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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

ATUALÍSSIMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Abrindo a pauta da REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1859, Allan Kardec apresenta interessante matéria intitulada “DEVEMOS PUBLICAR TUDO QUANTO OS ESPÍRITOS DIZEM?” que se mostra atualíssima, especialmente diante da profusão de títulos que disputam lugar nos expositores das livrarias ou catálogos de editoras e distribuidoras, demonstrando acirrada disputa por qual apresenta “revelações” ou “novidades” mais originais. Como livros espíritas se tornaram até meio de vida, revisões doutrinárias ou fundamentadas no bom senso, inexistem. O alvo é um público ávido por contéudos que chegam a ser estapafúrdios. As ponderações de Kardec sugerem reflexões. Diz ele: “- Esta pergunta nos foi dirigida por um dos nossos correspondentes. Respondemo-la da maneira seguinte: Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens? Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra o envoltório visível. Despojando-se, porém, do homem carnal, nem todos se revestiram, por isso mesmo, da túnica dos anjos. Há Espíritos de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade – eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, desatentos e brincalhões; falsos sábios, vãos e orgulhosos, de um saber incompleto; hipócritas, malévolos e, o que nos parecia inexplicável, se de algum modo não conhecêssemos a fisiologia desse mundo, há sensuais, vilões e crapulosos que se arrastam na lama. Ao lado disto, sempre como na Terra, temos seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes. Como, entretanto, nosso mundo não está na primeira nem na última posição, embora mais vizinho da última que da primeira, disso resulta que o mundo dos Espíritos abrange seres mais avançados intelectual e moralmente que nossos homens mais esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores. Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se com os homens, de exprimir seus pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser um reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios. Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias, científicas o sublimes, conforme seus caráter e sua elevação. Revelam-se por sua própria linguagem. Daí a necessidade de não aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e submetê-lo a controle severo. Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo que com os discursos de certos homens, poder-se-ia fazer uma coletânea muito pouco edificante(...). Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido um pouco delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas (...). O mal é dar como sérias, coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências. Nesse caso, o perigo é maior do que se pensa. Para começar, tais publicações tem o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de examiná-las e discernir entre o verdadeiro e o falso, principalmente numa questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários que não perdem a oportunidade para tirar deste fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita; porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas que são notórios absurdos (...). As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem qual a atitude que convêm a este respeito. Sabem que os Espíritos zombeteiros não tem o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis. Mas sabem também que esses Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar, que não sabem ou não querem esclarecidas suas astúcias pelos meios já conhecidos (...). Os Espíritos vão aonde acham simpatia e onde sabem que serão ouvidos (...).Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento”.


Lendo alguns livros que falam sobre a inquisição, não me conformo como é que o homem foi capaz de cometer tantas barbaridades em nome de Deus. Ainda bem que já passamos desse tempo e vivemos numa época em que as religiões estão mais tolerantes. Por isso, acredito na evolução. ( D.B.S.)

 A sua observação é bem oportuna. De fato, nós todos precisamos conhecer um pouco da História da Humanidade para saber quanto sangue correu nos séculos passados, sacrificando inocentes, por causa da religião e, certamente, de outros interesses que quase sempre, envolvem as instituições religiosas. É por isso que estudamos História na escola. A História exista para que possamos compreender o caminhar da humanidade e conhecer o rumo que ela está seguindo. Conhecendo o passado, podemos entender o presente e nos preparar para o futuro.

 Do ponto de vista espírita, caro ouvinte – embora todos nós, hoje, condenemos a violência, seja a que pretexto for – essa trajetória da humanidade, como você mesmo percebe, é perfeitamente compreensível, pois, seguiu o caminho evolutivo bem lento da humanidade. Aos poucos, o homem veio descortinando o verdadeiro significado de Deus, embora Jesus, há 2 mil,  tenha resumido o conceito de Deus na palavra “amor”, até aos inimigos.

 Mas, o homem, com muita dificuldade, com tropeços e quedas,  veio melhorando com o passar dos séculos, até hoje.As leis, na maioria dos países, são mais humanas, respeitam cada vez mais o homem nos seus direitos que, no passado, não eram reconhecidos. E,  a não ser em países dominados por  oligarquias religiosas, onde predomina o fanatismo, o  homem hoje é mais livre para escolher a religião que mais atenda às suas crenças e anseios.

  Imagine você que a inquisição foi apenas um dos episódios de violência religiosa na história do mundo. Não foi o único. Ainda hoje,  temos por parte de certos grupos religiosos e políticos atos terroristas em nome de Deus.  Aliás, para medirmos a extensão da violência, que se praticava em nome de Deus, basta abrir a Bíblia, tido como um livro sagrado O Antigo Testamento está cheio de guerras santas e violência, de assassinatos e chacinas, promovidos pela religião. O próprio Jesus foi exterminado pela intolerância de um grupo religioso.

 Só para dar um exemplo,  se você tem a Bíblia, abra em Números, capítulo 33, a partir do versículo 50, você vai ler o seguinte: “Aí o Senhor disse a Moisés ( Preste atenção nisso!) :  Ordene aos filhos de Israel e dize-lhes: quando tiverdes passado o Jordão, entrando na Terra de Canaã, exterminai todos os habitantes daquele país, quebrai os padrões, reduzi a pó as estátuas e devastai todos os seus lugares altos, purificando a terra e habitando nela, porque eu vô-la dei em possessão, e a repartirei entre vós.” Ora, aqui Deus manda matar e destruir.

 Um pouco atrás, no mesmo livro de Números, capitulo 31, versículo 16, ordenando um massacre aos medianitas, Deus dá mas uma ordem cruel e covarde ao seu povo, através de Moisés, dizendo: “ Matai, pois, todos os varões, mesmo os de tenra idade, e degolai as mulheres que tiveram comercio com os homens; mas, reservai para vós as donzelas e todas as mulheres virgens”.

 É claro que Deus não poderia dar essa ordem e que, se ela foi dada, deve ter partido da própria autoridade de Moisés, que pretendia exterminar os inimigos, roubando suas mulheres. Jesus, mais de mil anos depois, veio corrigir tamanha distorção, apresentando Deus – não mais como um soberano duro e implacável – mas como um Pai de Amor e Misericórdia. Infelizmente, nem assim, os que se disseram seguidores de Jesus, conseguiram refrear tão logo seu ódio religioso, e acabaram promovendo atos violentos como as cruzadas e a inquisição, dos quais, provavelmente, nós fizemos parte, como Espíritos que se acham encarnados naquela época.

 

  

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