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quinta-feira, 20 de julho de 2023

MEDIUNIDADE CURADORA- UMA PROFISSÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Na edição de abril de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec se posiciona diante de uma dúvida nascida diante do fato de médiuns – ou pretensos médiuns – se valerem do trabalho dos Espíritos desencarnados como meio de vida, ou mesmo desenvolverem trabalhos paralelos como a comercialização de medicamentos complementares à assistência espiritual para obter resultados econômicos. Afinal, pode-se transformar a mediunidade curadora em profissão? Explica Allan Kardec: - Por vezes os Espíritos se servem de médiuns especiais, como condutores de seu fluido. São esses os médiuns curadores propriamente ditos, cuja faculdade apresenta graus muito diversos de energia, conforme sua aptidão pessoal e a natureza dos Espíritos que os assistem. Conhecemos em Paris uma pessoa acometida há oito meses de exostoses no quadril e no joelho, que lhe causam grandes sofrimentos e a obrigam a ficar acamada. Um de seus amigos, rapaz dotado desta preciosa faculdade, prodigalizou-lhe cuidados pela simples imposição das mãos sobre a cabeça, durante alguns minutos, e pela prece, que o doente acompanhava com fervor edificante. No momento este último apresentava uma crise muito dolorosa, (...) logo seguida de uma calma perfeita. Então ele sentia a impressão de várias mãos, que massageavam e estiravam a perna, que se via alongar-se de 10 a 12 centímetros. Nele já há uma melhora muito sensível, pois começa a andar; mas a antiguidade e a gravidade do mal necessariamente tornam a cura mais difícil e mais demorada que a de uma simples entorse. Faremos observar que a mediunidade curadora ainda não se apresentou, ao que saibamos, com caracteres de generalidade e de universalidade, mas, ao contrário, restrita como aplicação, isto é, o médium tem uma ação mais poderosa sobre certos indivíduos do que sobre outros, e não cura todas as doenças. Compreende-se que assim deva ser, quando se conhece o papel capital que representam as afinidades fluídicas em todos os fenômenos mediúnicos. Algumas pessoas somente o gozam acidentalmente e para um determinado caso. Seria, pois, um erro acreditar que, pelo fato de se ter obtido uma cura, mesmo difícil, podem ser obtidas todas, em virtude do fluido próprio de certos doentes ser refratário ao fluido do médium; a cura é tanto mais fácil quanto mais naturalmente se opera a assimilação dos fluidos. Também é surpreendente ver algumas pessoas, frágeis e delicadas, exercerem uma ação poderosa sobre indivíduos fortes e robustos. É que, então, essas pessoas são bons condutores do fluido espiritual, ao passo que homens vigorosos podem ser péssimos condutores. Têm apenas o seu fluido pessoal, fluido humano, que jamais tem a pureza e o poder reparador do fluido depurado dos Espíritos bons. De acordo com isto, compreendem-se as causas maiores que se opõem a que a mediunidade curadora se torne uma profissão. Para que isso ocorra, seria preciso ser dotado de uma faculdade universal. Ora, só os Espíritos encarnados da mais elevada ordem poderiam possuí-la nesse grau. Ter essa presunção, mesmo exercendo-a com desinteresse e por pura filantropia, seria uma prova de orgulho que, por si só, seria um sinal de inferioridade moral. A verdadeira superioridade é modesta; faz o bem sem ostentação e apaga-se, em vez de procurar o brilho; o famoso vai buscá-la e a descobre, ao passo que o presunçoso corre atrás da fama que muitas vezes lhe escapa. Jesus dizia aos que havia curado: “Ide, dai graças a Deus e não faleis disto a ninguém.” É uma grande lição para os médiuns curadores. Lembraremos aqui que a mediunidade curadora está exclusivamente na ação fluídica mais ou menos instantânea; que não se deve confundi-la nem com o magnetismo humano, nem com a faculdade que têm certos médiuns de receber dos Espíritos a indicação de remédios. Estes últimos são apenas médiuns receitistas, como outros são médiuns poetas ou desenhistas.


O que Jesus quis dizer quando afirmou: “Aquele que perseverar até o fim será salvo”?


A perseverança é uma das grandes virtudes da alma. Perseverar é prosseguir sempre, mesmo entre dificuldades. Há pessoas que, tendo escolhido um bom caminho, desistem logo que encontram o primeiro obstáculo. Falta-lhes maturidade e senso de percepção, no sentido de que só conseguem perceber o que está bem perto, nunca o que está mais distante; por isso, fogem às dificuldades ao invés de enfrentá-las. Contudo, o bom senso nos diz que os caminhos mais fáceis são também os mais perigosos, enquanto que o bem é sempre difícil e trabalhoso.


Ao dizer que “quem perseverar será salvo”, Jesus estava se referindo, em particular, aos seus seguidores ( discípulos e apóstolos), pois os preveniu de que não seria nada fácil vivenciar e espalhar os princípios do evangelho; mas, de um modo geral, ele estava corroborando essa idéia de que só vence quem não desiste, ainda que o caminho seja espinhoso e o desconforto muito grande. O Espírito reencarna para progredir, mas, com certeza, não atingirá seus objetivos sem muito esforço e sacrifícios, pois aqueles que lutam são os que mais se fortalecem.


Para quem aceita a reencarnação, as dificuldades da vida são testes para o Espírito, que almeja uma condição melhor de paz e felicidade no futuro. Estamos todos de passagem por este planeta, e se, tivermos fé em Deus, saberemos enfrentar os problemas com a certeza da vitória – talvez, não de uma vitória completa aqui e agora – mas, um dia, quando estivermos mais bem preparados para compreender nossas próprias necessidades e limitações. A perseverança, portanto, é própria de quem acredita que vai atingir sua meta. Neste sentido, ele está salvo da desesperança e do fracasso e se faz vitorioso pela sua fé.

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