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segunda-feira, 27 de junho de 2022

CREMAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Pratica milenar na Oriente, a cremação ressurgiu no Mundo Ocidental no início do século XX. O Espiritismo ampliando nossa visão sobre a inevitável experiência da morte, tem muito a dizer sobre o assunto, especialmente ao afirmar que ela como diz o Psiquiatra norte-americano Brian Weiss é “abrir uma porta e passar para outra sala”. Em 1935, jornalista Clementino de Alencar a serviço do jornal O GLOBO, ouviu através do médium Chico Xavier, o Orientador Espiritual Emmanuel sobre variadas questões extremamente importantes. Uma delas, ‘sobre qual a impressão do homem no instante da morte?’, ouvindo dele: – A impressão da alma no momento da morte varia com os estados de consciência dos indivíduos. Para todas as criaturas, porém, manifesta-se nesses instantes a bondade divina. Têm invariavelmente a assistência dos seus protetores, e amigos invisíveis que os auxiliam a se libertar das cadeias que os prendem à vida material. Entre os homens não existe a necessidade de alguém que auxilie os recém-nascidos a se desvencilharem do cordão umbilical? As sensações penosas do corpo são mais ou menos acordes com a moléstia manifestada. Elas, porém, passam e nos primeiros tempos, no Plano Espiritual, vai a alma colher os frutos de suas boas ou más obras na superfície do mundo.’. Na época, no Brasil, começava-se a falar sobre uma legislação visando a cremação de corpos e o enviado especial a Pedro Leopoldo, MG; aproveitou para indagar: ―Sentem os desencarnados os efeitos da cremação de seus despojos mortais? Emmanuel esclareceu: ―Geralmente, nas primeiras horas do ‘post-mortem’, ainda se sente o Espírito ligado aos elementos cadavéricos. Laços fluídicos, imperceptíveis ao vosso poder visual, ainda, se conservam unindo a alma recém-liberta ao corpo exausto; esses elos impedem a decomposição imediata da matéria. E, por esta razão, na maioria dos casos o Espírito pode experimentar os sofrimentos horríveis oriundos da cremação, a qual NUNCA DEVERÁ SER LEVADA A EFEITO ANTES DO PRAZO DE CINQUENTA HORAS APÓS O DESENLACE. A cremação imediata ao chamado instante da morte é, portanto, nociva e desumana. As vezes, segundo a natureza das moléstias que precedem a desencarnação, existem ainda no cadáver inúmeros elementos de vida: daí nasce a possibilidade de, usando de recursos vários e reagentes, a ciência fazer um morto voltar à vida. Vê-se, pois, que o Espírito desencarnado, nas primeiras horas do Além-Túmulo, pode sentir dentro do quadro de suas impressões físicas, todas as ações a que seu corpo abandonado seja submetido. O Espírito do escritor e cronista Humberto de Campos, noutra ocasião se manifestou sobre o assunto também através de Chico Xavier dizendo: -“Há muito caminho por andar antes que o homem comum se beneficie com a verdadeira morte. A cessação dos movimentos do corpo nem sempre é o fim do expressivo transe. O túmulo é uma passagem especial, a cujas portas muitos dormem, por tempo indeterminado, criando forças para atravessa-la com o preciso valor. Morrer não é libertar-se facilmente. Para quem varou a existência na Terra entre abstinência e sacrifícios, a arte de dizer adeus é alguma coisa da felicidade ansiosamente saboreada pelo Espírito, mas para o comum dos mortais, afeitos aos “comes e bebes” de cada dia, para os senhores da posse física, para os campeões do conforto material e para os exemplares felizes do prazer humano, na mocidade ou na madureza, a cadaverização não é serviço de algumas horas... Demanda tempo, esforço, auxílio e boa vontade. Por trás da máscara mortuária, muitas vezes, esconde-se a alma, inquieta e dolorida, sob estranhas indagações, na vigília torturada ou no sono repleto de angústia. Para semelhantes viajores da grande jornada, a cremação imediata do comboio fisiológico será pesadelo terrível e doloroso. Eis porque, se pudéssemos, pediríamos tempo para os mortos. Se a Lei Divina fornece um prazo de nove meses para que a alma possa nascer ou renascer no mundo com a dignidade necessária, e se a legislação humana já favorece os empregados com o benefício do aviso prévio, porque razão o morto deve ser reduzido à cinza com a carne ainda quente?




A Adriana, pergunta o seguinte: “O que significa a Semana Santa para o Espiritismo? Como que o Espiritismo vê essa questão de não poder comer carne nos dias consagrados?”


A Semana Santa é uma das mais antigas comemorações da Igreja Católica, que celebra o martírio, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Diretamente, ela não tem nada a ver com o Espiritismo, embora o Espiritismo respeite o modo como a Igreja vê e celebra Jesus. Mas, as visões da religião e da Doutrina Espírita a respeito de Jesus são diferentes. Por outro lado, o Brasil, por ser um país tradicionalmente católico ( mesmo não tendo mais o Catolicismo como religião oficial), preservou o feriado da sexta-feira e o respeito aos dias consagrados por consideração à maioria da população.


Essa diferença de interpretação reside no fato de a Igreja, através de suas celebrações, reviver com detalhes todo o sofrimento de Jesus no Calvário, com base no dogma de que, sendo ele o Filho - uma das pessoas da Trindade, sofreu e morreu por nossa causa e o derramamento de seu sangue significar a redenção da humanidade. Não é a concepção Espírita. Para o Espiritismo, Jesus foi o Espírito mais elevado que reencarnou na Terra, assumindo um sério compromisso com a Humanidade, mas o mais importante na sua missão foi, com certeza, sua vida e seus ensinamentos: a morte foi pura conseqüência do que ensinou e do que fez, em confronto com a ignorância e a condição moral dos homens de seu tempo.


Nesse sentido, a Doutrina Espírita sempre procura ver Jesus vivo e atuante – e não torturado, agonizante e morto - assim como nenhum de nós quer se deter na lembrança de um ente querido nos seus piores momentos de dor e sofrimento. Jesus – ou qualquer dos grandes Espíritos, que ensinaram e deram exemplo de amor pela humanidade – com certeza, não sobreviveram à fúria de seus inimigos, em qualquer momento da História. Portanto, são os ensinamentos sublimes e seu exemplo de vida que devem ser valorizados e sempre lembrados - e não o sofrimento e o martírio, algo deprimente que serve para cultivar um sentimento de culpa nas pessoas.


Preferimos enaltecer os momentos em que sua palavra e seu exemplo de conduta irradiam luz de conhecimento e bálsamo de conforto para todos nós - como suas parábolas magistrais e o inigualável sermão da montanha - repositórios dos mais elevados princípios morais que a humanidade já recebeu em todas as épocas. Quanto à ressurreição – esta, sim, deve ser lembrada!... - porque o Espiritismo a vê como a comprovação da sobrevivência da alma, que Jesus quis mostrar aos seus seguidores, porque a imortalidade é a base fundamental de sua doutrina. Como explicou o apóstolo Paulo, assim como Jesus, nós todos semeamos um corpo de carne, enquanto na Terra, mas ressuscitamos num corpo espiritual – a esse corpo o Espiritismo dá o nome de perispírito.


Também não existe na Doutrina Espírita qualquer proibição ou, até mesmo, recomendação no tocante à alimentação nesses dias, que fica ao arbítrio de cada um. Para o Espiritismo, todo dia é santo, toda semana é santa, porque são oportunidades que Deus nos concede para que possamos construir com nossos esforços a nossa felicidade e a felicidade daqueles que nos rodeiam. Na verdade, o que conta na vida - seja a pessoa desta ou daquela religião ou mesmo que não tenha religião alguma – é a sua conduta diante de si mesma, diante do semelhante e da coletividade, uma vez que “o caminho, a verdade e a vida” são, em última instância, a prática do bem – ou, como se expressou Jesus – o amor ao próximo, tanto quanto o amor a si mesmo. 



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