o fanatismo e o maravilhoso, que o acusam de querer fazer reviver; ele dá dos que são possíveis uma explicação racional, e demonstra a impossibilidade dos que seriam uma derrogação das Leis da Natureza. A causa de uma porção de fenômenos está no princípio espiritual, cuja existência vem provar. Mas como os que negam esse princípio podem admitir suas consequências? Aquele que nega a alma e a vida extracorporal não pode reconhecer seus efeitos. (...). Se o pai da senhora Ogé tivesse morrido sem o que ela o soubesse, na época em que sentiu os efeitos de que falamos, esses efeitos se explicariam da maneira mais simples. Desprendido do corpo, o Espírito teria vindo avisá-la de sua partida deste mundo, e atestar sua presença por uma manifestação sensível, com a ajuda de seu fluido perispiritual. Isto é muito frequente. Compreendemos perfeitamente que aqui o efeito é devido ao mesmo princípio fluídico, isto é, à ação do períspirito. Mas como a ação material do corpo, que ocorreu no momento da morte, pôde produzir-se identicamente seis meses antes dessa morte, quando nada de ostensivo, doença ou outra causa, podia fazê-la pressentir?”. Eis a explicação a respeito, dada na Sociedade de Paris: -“O Espírito do pai dessa senhora, em estado de desprendimento, tinha conhecimento antecipado de sua morte e da maneira por que ela se realizaria. Sua visão espiritual abarcando certo espaço de tempo, lhe mostrou a coisa como presente; embora no estado de vigília não conservasse qualquer lembrança. Foi ele mesmo que se manifestou à filha, seis meses antes, nas condições que deviam se produzir, a fim de que, mais tarde, ela soubesse que era ele e que, estando preparada para uma separação próxima, não ficasse surpresa com sua partida. Ela própria, em Espírito, tinha conhecimento disto, porque os dois Espíritos se comunicavam em seus momentos de liberdade. É o que lhe dava a intuição de que alguém devis morrer naquele quarto. Essa manifestação ocorreu igualmente com o fito de fornecer um ensinamento, tocante ao conhecimento do Mundo Invisível”.



No filme “Ghost”, o rapaz leva um tiro durante o assalto na rua. E. na briga com o assaltante, ele nem percebe que levou um tiro e morreu, e seu espírito sai correndo atrás do ladrão, como estivesse vivo. Só depois, ele vê seu corpo está estendido no chão e aí percebe que está morto. Eu pergunto: isso é fantasia ou pode mesmo acontecer? (Manoel Silveira dos Santos, Bairro Mariana).


Pode acontecer. Aliás, sobre isso vamos encontrar uma referência em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, nota à questão 546, que trata dos Espíritos durante as operações de guerra, quando o próprio Kardec faz a seguinte observação: “Nos combates, acontece aquilo que ocorre em todos os casos de morte violenta. No primeiro momento, o Espírito está surpreso e como perturbado, e não acredita estar morto, parecendo-lhe, ainda, tomar parte na ação. Não é senão pouco a pouco que a realidade se mostra.


Essa é uma prova de que é o espírito, que dirige toda a ação, e o corpo é que obedece à sua vontade. Se o corpo cai morto instantaneamente, vítima de um projétil., não há tempo suficiente para o espírito tomar consciência disso, e ele continua agindo por alguns instantes, como se ainda estivesse no corpo. Só depois, por alguma sensação de que é tomado, acaba reconhecendo que não está mais ali com seu corpo, mas, sim, apenas com o perispírito – que é uma réplica do corpo, porém constituído de matéria sutil. A cena mostrada pelo filme, portanto, corrobora o que diz a Doutrina Espírita.


Contudo, há casos bem mais freqüentes, em que o Espírito não percebe que já desencarnou, sobretudo quando se trata de mortes instantâneas. Espíritos existem que permanecem muito tempo alheios ao que se passou e se imiscuem na vida da família, no ambiente de trabalho ou em outros lugares que costumavam freqüentar, pensando que ainda estão encarnados. Essa ilusão ocorre porque eles não percebem quase nenhuma modificação em si mesmo. Alguns se julgam como num sonho. Mas, aos poucos, como não conseguem interagir com as coisas de seu ambiente, nem serem ouvidos ou notados pelas pessoas, acabam percebendo que já não pertencem ao mundo físico.


Geralmente são pessoas que tem muita dificuldade de aceitar a realidade da morte. Maior ilusão, ainda, vivem aqueles que, tendo morte súbita, são encaminhados para hospitais ou escolas na espiritualidade, onde passam a ter uma percepção concreta e real do mundo que os cerca, como se ainda estivessem encarnados. É o caso de Ernesto e Evelina, no livro “E A VIDA CONTINUA”, de André Luiz. Esses personagens demoram para tomar consciência de sua condição no plano espirituaal, desde que são internados num hospital.




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