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quarta-feira, 1 de junho de 2022

OUVINDO BENVENUTO CELLINI; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Artista talentoso, personalidade exaltada, o florentino Benvenuto Cellini viveu 71 anos na sua encarnação no século XVI. Ao longo do tempo, inspirou com sua existência tumultuada vários escultores, pintores, compositores e literatos. Entre suas obras mais conhecidas está a Estatua em Bronze de Perseu segurando a cabeça da Medusa, exposta em Florença, sua cidade natal e a escultura O Crucifixo, em mármore. Aventureiro construiu uma biografia em que se incluem homicídios pelos quais teria sido responsável, e, inúmeros casos amorosos com varias de suas modelos. Escritor, publicou um TRATADO sobre OURIVESARIA, outro sobre ESCULTURA, além de um livro de memórias intitulado VITA, em que reconstitui sua existência. Nele, o relato de uma cena de feitiçaria e de endemoniação no Coliseu, em Roma, de que teria tomado parte. A prática teria sido executada por um sacerdote siciliano, de espírito muito fino, profundamente versado em letras gregas e latinas que conhecera numa estrada esquisita, e, que certa vez, lhe falara sobre suas atividades de necromancia, tema que sobre o qual sempre tivera a maior curiosidade. Convidado para uma dessas reuniões para qual o sacerdote trouxera perfumes preciosos, drogas fétidas e fogo, após uma abertura viu-se, levado pela mão, dentro de um círculo, com outras pessoas. O dirigente, entregando um talismã a um dos participantes, pôs-se a fazer conjurações durante mais de uma hora e meia, após o que o Coliseu encheu-se de legiões de Espíritos Infernais, sugeriu-lhe: -“Benvenuto, pede-lhes alguma coisa”. Respondi-lhes que desejava que eles me reunissem à siciliana Angélica, sua paixão do momento. Depois de diferentes relatos mais ou menos ligados ao precedente, Benvenuto conta como, passados 30 dias, prazo fixado pelos demônios, ele encontrou sua Angélica. Certamente motivado pela descrição de registro feita três séculos antes do surgimento do Espiritismo, Kardec, autorizado e ajudado pelo dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, buscou ouvir o renomado artista, na reunião de 11 de março de 1859, conforme reproduzido na REVISTA ESPÍRITA, de abril de 1859. A entrevista de mais de trinta perguntas, revela o seguinte: 1- Lembrava-se da existência que passara na Terra entre 1500 e 1571 apesar de ter tido outras existências corporais em vários mundos. 2- Sentia-se muito satisfeito com a posição ocupada atualmente, que, embora não fosse um trono, o colocava sobre mármores. 3- Permanecera errante alguns anos, trabalhando em si mesmo. 4- Que voltara poucas vezes a Terra. 5- Que assistira várias vezes à história em que figurara, sentindo-se satisfeito como Cellini, mas, pouco como Espírito que pouco progredira. 6- Não tivera outras encarnações na Terra antes da conhecida, tendo outras ocupações muito diferentes das que aqui desenvolveu. 7- Que habitava atualmente um mundo desconhecido e não visível da Terra, do ponto de vista físico, marcado pela beleza plástica, dada a harmonia perfeita de todas as suas linhas, rodeado de perfumes que, aspirados, provocam o bem estar físico, satisfazendo as necessidades pouco numerosas a que estão sujeitos; e, do ponto de vista moral, a perfeição é menor, pois, ali ainda podem ver-se consciências perturbadas e Espíritos dedicados ao mal, não sendo a perfeição, mas, o caminho para ela. 8- Lá também trabalha com as artes. 9- Sobre a veracidade das cenas sobre necromancia descritas no seu livro, disse que o necromante era um charlatão, ele um romancista e Angélica sua amante. 10- Sobre a origem de seu sentimento para a arte, confirmou ser fruto de um desenvolvimento anterior, pois durante muito tempo fora atraído pela poesia e pela beleza da linguagem, prendendo-se na Terra à beleza da reprodução e, no mundo em que vivia, ocupava-se à beleza como invenção. 11- Quanto à sua habilidade como estrategista militar revelada na defesa do Castelo de Santo Ângelo a pedido do Papa Clemente VII, revelou que tinha talento e sabia aplica-lo, visto que em tudo é necessário discernimento, sobretudo na arte militar de então. 12- Solicitado a aconselhar aos artistas que buscam seguir suas pegadas, disse que, mais do que fazem e do que ele fez, que busquem a pureza verdadeira beleza. 13- Se poderia guiar um médium na execução de modelagens garantiu que sim, preferindo um com inclinações artísticas, merecendo esta resposta, a seguinte observação de Kardec: -“Prova a experiência que a aptidão de um médium para tal ou qual gênero de produção depende de flexibilidade que apresenta ao Espírito, abstração feita do seu talento (...). Entretanto, veem-se médiuns que fazem coisas admiráveis, apesar de lhes faltar noções sobre o que produzem, o que se explica por uma aptidão inata, devida, sem dúvida, a um desenvolvimento anterior ( em outra encarnação), do qual conservam apenas a intuição”.



Um dia desses vi na televisão uma frase que me chamou a atenção. Ela dizia, mais ou menos, o seguinte: “ Quem vai resolver os problemas do mundo não são as pessoas caridosas, mas, sim, as pessoas competentes”. O que vocês podem dizer sobre isso? (Suely)


Quem fez esta afirmação, com certeza, só pensou em caridade como assistencialismo, ou seja, como uma forma de estar sempre doando as coisas para as pessoas necessitadas; aliás, um jeito simples de resolver um problema imediato, mas não se resolver definitivamente os problemas humanos. É claro que agindo somente dessa maneira, nós não vamos resolver os problemas do mundo. Precisamos mais do que boa vontade, desprendimento, dedicação, amor ao próximo – precisamos também de competência.


Na visão materialista, a competência é a capacidade de fazer bem as coisas, de alcançar plenamente as metas pretendidas. Assim, podemos pensar no administrador competente, no médico competente, no mecânico competente, no agricultor competente, na costureira competente. Mas somente a competência ainda não é suficiente. O que devemos levar em consideração também é o caráter da pessoa. Há pessoas competentes para fazer o bem, do mesmo modo que há competentes para fazer o mal.


Dizem que Adolf Hitler, o grande ditador alemão, que mandou sacrificar milhões de judeus e assustou o mundo com o seu desejo de conquista, era um político competente. Ora, sua competência consistia em fazer bem as coisas – mas só as coisas que lhe interessavam. Assim, existem também o ladrão competente, o assassino competente – ou seja, pessoas que demonstraram extraordinária competência no mundo da violência e do crime e da corrupção. Com certeza, não é dessas pessoas competentes que precisamos para revolver os problemas do mundo.


Os principais problemas do mundo - a miséria e a fome, o analfabetismo, as epidemias, o preconceito e a violência, as guerras e o terrorismo – são o reflexo de nossos problemas pessoais, da ignorância e da maldade humanas, do egoísmo e do orgulho, que são dimensões de nossa personalidade que precisam ser trabalhadas dentro de princípios elevados, como o respeito, a fraternidade e a solidariedade. Sem isso, para que serve a competência, senão para continuar fazendo mais vítimas e aumentando os sofrimentos da humanos?


Desse modo, cara ouvinte, quem afirma que a caridade não resolve é porque não sabe o que é caridade ou considera que a caridade seja apenas dar graciosamente as coisas para os pobres. Mas caridade não pode ser só isso. Isso é apenas um aspecto ou o começo do exercício da caridade, quando nos propomos a aprender a respeitar e a amar o próximo que precisa de um socorro urgente. Entretanto, a caridade, no seu sentido amplo, não dispensa o estudo, o conhecimento, o aprimoramento da inteligência e a capacidade de realização.


O sentido de caridade, do ponto de vista espírita, é muito amplo. E isso levou Allan Kardec a considerar que só alcançaremos paz na Terra, quando tivermos uma classe de governantes moral e intelectualmente desenvolvida, acima da mesquinhez e do egoísmo interesseiro, pois o progresso completo da civilização se realiza nesses dois sentidos: tanto o moral quanto o intelectual.


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