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sábado, 29 de janeiro de 2022

DOENÇAS MENTAIS E O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Aceleradamente a ciência vai acessando informações extremamente úteis para o entendimento dos outrora inexplicáveis problemas humanos. Até a Organização Mundial de Saúde na Classificação Internacional de Saúde, item F.44.3 do CID 10, de 2016, já considera a possibilidade dos transtornos mentais serem causados por perturbações espirituais. Analisando um caso de obsessão coletiva no número de maio de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos uteis para quem quer refletir sobre a fascinante influência espiritual intencional. Diz ele: -“Está demonstrado pela experiência que os Espíritos mal-intencionados não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se servem como se fosse o seu; que provocam atos ridículos, gritos, movimentos desordenados que apresentam todas as aparências da loucura ou da monomania. Encontrar-se-á sua explicação n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, no capítulo da obsessão. Com efeito, é bem uma espécie de loucura, uma vez que se pode dar este nome a todo estado anormal, em que o Espírito não age livremente. Deste ponto de vista, é uma verdadeira loucura acidental. Faz-se, pois, necessário distinguir a loucura patológica da loucura obsessiva. A primeira resulta de uma desordem nos órgãos da manifestação do pensamento. Notemos que, nesse estado de coisas, não é o Espírito que é louco; ele conserva a plenitude de suas faculdades, como o demonstra a observação; apenas estando desorganizado o instrumento de que se serve para manifestar-se, o pensamento, ou, melhor dizendo, a expressão do pensamento é incoerente. Na loucura obsessiva não há lesão orgânica; é o próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho, que o domina e subjuga. No primeiro caso, deve-se tentar curar o órgão enfermo; no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede importuno, a fim de lhe restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito frequentes e muitas vezes tomados como loucura o que não passa de obsessão, para a qual deveriam empregar meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico e, sobretudo, pelo contato com os verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma verdadeira loucura onde esta não existia. Abrindo novos horizontes a todas as ciências, o Espiritismo vem, também, elucidar a questão tão obscura das doenças mentais, ao atribuir-lhes uma causa que, até hoje, não havia sido levada em consideração – causa real, evidente, provada pela experiência e cuja verdade mais tarde será reconhecida. Mas como fazer que tal causa seja admitida por aqueles que estão sempre dispostos a enviar ao hospício quem quer que tenha a franqueza de crer que temos uma alma e que esta desempenha um papel nas funções vitais, sobrevive ao corpo e pode atuar sobre os vivos? Graças a Deus, e para o bem da Humanidade, as ideias espíritas fazem mais progresso entre os médicos do que se podia esperar e tudo faz prever que, num futuro não muito remoto, a Medicina saia finalmente da rotina materialista. Estando provados alguns casos isolados de obsessão física ou de subjugação, fácil é compreender que, semelhante a uma nuvem de gafanhotos, um bando de Espíritos perturbadores pode lançar-se sobre certo número de indivíduos, deles se apoderar e produzir uma espécie de epidemia moral. A ignorância, a vulnerabilidade das percepções, a ausência de cultura intelectual naturalmente lhes facultam maior influência. É por isso que eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as pessoas inteligentes e instruídas nem sempre estejam isentas. Estudai o Espiritismo e compreendereis a razão”.


Uma ouvinte que, alguns dias atrás, visitou a Rádio Universitária, e disse que é ouvinte de MOMENTO ESPÍRITA, deixou aqui a seguinte questão: “Gosto de ouvir o programa espírita e me simpatizo muito com a doutrina. Mas a minha dúvida é esta: a Bíblia não condena o Espiritismo?”


No Brasil, um país de tradição e maioria católica, e onde o protestantismo tem crescido muito através dos evangélicos pentecostais, a Bíblia é vista como a maior autoridade em matéria de religião. Entretanto, para essa maioria a Bíblia é um livro que se adquire nas livrarias ou nas igrejas, e onde está escrita a palavra de Deus. Poucos se dão conta de que a Bíblia não é única, pois existem várias versões e traduções diferentes da Bíblia. Dependendo de quem traduz e para que interesse está servindo, podemos encontrar uma variedade imensa de interpretações, alterações, supressões e adição de palavras novas. Isso, sem contar, naturalmente, que a verdade sobre os manuscritos da Bíblia se perde na poeira do tempo.


A Doutrina Espírita não vê a Bíblia simplesmente como um livro religioso, que deva ser aceito ao pé da letra como verdade única e incontestável. Nada deve ser aceito passivamente. Jesus questionou muitas verdades das escrituras sagradas dos judeus. Tudo merece análise e estudo para ser compreendido, principalmente os textos da antiguidade, quando a visão de mundo e a concepção de vida eram bem diferentes dos de hoje. Todavia, o Espiritismo tem na Bíblia um valioso documento, que merece ser estudado ( até nas suas diversas interpretações e alterações que vem sofrendo através dos tempos), mas, indiscutivelmente, o que mais lhe interessa na Bíblia são os princípios morais, que nascem em Moisés e se consolidam em Jesus, num espaço de muitos séculos de evolução do pensamento religioso do povo hebreu.


Os líderes religiosos, que se ocupam em atacar a doutrina espírita, costumam apontar o Deuteronômio-18, o quinto livro da Bíblia, como Deus condenando o Espiritismo. Mas, na verdade, não é bem assim. Uma coisa é você ler um texto hoje, em língua portuguesa, com uma tradução dirigida para um sentido que lhe querem dar. Outra coisa é comparar várias traduções dos mais variados tradutores e considerar o significado de uma medida tomada há 4 mil anos, num determinado povo e numa determinada situação. Infelizmente, para denegrir o Espiritismo, algumas traduções bíblicas colocam palavras como “espiritismo”, “mediunidade” e “médiuns” lá no Deuteronômio, 4 mil anos atrás, quando, na verdade, tais palavras não podiam existir naquela época. Elas foram criadas por Kardec há pouco mais de 160 anos.


O que existia na época de Moisés era a consulta aos espíritos ( e a qualquer tipo de Espírito), porque isso sempre existiu e em todos os povos do mundo. Mas não tinha nada a ver com Espiritismo, que é uma doutrina nova, de princípios filosóficos e morais.. Eram, simplesmente, práticas – cheias de crendices e supersticões – de que se valiam certas pessoas para ganhar dinheiro e explorar a boa fé do povo, promovendo adivinhações, revelações do futuro, práticas ocultas para beneficiar ou prejudicar alguém - coisas que o Espiritismo, como doutrina, também condena. O Espiritismo, como bem disse Kardec, não pode compactuar com o charlatanismo, nem com as expressões distorcidas de mediunismo que existem por aí, e que, muitas vezes, além de não serem úteis, acabam causando prejuízo aos menos esclarecidos.


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