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terça-feira, 26 de abril de 2022

OS PRIMEIROS PASSOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No número de janeiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec responde a uma pergunta cuja resposta certamente é procurada por muitos. A indagação propõe a seguinte situação: “-Duas almas, criadas simples e ignorantes, nem conhecem o bem, nem o mal, ao virem à Terra. Se, numa primeira existência, uma seguir a via do bem e a outra, a do mal, como, de certo modo, é o casos que as conduz, nem merecem expiação nem recompensa. Essa primeira encarnação não deve ter servido senão para dar a cada uma delas a consciência de sua existência, consciência que antes não tinham. Para ser lógico, seria preciso admitir que as expiações e as recompensas não começariam a ser inflingidas ou concedidas senão a partir da segunda encarnação, quando os Espíritos já soubessem distinguir entre o Bem e o mal, experiência que lhes faltaria quando de sua criação, mas que adquiriam por meio da primeira encarnação. Tal opinião tem fundamento?”. Como consta n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, “o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco, após o que sofre uma transformação e se torna Espírito, começando para ele o período de Humanidade. Essa primeira fase – embora existam exceções -, é geralmente cumprida numa série de existências que precedem o período chamado Humanidade, não sendo a Terra o ponto de partida da primeira encarnação humana, iniciada em mundos ainda mais inferiores”. .Dizem ainda que “como na natureza nada se faz de maneira brusca, durante algumas gerações o Espírito pode conservar um reflexo mais ou menos pronunciado do estado primitivo, traços que desaparecem com o desenvolvimento do livre arbítrio. Os primeiros progressos se realizam lentamente, porque não são ainda secundados pela vontade, mas seguem uma progressão mais rápida à medida que o Espírito adquire consciência mais perfeita de si mesmo. Esclarecendo a dúvida levantada. Kardec escreveu: “- Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações do Espírito(...). Apenas sabemos que são criadas simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre arbítrio só se desenvolve pouco a pouco, após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem após a segunda encarnação que a alma tem consciência bastante nítida de si mesma, para ser responsável por seus atos; talvez só após a centésima ou milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. E, ainda, quando a alma goza do livre-arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento da inteligência. Assim, por exemplo, um selvagem que come os seus semelhantes é menos castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Sem dúvida os nossos selvagens estão muito atrasados em relação a nós e, contudo, já estão bem longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos a alma encarnada é submetida a influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes ou, melhor dito, se equilibram com a inteligência; mais trade, e sempre gradativamente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade. Se houvesse acaso ou fatalidade, toda responsabilidade seria injusta. Como dissemos, o Espírito fica num estado inconsciente durante numerosas encarnações; a luz da inteligência só se faz pouco a pouco e a responsabilidade real só começa quando o Espírito age livremente e com conhecimento de causa. O segundo erro é o de admitir que as primeiras encarnações ocorram na Terra. Julgue-se agora o número de existências necessárias a esses selvagens para transporem todos os degraus que os separam da mais adiantada Civilização. Todos esses degraus intermediários se acham na Terra sem interrupção, e podem ser seguidos observando as nuanças que distinguem os vários povos; só o começo e o fim aí não se encontram..



Por que será que a gente tem tanta dificuldade de corrigir um defeito, por menor que seja, e muita facilidade para cometer um erro? Tem gente que fala que é porque todos nascemos com o pecado original. (Suely)


A Doutrina Espírita não admite o dogma do pecado original. Ela ensina que todos somos Espíritos em processo de evolução e que trazemos tendências do passado, que ainda não conseguimos superar. Se você pesquisar o passado da humanidade e correr os olhos no que veio acontecendo com o ser humano, desde os tempos da caverna até hoje, vai perceber que realmente existe um aperfeiçoamento lento e gradual da espécie humana. No passado remoto, milhões de anos atrás, éramos seres violentos e muito pouco inteligentes, como qualquer animal, usando a força bruta e lutando uns contra os outros para sobreviver. Hoje, já percorremos um longo caminho e estamos muito mais avançados do que o homem da caverna.


É claro que temos muitos defeitos, muitas arestas a acertar, porque não alcançamos ainda o ideal que buscamos. Mas já fomos piores do que somos hoje. Atualmente, no mundo civilizado, estamos aprendendo a conviver, a observar certas regras, aceitando um ao outro; lutando pelos nossos direitos, mas respeitando os direitos dos outros. Já diminuímos muito a intensidade de nossos conflitos, mas ainda não estamos insatisfeitos com a própria conduta moral. Certamente, porque almejamos mais: a evolução é um caminho longo e difícil, que vai exigindo um esforço cada vez mais de cada um de nós e da coletividade como um todo. Não foi Jesus que disse: “se perfeitos como perfeito é vosso Pai Celestial?”


Só o fato de aceitarmos que somos falhos, prezada ouvinte, já é um sinal de progresso. E o de reconhecermos que é difícil melhorar, outro sinal de progresso. Acontece que o caminhar evolutivo é cheio de obstáculos, e o maior obstáculo está dentro de nós. O que você me diz do egoísmo, do orgulho, da acomodação no erro? É claro que todos queremos melhorar: mas, entre querer e se esforçar para tanto, há grande uma distância. Uma coisa é o interesse, outra a vontade. Mas para que alcancemos uma meta mais ousada em matéria de aperfeiçoamento temos de aprender disciplina.


Foi isso que Emmanuel pediu ao Chico Xavier, quando ele começou a praticar a mediunidade: disciplina, disciplina e disciplina. Na verdade, a disciplina é o esforço concentrado numa meta que precisamos alcançar. E ela pode dar bons resultados, quando nos empenhamos suficientemente, a partir dos gestos mais simples. Precisamos programar melhor a nossa vida. Aliás, no dia-a-dia, estamos sendo solicitados a desenvolver pequenos hábitos que, se forem convenientemente observados, poderão nos ajudar. Por exemplo: pequenas atitudes em casa quanto ao trato com familiares, cuidados de higiene e limpeza, fidelidade aos compromissos, observância de horário, etc.


É claro que nada é fácil, porque temos de nos empenhar sempre. No entanto, se temos dificuldade de seguir um pequeno regime, que o médico nos passa, para evitar maiores problemas de saúde, quanto mais se se tratar de um defeito moral, como ser áspero com familiares, deixar de auxiliar um estranho ou, pior ainda, um amigo. Contudo, Jesus deixou bem claro que a única maneira pela qual vamos fazer as pazes conosco mesmos – ou seja, atender aos reclamos da própria consciência – é evitando o mal e fazendo o bem. Por isso, devemos começar sempre pelas coisas que já podemos fazer, valorizando e aproveitando cada minuto da vida.





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