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domingo, 5 de setembro de 2021

CONECTANDO COM FORÇAS SUPERIORES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O iluminado Paulo de Tarso escreveu aos Corintios na primeira das cartas a ele dirigidas: - “Se eu, pois, ignorar a significação das palavras, serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim. – Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. – E se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o amém depois da tua ação de graças? visto que não entende o que dizes. – Porque tu, de fato, dás bem as graças, mas o outro não é edificado”. O trecho foi resgatado por Allan Kardec em artigo reproduzido no número de agosto de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, que  ele procura esclarecer duvidas sobre o conteúdo do último capítulo do livro O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO que se constitui numa coletânea de preces sugeridas aos leitores da obra. Explica que “elas fazem parte das comunicações dadas pelos Espíritos; nós as reunimos no capítulo consagrado ao exame da prece, como agregamos a cada um dos outros capítulos as comunicações que lhes diziam respeito”. Sobre a enunciação de preces em idiomas diferentes do profitente, pondera que “todas as religiões antigas e pagãs tiveram sua língua sagrada, língua misteriosa, inteligível apenas aos iniciados, mas cujo sentido verdadeiro era oculto ao vulgo, que a respeitava tanto mais quanto menos a compreendia. Isto podia ser aceito na época da infância intelectual das massas; mas hoje, que estão espiritualmente emancipadas, as línguas místicas não têm mais razão de ser e constituem um anacronismo; querem ver tão claro nas coisas da religião quanto nas da vida civil; não se pede mais para crer e orar, mas se quer saber por que se crê e o que se pede orando”. Embora as gerações atuais ignorem, o fato é que até pouco depois da metade do século 20, as orações publicas nos templos da escola religiosa dominante no Ocidente, “o latim, de uso habitual nos primeiros tempos do Cristianismo, tornou-se para a Igreja a língua sagrada, e é por um resquício do antigo prestígio ligado a essas línguas, que a maioria dos que não o sabem recitam a oração dominical nessa língua, em vez de na sua própria. Dir-se-ia que ligam a isto tanto mais virtude quanto menos a compreendem. Por certo, não foi essa a intenção de Jesus quando a ditou, e tal não foi, igualmente, a de São Paulo, quando disse: “Se eu orar em outra língua, o meu Espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera”. Ressaltamos, prossegue Allan Kardec “a necessidade das preces inteligíveis. Aquele que ora sem compreender o que diz, habitua-se a ligar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele as palavras é que são eficazes, mesmo que o coração em nada tome parte. Assim, muitos se julgam desobrigados depois de recitarem algumas palavras que os dispensam de se reformarem. É fazer da Divindade uma ideia estranha acreditar que ela se deixe pagar por palavras em vez de atos, que atestam uma melhora moral” Orienta, por fim, que “a principal qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que não passam de falsos adereços; cada palavra deve ter o seu alcance, despertar um pensamento, agitar uma fibra; numa palavra, deve fazer refletir; só com esta condição a prece pode atingir o seu objetivo, do contrário não passa de ruído”.


 Se Deus sabe tudo que pensamos, porque ele lê os nossos mais secretos pensamentos, então quem vai rezar na igreja, mas que é egoísta, invejoso e deseja o mal ao próximo,  não pode enganá-lo. Será que pessoas assim têm consciência do que estão fazendo?  ( Douglas)

 Bem interessante a sua colocação, Douglas. Vamos refletir sobre ela.  Há, nos evangelhos, pelo menos duas referências de Jesus neste sentido.  Uma é quando, no sermão da montanha, ele recomenda que, ao dirigir-se ao templo, antes de fazer a oferta, deixe a oferta diante do altar e volte para reconciliar com o adversário.  (É bom que se diga que sempre que o judeu ia ao templo, ele levava alguma oferta. Isso fazia parte de seu ritual religioso). Feita a reconciliação com o adversário, conclui Jesus, retorne ao templo e aí, então, faça a sua oferta.

 Esta colocação, praticamente, define que a condição mais importante, que Jesus colocou na prece, é a pureza de coração. Ou seja, para Deus, a maior oferta é sempre o coração livre de maldade, de ódio, de rancor. Repare que, quando Jesus fala em reconciliar com o adversário antes de fazer a prece, há duas situações que podem estar ocorrendo. Uma delas é o  fato de a pessoa ter ofendido alguém, causando-lhe algum prejuízo, algum sofrimento.  Neste caso, ela precisa do perdão do ofendido para ficar  bem consigo mesma e, portanto, com Deus.

 Na segunda situação, é quando foi ela a ofendida, foi ela a prejudicada, a vítima.  Neste caso, ela está magoada, ferida  e, portanto, odiando ou desejando o mal àquele que a ofendeu. Também, aqui, ela não pode estar bem consigo mesma, pois está odiando um filho de Deus e, portanto, não vai encontrar Deus em seu coração. É preciso que ela perdoe o ofensor para que Deus a perdoe. Não é que diz a oração do Pai Nosso?

 Nenhuma dessas duas situações é fácil para ninguém. Nenhum de nós está isento de maldade no coração – ou porque fomos magoados, ou porque magoamos alguém. Portanto, todos nós, invariavelmente, precisamos aprender a perdoar e a pedir perdão. Porque tanto o  perdão que concedemos a alguém, quanto o perdão que alguém nos possa conceder, são chaves para a libertação do mal que impera em nosso coração, condição indispensável para que a nossa consciência se sinta leve, limpa  e tranqüila - e Deus possa se manifestar por ela.

Jesus também contou a parábola do fariseu e do publicano, que foram ano templo orar. O fariseu – religioso por excelência e crente de que Deus estava somente com ele – falava com arrogância, dizendo que era bom e que merecia a proteção divina. Já, o publicano – considerado um homem do mundo,  materialista, calculista – sentia vergonha de estar ali diante do altar e pedia a Deus que perdoasse seus erros. A soberba do fariseu impediu que seu pedido chegasse a Deus, e a sinceridade do publicano foi, sem dúvida, a melhor prece – concluiu Jesus.

 Então, Douglas, como você mesmo está concluindo, a prece ou oração, sendo um contato espiritual com Deus, revela o que temos em nosso coração, o que somos. Podemos enganar os outros e, por vezes, podemos enganar a nós mesmos, mas não enganamos a Deus. Se a prece não estiver revestida de um sentimento puro e um propósito elevado de buscar Deus em nossa vida, ela certamente não alcança sua finalidade. É por isso que, no Pai Nosso, Jesus deixou muito clara essa condição, quando disse: “perdoa as nossas ofensas, assim como perdoamos aos que nos ofendem”. 

 

 

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