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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

A VERDADE, A REENCARNAÇÃO E A DOUTRINA ESPÍRITA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Artigo reproduzido na edição de abril de 1862 da REVISTA ESPÍRITA reflete a opinião de Allan Kardec sobre a relação entre a proposta espírita e os questionamentos naturais no estágio evolutivo de muitos habitantes do Planeta a respeito da incompreendida visão da reencarnação e a Verdade. Diz ele: -“O Espiritismo vem, (...) não como uma religião, mas como doutrina filosófica, trazer a sua teoria, apoiada no fato das manifestações. Ele não se impõe; não exige confiança cega; entra no número dos concorrentes e diz: Examinai, comparai e julgai; se achardes algo melhor do que isto que vos dou, tomai-o. Ele não diz: Venho destruir os fundamentos da religião e substituí-la por um culto novo. Diz: Não me dirijo aos que creem e se acham satisfeitos com suas crenças, mas aos que abandonam as vossas fileiras pela incredulidade e que não os soubestes ou pudestes reter. Venho dar-lhes, sobre as verdades que repelem, uma interpretação capaz de satisfazer sua razão e que os leva a aceitá-la. E a prova de que o consigo é o número dos que tiro do atoleiro da incredulidade. Todos vos dirão: Se me tivessem ensinado essas coisas assim desde a infância, jamais teria duvidado; agora creio, porque compreendo. Deveis repeli-los, porque aceitam o espírito e não a letra? o princípio, e não a forma? Sois livres; se vossa consciência faz disto um dever, ninguém pensará em violentá-la; mas não digo apenas que isto seria um erro; digo mais: seria uma imprudência. Como dissemos, a vida futura é o objetivo essencial de toda doutrina moral. Sem a vida futura, a moral carece de base. O triunfo do Espiritismo está precisamente na maneira pela qual apresenta o futuro; além das provas que oferece, o quadro que apresenta é tão claro, tão simples, tão lógico, tão conforme a justiça e à bondade de Deus, que involuntariamente dizemos: Sim, é bem assim que deve ser; é assim que eu imaginava; e, se não havia acreditado, é porque me tinham mostrado a vida futura de outro modo. Mas, o que é que dá à teoria do futuro um tal poder? o que é que lhe granjeia tantas simpatias? É, dizemos nós, a sua lógica inflexível, que resolve todas as dificuldades até então insolúveis; e isto ela o deve ao princípio da pluralidade das existências. Com efeito, suprimi este princípio e milhares de problemas, cada qual mais insolúveis, se apresentarão imediatamente. A cada passo nos chocaremos contra inúmeras objeções. Essas objeções não eram suscitadas antigamente, isto é, ninguém pensava nelas. Mas hoje, que a criança se fez homem, quer ir ao fundo das coisas; quer ver claro o caminho por onde é conduzido; sonda e pesa o valor dos argumentos que lhe apresentam e, se estes não lhe satisfazem à razão ou o deixam no vago e na incerta, rejeita-os, aguardando coisa melhor. A pluralidade das existências é uma chave que descortina horizontes novos, que dá uma razão de ser a uma multidão de coisas incompreendidas e que explica o inexplicável. Ela concilia todos os acontecimentos da vida com a justiça e a bondade de Deus. Daí por que os que haviam chegado a duvidar dessa justiça e dessa bondade agora reconhecem o dedo da Providência onde o tinham ignorado. Efetivamente, sem a reencarnação, a que atribuir as ideias inatas? como justificar o idiotismo, o cretinismo, a selvageria, ao lado do gênio e da civilização? a profunda miséria de uns, ao lado da felicidade de outros? as mortes prematuras e tantas outras coisas? (...) Em resumo, o homem atual quer compreender. O princípio da reencarnação ilumina o que estava obscuro. Eis por que dizemos que este princípio é uma das causas que faz com que o Espiritismo seja acolhido favoravelmente.


Benedito Pereira Araújo, fez o seguinte questionamento: “Como ficam as pessoas, adeptas de outras crenças, quando desencarnam e chegam no mundo espiritual? – principalmente aquelas que não acreditam que a vida continua após a morte. Será que elas vão se surpreender e se convencer de uma vez que a vida continua?”


Isso vai depender da condição espiritual de cada um, Benedito. Não são todos os Espíritos que, após a desencarnação, entram na vida espiritual, conscientes do que lhes está acontecendo e nem são todos que, após a morte, despertam para uma nova realidade de imediato. Muitos nem percebem que já desencarnaram e outros chegam, até mesmo, a resistir a essa idéia por muito tempo. Na livro “E A VIDA CONTINUA”, André Luiz conta as reações de Ernesto e Evelina que, por um bom tempo, não aceitaram que já estivesse no mundo dos Espíritos, tal a semelhança entre os dois planos de vida.


A passagem para o mundo espiritual nem sempre é um despertar para uma vida nova e isso depende, em boa parte, do preparo que cada pessoa tem em relação ao que pode encontrar depois da morte, se acreditam ou não acreditam nisso. Assim, há Espíritos que se deparam como uma situação inesperada e são capazes de se adaptarem rapidamente à nova condição, até porque podem ser assistidos por Espíritos amigos ou familiares; outros, porém, não crêem no que estão vendo, outros – ainda – dão outra interpretação, dependendo de suas crenças e expectativas. Não são raros os que dormem e os que acreditam ter encontrado o paraíso ou o inferno.


Não são raras as comunicações mediúnicas em que o Espírito pensa estar encarnado, outros dizem que estão passando por um pesadelo, outros estão revivendo seus últimos momentos na Terra dizendo que não querem morrer, e assim por diante. Além do mais, passamos para o mundo espiritual com os clichês mentais que alimentamos na Terra, através de nossas crenças e de nosso estilo de vida. O filme “Amor Além da Vida” dá uma idéia de como isso acontece, quando o personagem principal, que amava a pintura, viu-se diante das paisagens que costumava criar nas suas telas e, por algum tempo, não conseguiu se desvencilhar dessas criações, até cair na realidade.


Um fato, porém, é interessante. Todas as religiões ensinam que a morte não é o fim da vida. Assim, deparar com uma nova vida pode parecer até natural para muitos, uma vez que essa crença é inerente ao ser humano e, quase sempre, as pessoas já as tem por intuição, mesmo que suas religiões não ensinem isso. É possível que a maioria das pessoas das mais variadas religiões tragam dentro de si a convicção na continuidade da vida. Numa de suas obras, André Luiz refere-se a um templo ecumênico em Nosso Lar, onde Espíritos das mais diversas religiões ali comparecem para fazer suas orações e todos eles preservando os costumes religiosos que cultivavam na Terra.

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