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terça-feira, 9 de abril de 2024

A VISÃO DE DEUS, EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Estando  Deus  por toda a parte, por que não o vemos? Ve-lo-emos deixando a Terra? Tais são também as perguntas que se colocam diariamente. A primeira é fácil de se resolver: os nossos órgãos materiais têm percepções limitadas, que os tornam impróprios para a visão de certas coisas, mesmo materiais. É assim que certos fluidos escapam totalmente à nossa visão e aos nossos instrumentos de análise. Vemos os efeitos da peste e não vemos o fluido que a transporta; vemos os corpos se moverem sob a influência da força da gravidade, e não vemos essa força. As coisas de essência espiritual não podem ser percebidas por órgãos materiais; não é senão pela visão espiritual que podemos ver os Espíritos e as coisas do mundo espiritual; só a nossa alma pode, pois, ter a percepção de Deus. Ela o vê imediatamente depois da morte? É o que só as comunicações de além-túmulo podem nos ensinar. Por elas, sabemos que a visão de Deus não é o privilégio senão das almas mais depuradas, e que assim bem poucos possuem, deixando seu envoltório terrestre, o grau de desmaterialização necessário. Algumas comparações vulgares o farão facilmente compreender. Aquele que está no fundo de um vale, cercado de uma bruma espessa, não vê o sol; no entanto, à luz difusa, julga da presença do sol. Se ele sobe a montanha, à medida que se eleva o nevoeiro clareia, a luz torna-se cada vez mais viva, mas não vê ainda o sol. Quando começa a percebê-lo, está ainda velado, porque um menor vapor basta para enfraquecer-lhe o brilho. Não é senão quando se está completamente elevado acima da camada brumosa, que, se encontrando num ar perfeitamente puro, ele o vê em todo seu esplendor. Ocorre o mesmo com aquele cuja cabeça estaria envolvida debaixo dos véus; primeiro, ele não vê nada do todo; a cada véu que se levanta, distingue um lampejo cada vez mais claro; não é senão quando o último véu desapareceu que ele percebe nitidamente as coisas. Ocorre o mesmo ainda com o licor carregado de matéria estranha; de início está turvo; a cada destilação sua transparência aumenta, até que, estando completamente depurado, ele adquire uma limpidez perfeita e não apresenta nenhum obstáculo a visão. Assim o é com a alma. O envoltório perispiritual, se bem que invisível e impalpável para nós, é para ele uma verdadeira matéria, muito grosseira ainda para certas percepções. Esse envoltório se espiritualiza à medida que a alma se eleva em moralidade. As imperfeições da alma são como os véus que obscurecem sua visão; cada imperfeição da qual se desfaz é um véu a menos, mas não é senão depois de estar completamente depurada que ela goza da plenitude de suas faculdades. Sendo Deus, a essência divina por excelência, não pode ser percebido em todo o seu brilho senão pelos Espíritos chegados ao mais alto grau de desmaterialização. Se os Espíritos imperfeitos não ouvem, não é porque dele estejam mais afastados do que os outros; como eles, como todos os seres da natureza, estão mergulhados no fluido divino; como nós o estamos na luz, os cegos também estão mergulhados na luz, e no entanto não a vêem. As imperfeições são véus que tiram Deus da visão dos Espíritos inferiores; quando o nevoeiro estiver dissipado, vê-lo-ão resplandecer: para isto, não terão necessidade nem de subir, nem de ir procurá-lo nas profundezas do infinito; a visão espiritual estando desembaraçada de véus morais que a obscurecem, ve-lo-ão em qualquer lugar que se encontrem, fosse mesmo sobre a Terra, porque ele está por toda a parte. O Espírito não se depura senão com o tempo, e as diferentes encarnações são os alambiques no fundo dos quais deixa, a cada vez, algumas impurezas. Deixando seu envoltório corpóreo, não se despoja instantaneamente de suas imperfeições; é porque há os que, depois da morte, não vêem mais Deus do que quando vivos; mas, à medida que se depuram, dele têm uma intuição mais distinta; se não o vêem, o compreendem melhor; a luz é menos difusa. Quando, pois, os Espíritos dizem que Deus os proíbe de responder a tal pergunta, não é que Deus lhes apareça ou lhes dirija a palavra para prescrever-lhes ou lhes proibir tal ou tal coisa. Não; mas o sentem, recebem os eflúvios de seu pensamento, como isto nos ocorre com relação aos Espíritos que nos envolvem com o seu fluido, embora não os vejamos. Nenhum homem pode, pois, ver Deus com os olhos da carne. Se esse favor fosse concedido a alguns, isto não seria senão no estado de êxtase, quando a alma está tanto mais desligada dos laços da matéria quanto isto é possível durante a encarnação. Aliás, um tal privilégio não seria senão o das almas de elite, encarnadas em missão e não em expiação. Mas como os Espíritos de ordem mais elevada resplandecem num brilho ofuscante, pode ser que os Espíritos menos elevados, encarnados ou desencarnados, tocados pelos esplendores que o cercam, tenham acreditado ver o próprio Deus. Vê-se, às vezes, um ministro ser tomado pelo seu soberano. Sob qual aparência Deus se apresentaria àqueles que se tornaram dignos de favor? Sob uma forma qualquer? Sob uma figura humana, ou como um foco resplandecente de luz? É o que a linguagem humana está impossibilitada de descrever, porque não existe, para nós, nenhum ponto de comparação que possa dele dar uma idéia; somos como cegos a quem se procuraria em vão fazer compreender o brilho do sol. Nosso vocabulário é limitado às nossas necessidades e ao círculo de nossas ideias; o dos selvagens, não saberia pintar as maravilhas da civilização; o dos pobres mais civilizados é muito pobre para descrever os esplendores dos céus, nossa inteligência muito limitada para compreendê-los, e a nossa vista muito fraca por ele seria ofuscada.NOTA- O texto acima é de autoria de Allan Kardec que com a logica de seus raciocínios nos mostra quanto ainda estamos distantes de ter uma visão clara de DEUS. Inserido na edição de maio de 1866 da REVISTA ESPÌRITA. (RE/5/66)



Um dia desses vi na televisão uma frase que me chamou a atenção. Ela dizia, mais ou menos, o seguinte: “ Quem vai resolver os problemas do mundo não são as pessoas caridosas, mas, sim, as pessoas competentes”. O que vocês podem dizer sobre isso? (Suely)


Quem fez esta afirmação, com certeza, só pensou em caridade como assistencialismo, ou seja, como uma forma de estar sempre doando as coisas para pessoas necessitadas; aliás, um jeito simples de resolver um problema imediato, mas não se resolver definitivamente os problemas humanos. É claro que agindo somente dessa maneira, nós não vamos resolver os problemas do mundo. Precisamos mais do que boa vontade, desprendimento, dedicação, amor ao próximo – precisamos também de competência.


Na visão materialista, a competência é a capacidade de fazer bem as coisas, de alcançar plenamente as metas pretendidas. Assim, podemos pensar no administrador competente, no médico competente, no mecânico competente, no agricultor competente, na costureira competente. Mas somente a competência ainda não é suficiente. O que devemos levar em consideração também é o caráter da pessoa. Há pessoas competentes para fazer o bem, do mesmo modo que há competentes para fazer o mal.


Dizem que Adolf Hitler, o grande ditador alemão, que mandou sacrificar milhões de judeus e assustou o mundo com o seu desejo de conquista, era um político competente. Ora, sua competência consistia em fazer bem as coisas – mas só as coisas que lhe interessavam. Assim, existem também o ladrão competente, o assassino competente – ou seja, pessoas que demonstraram extraordinária competência no mundo da violência e do crime e da corrupção. Com certeza, não é dessas pessoas competentes que precisamos para revolver os problemas do mundo.


Os principais problemas do mundo - a miséria e a fome, o analfabetismo, as epidemias, o preconceito e a violência, as guerras e o terrorismo – são o reflexo de nossos problemas pessoais, da ignorância e da maldade humanas, do egoísmo e do orgulho, que são dimensões de nossa personalidade que precisam ser trabalhadas dentro de princípios elevados, como o respeito, a fraternidade e a solidariedade. Sem isso, para que serve a competência, senão para continuar fazendo mais vítimas e aumentando os sofrimentos da humanos?


Desse modo, quem afirma que a caridade não resolve é porque não sabe o que é caridade ou considera que a caridade seja apenas dar graciosamente as coisas aos pobres. Mas caridade não pode ser só isso. Isso é apenas um aspecto ou o começo do exercício da caridade, quando nos propomos a aprender a respeitar e a amar o próximo que precisa de um socorro urgente. Entretanto, a caridade, no seu sentido amplo, não dispensa o estudo, o conhecimento, o aprimoramento da inteligência e a capacidade de realização.


O sentido de caridade, do ponto de vista espírita ( benevolência, indulgência e perdão), é muito amplo. E isso levou Allan Kardec a considerar que só alcançaremos paz na Terra, quando tivermos governantes e governados moral e intelectualmente desenvolvidos, acima da mesquinhez e do egoísmo interesseiro, pois o progresso completo da civilização se realiza nesses dois sentidos: tanto o moral quanto o intelectual.


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