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sábado, 22 de janeiro de 2022

POR QUE E PRA QUE REENCARNAR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Quem estudar o conteúdo da REVISTA ESPÍRITA perceberá que a Allan Kardec eram remetidos vários casos, relacionados ao Espiritismo nascente, bem como mensagens obtidas pelo instrumento chamado mediunidade, um verdadeiro ‘microscópio’ a serviço das descobertas do Mundo Espiritual. No número de fevereiro de 1864, Kardec, por sinal, incluiu uma mensagem obtida na Sociedade Espírita de Sens, através do médium Sr Percheron assinada pelo Espírito de seu próprio pai, por sua vez, auxiliado em suas explicações pelo Espírito Pascal. Assunto: necessidade da encarnação. Entre outras coisas esclarece a entidade espiritual: -“Quis Deus que o Espírito do homem fosse ligado à matéria para sofrer as vicissitudes do corpo, com o qual se identifica a ponto de iludir-se e de o tomar por si mesmo, quando não passa de sua prisão passageira; é como se um prisioneiro se confundisse com as paredes da cela. Os materialistas são muito cegos por não perceberem seu erro, porquanto, se quisessem refletir um pouco seriamente, veriam que não é pela matéria do corpo que se podem manifestar; concluiriam que, desde que a matéria desse corpo se renova continuamente, como a água de um rio, não é senão pelo Espírito que podem saber que são sempre eles mesmos. Suponhamos que o corpo de um homem que pesasse sessenta quilos assimile, para a reparação de suas forças, um quilo de nova substância por dia, a fim de substituir a mesma quantidade de antigas moléculas de que se separa e que cumpriram o papel que deviam desempenhar na composição de seus órgãos; assim, ao cabo de sessenta dias a matéria desse corpo estaria renovada. Nesta hipótese, cujos números podem ser contestados, mas verdadeira em princípio, a matéria do corpo renovar-se-ia seis vezes por ano; portanto, o corpo de um homem de vinte anos já se teria renovado cem vezes; aos quarenta, duzentas e quarenta vezes; aos oitenta, quatrocentas e oitenta vezes. Mas o vosso Espírito se terá renovado? Não, pois tendes consciência de que sois sempre vós mesmos. É, pois, o vosso Espírito que constitui o vosso EU, e segundo o qual vós vos manifestais, e não o vosso corpo, que não passa de matéria efêmera e mutável. (...) Volto ao meu assunto. Se Deus quis que suas criaturas espirituais fossem momentaneamente unidas à matéria, é, repito, para as fazer sentir e, a bem dizer, para que sofressem as necessidades que a matéria exige de seus corpos, no que respeita ao seu sustento e conservação. Dessas necessidades nascem as vicissitudes que vos fazem sentir o sofrimento e compreender a comiseração que deveis ter por vossos irmãos na mesma posição. Esse estado transitório é, pois, necessário ao adiantamento do vosso Espírito, que, sem isto, ficaria estagnado. As necessidades que o corpo vos faz experimentar estimulam os vossos Espíritos e os forçam a buscar os meios de as prover; desse trabalho forçado nasce o desenvolvimento do pensamento. Constrangido a presidir aos movimentos do corpo para os dirigir, visando a sua conservação, o Espírito é conduzido ao trabalho material e daí ao trabalho intelectual, necessários um ao outro, pois a realização das concepções do Espírito exige o trabalho do corpo e este não pode ser feito senão sob a direção e o impulso do Espírito. (...) Agora compreendeis a necessidade para o vosso Espírito de estar ligado à matéria durante uma parte de sua existência: para não ficar estacionário. Allan Kardec analisa: Acrescentaremos que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para a melhoria do mundo em que habita, assim ajudando a sua transformação e o seu progresso material, que estão nos desígnios de Deus, de quem é o instrumento inteligente. Na sua sabedoria previdente, quis a Providência que tudo se encadeasse na Natureza; que, todos, homens e coisas, fossem solidários. Depois, quando o Espírito houver realizado a sua tarefa e estiver suficientemente adiantado, gozará do fruto de suas obras. 


Se Deus é justo, porque as pessoas boas sofrem, tanto ou mais os maus? Se somente os maus sofressem, com certeza, todo mundo aprenderia logo a amar, e haveria paz no mundo.


Seu questionamento nos leva a considerar dois aspectos importantes. O primeiro: se a vida fosse uma só, certamente não haveria justiça, porque as diferenças de condições já começam desde o nascimento. A maldade, de que você fala, pode ser fruto da ignorância ou de falta de oportunidade. Quem nasce dentro de uma família bem estruturada – recebendo proteção, educação e amor – tem mais chance de ser bom nesta vida do que aquele que nasce num ambiente de desrespeito e violência. Que critério você vai usar para julgar um e outro?


O sofrimento humano é contingência da vida e do progresso espiritual. Sofremos para aprender e progredir, sofremos porque erramos e sofremos porque assumimos compromissos. Sem a doutrina da reencarnação, realmente não dá para entender porque uma pessoa notoriamente boa precisa passar por experiências difíceis; às vezes, mais difíceis do que uma considerada má. A Justiça de Deus está na oportunidade que todos têm de aprender com a vida e, em cada existência, passar por determinadas experiências, visando ao próprio aperfeiçoamento.


Um outro aspecto, que podemos abordar, diz respeito ao aprendizado. Você diz que, se só os maus sofressem, logo se tornariam bons. Não é tão simples assim. Nós temos dificuldades em aprender. Aprender significa mudar atitudes, hábitos e comportamento – no fundo, mudar sentimentos. Não é fácil. Assim fosse, todas as pessoas, que sofressem em razão de um erro cometido, não voltariam a cometer esse mesmo erro: e isso não é verdade. Na maioria das vezes, mesmo sabendo das más conseqüências de determinados atos, ainda assim, os praticamos.


O processo evolutivo, do nosso ponto de vista, ainda é muito lento. O Espírito, às vezes, precisa de várias encarnações para desenvolver um só sentimento: uma encarnação é muito pouco ou quase nada para conquistar uma virtude, que ainda não temos. Diante de todas essas circunstâncias, não é difícil entender que o quadro de sofrimento apresentado por uma pessoa, por si só, não revela seu grau de evolução.


O que revela seu nível evolutivo é a forma como ela passa por essas experiências difíceis. Os mais adiantados mostram- se resignados e confiantes; os mais atrasados, intranqüilos e revoltados.Os primeiros – isto é, os mais elevados – sabem intuitivamente que suas dificuldades são pontes para uma condição espiritual ainda melhor, ao passo que os outros, que só vêem vantagem nesta vida, entregam-se à revolta e ao desespero.


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