faça sua pesquisa

segunda-feira, 15 de junho de 2020

COISAS BEM DIFERENTES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


O Espiritismo detém o mérito não só de ter definido e explicado a mediunidade, mas, de ter revelado no lado Ocidental da Terra que todas as criaturas humanas são médiuns, o que as torna passíveis de sofrer influências do Mundo Espiritual, em maior ou menor intensidade. Apesar das tentativas de desenvolver classificações próprias da imensa variedade de sensitivos e paranormais, a Metapsíquica do médico do fisiologista Charles Richet e a Parapsicologia do pesquisador Joseph Banks Rhine, o trabalho de Allan Kardec continua válido e referência aos estudiosos, sobretudo através d’ O LIVRO DOS MÉDIUNS. O século XX, de forma mais exuberante no Brasil, expôs o trabalho de médiuns extraordinários em várias frentes de atuação da Espiritualidade, combatendo a acentuada evolução do materialismo, na verdade procurando evidenciar a realidade da sobrevivência após a morte do corpo físico. De forma ostensiva na poesia; na literatura; nas demonstrações propiciadas por Espíritos de célebres pintores; compositores clássicos; nas confortadoras manifestações de criaturas separadas de entes queridos de forma abrupta; nas impactantes cirurgias invasivas levadas a efeito em vários países latinos. Ignorante por vezes, mal intencionada outras, a imprensa associa muitos dos fenômenos dos diferentes tipos citados ao Espiritismo. Ocorre que a mediunidade é tão neutra quanto a inteligência. Tanto é médium o individuo moralmente equilibrado quanto o não. Em artigo reproduzido na REVISTA ESPIRITA de outubro de 1867, Allan Kardec tece interessantes comentários sobre aspecto observado em muitos casos impactantes no campo das curas, em que podemos incluir desde Arigó, no Brasil e Tony Agpoa, nas Filipinas, até os produzidos pela maioria dos médiuns da atualidade. Pergunta: -“Porque esta faculdade hoje se desenvolve quase que exclusivamente nos ignorantes, em vez de nos homens de ciência? Pela razão muito simples que, até agora, os homens de ciência a repelem. Quando a aceitarem, vê-la-ão desenvolver-se entre si, como entre os outros. Aquele que hoje a possuísse iria proclamá-la? Não: ocultá-la-ia com o maior cuidado. Desde que ela é inútil em suas mãos, porque lha dar? Seria o mesmo que dar um violão a um homem que não sabe ou não quer tocar. A este estado de coisas junta-se outro motivo capital. Dando aos ignorantes o dom de curar males que os sábios não podem curar, é para provar a estes que nem tudo sabem, e que há leis naturais além das que a ciência reconhece. Quanto maior a distância entre a ignorância e o saber, mais evidente é o fato. Quando se produz naquele que nada sabe, é uma prova certa de que ali em nada participou o saber humano. Mas como a ciência não pode ser um atributo da matéria, o conhecimento do mal e dos remédios por intuição, como a faculdade de vidência, só podem ser atributos do Espírito. Elas provam no homem a existência do Ser espiritual, dotado de percepções independentes dos órgãos corporais e, muitas vezes, de conhecimento adquiridos anteriormente, numa precedente existência. Esses fenômenos tem pois, ao mesmo tempo, a consequência de serem úteis à Humanidade, e de provar a existência do princípio espiritual”. Argumentos de Clélie Duplantier, uma das sóbrias entidades habitualmente presente nas reuniões da Sociedade Espírita de Paris, em mensagem psicografada pelo médium Sr Deliens, em 23 de fevereiro de 1867, merecem reflexão: -“Quanto àquele que é apenas médium, sendo instrumento, pode ser mais ou menos defeituoso, e os atos que se operam por seu intermédio de modo algum o impedem de ser imperfeito, egoísta, orgulhoso e fanático. Membro da grande família humana, ao mesmo título que a generalidade, participa de todas as suas fraquezas. Lembrai-vos destas palavras de Jesus: “Não são os que tem saúde que precisam de médico”. Então há que ver um sinal de bondade da Providência, nessas faculdades que se desenvolvem em meios e em pessoas imperfeitas. É um meio de lhes dar a fé que, mais cedo ou mais tarde, conduzirá ao Bem; se não for hoje, será amanhã; são sementes que não estão perdidas, porque vós, Espíritas sabeis que nada se perde para o Espírito. Se não é raro, em naturezas moral e fisicamente mais abruptas, encontrar faculdades transcendentes, isto se deve a que essas individualidades, tendo pouca ou nenhuma vontade pessoal, limitam-se a deixar agir a influência que as dirige. Poder-se-ia dizer que agem por instinto, ao passo que uma inteligência mais desenvolvida, querendo se dar conta da causa que a põe em movimento, por vezes colocar-se-ia em condições que não permitiriam uma realização tão fácil dos desígnios providenciais. Por mais bizarros e inexplicáveis que sejam os efeitos que se produzem aos vossos olhos, estudai-os atentamente”. Como se vê, Espiritismo, médiuns e fenômenos são coisas bem diferentes, competindo ao primeiro apenas facilitar a análise e interpretação do segundo e terceiro ou orientar seu exercício.

 Uma leitora fez referência ao processo de canonização de Madre Teresa de Calcutá pela Igreja Católica, fato que, segundo ela, não teve grande tanta repercussão nem no meio católico, porque poucas pessoas falaram disso. A questão, que ela coloca, é sobre o poder que a Igreja veio perdendo com o tempo, porque hoje a religião não tem mais tanta força e um tema, como esse que, no passado, poderia ser tão comentado, hoje se fala tão pouco. Ela quer saber o que pensamos.

 Não podemos ter ingerência nos assuntos da Igreja, mas podemos abordar a questão sob um ângulo mais amplo num cenário que, como você se referiu, está bem longe daquele que predominava principalmente na Idade Média, aqui no mundo ocidental, quando uma religião se impunha de forma autoritária, exigindo fidelidade absoluta de todos.
 A figura de Madre Teresa é altamente respeitável, sabemos disso, embora haja críticos ainda inconformados com o seu trabalho, mas que não fazem nada com espírito de abnegação e amor ao próximo. Logo, isso não tira de Madre Teresa os méritos diante do grande público. A humanidade caminha hoje para uma visão cada vez mais ampla do papel da religião e dos próprios religiosos. Não podemos mais ficar enquistados nos grupos fechados, que achavam que só eles estão com Deus e só eles podem alcançar toda a verdade.
  Os últimos papas, principalmente de João XXIII para cá, vieram com um forte sentimento de renovação e, retomando alguns mártires da própria Igreja, como Francisco de Assis e Vicente de Paulo por exemplo, pregam a religião – e não apenas uma única religião, mas a religião universal do amor, que é o que mais precisamos. Não estamos dizendo que as diferenças religiosas vão acabar, mas, sim, que os seguidores das diversas crenças têm em comum o mais elevado sonho da humanidade, a fraternidade e a paz, que Jesus e os grandes mestres do passado ensinaram.
 Logo, é em torno desse sonho ou desse ideal que as forças religiosas devem atuar – como fez Teresa de Calcutá, que não é santa simplesmente porque foi canonizada, mas porque deixou um exemplo de vida que sintetiza o ideal da fraternidade e da solidariedade humana. O título, que ela recebeu portanto, não é apenas o reconhecimento da sua igreja, mas uma constatação que ficou patente para o mundo todo. Santidade, para nós,  não é título, é mérito perante a Lei de Deus.
 Quanto ao mais, respeitamos os procedimentos da Igreja quanto ao fato de lhe conferir essa honraria, porque fazem parte de sua tradição e de seus dogmas de fé, mas os adeptos das outras religiões e mesmo os que não professam religião alguma, evidentemente, só podem, o quanto muito, valorizar o caráter de Madre Tereza, o esforço, a dedicação e a coragem com que se arrojou a uma missão extremamente difícil, que lhe custou sacrifício próprio, inclusive as rajadas de críticas que foram desferidas contra ela.
  Do ponto de vista espírita, cara ouvinte, achamos perfeitamente normal que um Espírito da grandeza moral de Teresa de Calcutá seja reconhecido e sirva de exemplo para todos nós, pois, para fazer o bem que fez, deve ocupar uma posição espiritualmente elevada. Para nós seus milagres não foram bem esses recentemente apontados, de curar uma ou duas pessoas, mas o milagre do amor que ela soube administrar por tantos anos em favor de milhares de pobres e abandonados.



















  


Nenhum comentário:

Postar um comentário