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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

DEUS ESTÁ EM TODA PARTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Abrindo a edição de maio de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec publica interessante matéria com que procura responder a pergunta feita por muitos: Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Como sempre, o pesquisador e educador oculto no pseudônimo Allan Kardec desenvolve uma série de argumentos extremamente sensatos e lógicos. Escreve: -“Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus infinito, porque eles próprios são finitos, limitados, razão por que o imaginam finito e limitado como eles mesmos; representando-o como um ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua semelhança. Pintando-o com traços humanos, nossos quadros não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma que o pensamento. É para o maior número um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e percepções são restritas não compreendem que Deus possa ou haja por bem intervir diretamente nas menores coisas. Na incapacidade em que se acha o homem de compreender a essência mesma da Divindade, desta não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, ao menos, mostrar-lhe a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível. Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. É evidente que cada molécula desse fluido produzirá sobre cada molécula da matéria com a qual está em contato uma ação idêntica à que produziria a totalidade do fluido. É o que a Química nos mostra a cada passo. Sendo ininteligente, esse fluido age mecanicamente apenas pelas forças materiais. Mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; verá, ouvirá e sentirá. As propriedades do fluido perispiritual dele podem dar-nos uma ideia. Ele não é inteligente por si mesmo, desde que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do Espírito. É em consequência da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram em toda parte, perscrutam os nossos pensamentos, veem e agem a distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiquidade; basta um raio de seu pensamento dirigido para diversos pontos para que eles possam aí manifestar sua presença simultaneamente. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito. Mas sendo os Espíritos, por mais elevados que sejam, criaturas limitadas em suas faculdades, seu poder e a extensão de suas percepções não poderiam, sob esse aspecto, aproximar-se de Deus. Contudo, eles nos podem servir de ponto de comparação. O que o Espírito não pode realizar senão num limite restrito, Deus, que é infinito, o realiza em proporções infinitas. Há, ainda, esta diferença: a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias, enquanto a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito só abarca um tempo e um espaço circunscritos, ao passo que o de Deus abarca o Universo e a eternidade. Numa palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito. O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento. Como é o fluido que o transmite, dele está, de certo modo, impregnado; e na impossibilidade em que nos achamos de isolar o pensamento, ele não parece fazer senão um com o fluido, assim como o som parece ser um com o ar, de sorte que podemos, a bem dizer, materializa-lo. Do mesmo modo que dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido torna-se inteligente. Seja ou não seja assim o pensamento de Deus, isto é, quer ele aja diretamente ou por intermédio de um fluido, para facilitar a nossa compreensão vamos representar este pensamento sob a forma concreta de um fluido inteligente, enchendo o Universo infinito, penetrando todas as partes da Criação: a Natureza inteira está mergulhada no fluido divino; tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua Previdência, à sua solicitude; nenhum Ser, por mais ínfimo que seja, que dele não esteja, de certo modo, saturado. Assim, estamos constantemente em presença da Divindade. Não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê nos mais profundos recônditos do nosso coração; estamos nele como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo. Para entender sua solicitude sobre as menores criaturas, ele não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidade, nem deixar sua morada de glória, pois essa morada está em toda parte. Para serem ouvidas por ele, nossas preces não precisam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante, porque, incessantemente penetrados por ele, nossos pensamentos nele repercutem. A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação, mais própria a dar uma ideia mais justa de Deus que os quadros que o representam sob a figura de um velho de longas barbas, envolto num manto”.


Este foi um comentário que ouvimos esta semana de uma pessoa, que embora afirme seguir uma religião, revelou-se naquele momento descrente. Ela disse o seguinte: “por mais que as religiões procurem dar uma esperança de que haverá uma vida depois desta, a morte é algo que não aceitamos e nos revoltamos contra ela, porque, afinal, ninguém tem certeza de que vai sobreviver.”

Na verdade, o que sentimos nessa declaração, foi uma explosão de sinceridade. Há momentos, na vida, quando não estamos conformados com uma situação, em que pomos pra fora o que realmente pensamos e não aquilo que costumeiramente dizemos que pensamos. É provável que a maioria das pessoas, que diz ter uma religião ou mesmo que aparentemente leve sua religião a sério, titubeie diante da realidade incontestável da morte, quando esta atinge seus entes queridos.

Nesse sentido, não descartamos nem mesmo muitos que se dizem espíritas e que estão no Espiritismo mais por acomodação, do que por uma efetiva busca da verdade. A morte sempre foi a grande ameaça e, portanto, o maior medo do ser humano. E, embora o papel da religião devesse ser o de colocar nas mãos das pessoas um instrumento para vencer esse medo, ela acabou contribuindo, de um modo geral, mais ainda para que o medo aumentasse.

As doutrinas religiosas, de um modo geral, além de serem contraditórias com relação ao futuro espiritual do homem, ainda o ameaçam com a condenação eterna, e isso acaba sendo pior do que a perspectiva do nada.. Já, o Espíritismo apresenta uma explicação racional, de que não estamos nesta vida pela primeira vez, nem pela última. Há uma sequência natural de existências, através das quais vamos colhendo experiências, que nos ajudam a progredir espiritualmente, em busca de um futuro glorioso.

Quem, de fato, tem essa convicção, não pode ver a morte como algo apavorante, embora, é claro, ninguém deseje morrer? O Espiritismo afirma plica que devemos ter um medo natural da morte, mas no sentido de que devemos preservar no máximo a nossa vida, por ser importante e fundamental para nossa evolução. Mas, desde que a morte aconteça – por exemplo, no seio de nossa família – devemos aceitá-la, não como um castigo, mas como uma bênção, porque ela faz parte da ordem natural das coisas; ela assinala um importante momento de transição na escalada evolutiva do Espírito.

Allan Kardec trata muito bem dessa questão no livro “O CÉU E O INFERNO, OU A JUSTIÇA DE DEUS SEGUNDO O ESPIRITISMO”. Nos dois primeiros capítulos desse livro, ele mostra que o espírita convicto não tem apenas uma esperança da vida futura; na verdade, ele sabe que a vida continua e, portanto, não se impressiona com os acontecimentos desta vida, por piores lhe pareçam, inclusive com a morte. Mas, para que adquira essa segurança e essa serenidade, ele precisa conhecer de fato o Espiritismo; e quanto mais conhecer, melhor.

As pessoas, na sua maioria, no entanto, estão à espera de milagres. Elas não querem explicação lógica e racional para os fatos da vida; preocupam-se em buscar apenas respostas prontas de conteúdo mágico para aquilo que ainda não conseguiram entender. E quanto menos entender, melhor. A Doutrina Espírita, por outro lado, encara a vida e a morte com naturalidade e com realismo. O problema não são os fatos em si – que reputamos bons ou maus - mas como nós encaramos esses fatos e como reagimos diante deles.

É por isso que o Espiritismo não exige que ninguém o siga e nem quer ser aceito cegamente. Apenas se apresenta com sua proposta de vida. Ouve-o quem quiser. Segue-o quem encontrar nele uma base explicativa da vida e se firme, por livre convicção, em seus princípios. Eis a grande conquista de que falou Kardec. As convicções, na verdade, formam-se naqueles que, por si mesmos, buscam a verdade e não naqueles que esperam que a verdade os procure, razão pela qual Jesus afirmou “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Aliás, foi Jesus quem deu o mais eficaz testemunho da imortalidade. Lendo os evangelhos, percebemos que, apesar do que ele ensinou e mostrou aos seus seguidores por argumentos lógicos e racionais, quando, em vida, quase não conseguiu convencer ninguém. Só depois da morte, quando passou a aparecer, é que despertou a atenção para sua doutrina, até porque não haveria sentido em ensinar o amor ao próximo, a abnegação e o sacrifício pela boa causa, se a vida simplesmente terminasse no túmulo.













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