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sexta-feira, 27 de agosto de 2021

REMORSO - INDUTOR AO PROGRESSO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Ideia muito presente nas conjecturas e formulações da Psicanalise criada por Freud, o sentimento de culpa é inerente à criatura humana, na medida em que, como Espírito, vai avançando na escala evolutiva. O Espiritismo, através da publicação que o procurava difundir - a REVISTA ESPIRITA, subintitulada jornal de estudo psicológicos -, quase meio século antes do surgimento da Psicologia, preservou vários estudos sobre o tema, tratado na Doutrina pelo termo remorso. No número de agosto de 1867, por exemplo, temos um caso interessante, avaliado pela Espiritualidade numa das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, comentado em seguida pelo próprio Allan Kardec. Apreciando o tema, Um Espírito presente, entre outras coisas, escreveu: - Cada Ser tem a liberdade do bem e do mal, o que chamais de livre-arbítrio. O homem tem em si a consciência, que o adverte quando fez bem ou fez mal, cometeu uma má ação ou descurou de fazer o bem; sua consciência que, como guardiã vigilante, encarregada de velar por ele, aprova ou desaprova sua conduta. Muitas vezes acontece que se mostre rebelde à sua voz, que repila suas inspirações; quer sufocá-la pelo esquecimento; mas jamais ela é completamente aniquilada para que, num dado momento, não desperte mais forte e poderosa e não exerça um severo controle de vossas ações. A consciência produz dois efeitos diferentes: a satisfação de ter agido bem, a paz que deixa a consciência do dever cumprido, e o remorso que penetra e tortura quando se praticou uma ação reprovada por Deus, pelos homens ou pela honra. É, propriamente falando, o senso moral. O remorso, é como uma serpente de mil voltas, que circula em redor do coração e o destrói; é o remorso que sempre faz ouvir as mesmas inflexões e vos grita: Fizeste uma ação má; deverás ser punido; teu castigo só cessará depois da reparação”. Opinando, Allan Kardec acrescenta: – Sem ir buscar aplicações do remorso nos grandes criminosos, que são exceções na sociedade, nós as encontramos nas mais comuns circunstâncias da vida. É esse sentimento que leva todo indivíduo a afastar-se daqueles contra os quais sente que tem censuras a se fazer; em presença deles sente-se mal; se a falta não for conhecida, ele teme ser adivinhado; parece-lhe que um olhar pode penetrar o fundo de sua consciência; vê em toda palavra, em todo gesto uma alusão à sua pessoa, razão por que, desde que se sente desmascarado, retira-se. O ingrato também foge de seu benfeitor, já que sua visão é uma censura incessante, da qual em vão procura desembaraçar-se, pois uma voz íntima lhe grita no fundo da consciência que ele é culpado. Se o remorso já é um suplício na Terra, quão maior não será esse suplício no mundo dos Espíritos, onde não é possível subtrair-se à vista daqueles a quem se ofendeu! Felizes os que, tendo reparado já nesta vida, poderão sem receio enfrentar todos os olhares no mundo onde nada é oculto. O remorso é uma consequência do desenvolvimento do senso moral; não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente. É por isto que os povos selvagens e bárbaros cometem sem remorsos as piores ações. Aquele, pois, que se pretendesse inacessível ao remorso, assimilar-se-ia ao bruto. À medida que o homem progride, o senso moral torna-se mais apurado; ofusca-se ao menor desvio do reto caminho. Daí o remorso, que é o primeiro passo para o retorno ao bem.


A televisão noticiou que um negro, depois de 30 anos de prisão, foi reconhecido como inocente nos Estados Unidos. Ele perdeu 30 anos de sua vida e agora foi libertado. Mas, segundo o Espiritismo, como nada acontece por acaso, essa condenação, mesmo ele sendo inocente, deve trazido culpa de encarnações passadas, caso contrário não aconteceria o que aconteceu. Eu pergunto o seguinte: se ele souber que sua prisão foi o pagamento de uma dívida cármica, mesmo assim, ele tem direito de processar o Estado do tempo que passou injustamente na prisão? (Durval dos Santos)

Não temos dúvida que sim. Pelo bem da sociedade, nada justifica um erro, que causa prejuízo a alguém, mesmo saibamos que o fato em si decorra de um resgate de reencarnações anteriores. Se fosse assim, em nome da Lei de Causa e Efeito, poderíamos nos arvorar em justiceiros, voltando-nos contra os outros ou mesmo nos omitindo na hora que deveríamos agir em favor de alguém. Aliás, isso acontece em certos setores de religiões reencarnacionistas do Oriente, que ainda não compreenderam a verdadeira extensão da Lei de Causa e Efeito no processo evolutivo do Espírito.

Esse homem, na verdade, foi injustiçado pelo Estado de forma grosseira, violenta e preconceituosa, e o Estado precisa responder perante o povo pelo erro cometido. Portanto, não devemos confundir uma coisa com outra. Da mesma forma, se uma pessoa está sofrendo hoje e o alívio de suas dores depende de nós, cabe-nos ir ao seu encontro, dar-lhe o atendimento necessário, sem questionar por que ela está sofrendo.

Todos devemos praticar a justiça e fazer o máximo para não sermos injustos. As nossas ações ou omissões nada têm a verdade com o passado do Espírito. È por isso que nada lembramos de encarnações anteriores. O individuo, a quem devemos respeito e ajuda, é o nosso próximo, é o que está ao nosso lado, agora. A ele devemos fazer todo possível para dar o melhor, da mesma forma que os pais – que procuram cuidar bem de seus filhos – mesmo sendo reencarnacionistas ou espíritas, não questionam quem são foram esses Espíritos no passado. Sua obrigação, sob pena de irresponsabilidade, é o de lhes conferir sempre o melhor tratamento.

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