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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

MAIS DE UMA ENCARNAÇÃO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O estudo de casos baseados em revelações obtidas através da mediunidade demonstra como é lento o processo de retificação de erros cometidos em vidas passadas, seja em prejuízo próprio ou de Espíritos ligados ao causador do problema pelos laços da consanguinidade ou amizade. Por vezes, mais de uma encarnação, visto que o livre arbítrio é um atributo que se amplia à medida que o Ser vai evoluindo. Pesquisando o assunto, destacamos dois exemplos a seguir: 1- EFEITO - Médico, diretor clínico de hospital especializado em recuperação de viciados, casado, pai de três filhos, dois homens e uma mulher. No primeiro ano de vida conjugal, experimentou um relacionamento marcado por brigas, discussões, crises, insatisfação, em face do ciúme doentio e desconfiança da esposa, o que foi atenuado pelo nascimento do primeiro filho. Logo, nasce o segundo. Mais tarde, numa fase em que esboçava a dissolução do lar, mantendo-o desanimado e abatido psiquicamente, impedindo-o de desempenhar com eficiência seu trabalho, nasce a filha, que passaria a representar o escudo que amorteceria os choques resultantes da perseguição da esposa, as brigas e desentendimentos entre os irmãos, além do comportamento do mais velho que, mimado pela mãe, começava, às escondidas uma vida de desregramentos e orgias. CAUSA - Desventuras atuais começaram duas existências antes, quando levando uma vida nômade, conhece numa vila de pescadores na Noruega, uma órfã com a qual passa a conviver por dois anos, até abandoná-la no Porto de Marselha, já em estado de gestação. Na encarnação seguinte, nos Estados Unidos, em meio a muitas dificuldades, forma-se médico, casando-se com a mesma que lhe fora esposa na vida anterior, tendo iniciadas as torturas após o consórcio, com a cisma exacerbada da mulher abandonada no passado até que ela foge com outro, levando a filha resultante de sua união com ele. Combalido, sentindo-se o maior dos sofredores, envolveu-se no tráfico de entorpecentes, integrando-se de corpo e alma no comércio de tóxicos. Rebelando-se um dia por questões comerciais, foi apunhalado por um dos comparsas, morrendo em consequência dos ferimentos. A esposa de hoje é a mesma de ontem; o primeiro filho, aquele com que a esposa o abandonara na vida pregressa, o segundo, o que o prostrara a punhaladas e a filha, aquela que não conhecera quando abandonou a mãe em Marselha e que havia, na vida seguinte, trabalhado como enfermeira auxiliar no hospital em que clinicara nos Estados Unidos e que o assistiu no momento da morte. 2- EFEITO - Mulher, casada há 5 anos, uma filha de 3 anos e grávida do segundo filho, família acrescida de uma tia muito ligada ao casal. Em meio a gestação, passou a revelar irritabilidade com seu estado, desassossego, alimentando-se pouco e padecendo insônia. Sintomas foram se acentuando a ponto dos médicos cogitarem do aborto. Melhoras no final da gravidez, com as crises recrudescendo após o nascimento da criança, repudiada pela mãe que, ante a presença ou choro do bebê, entrava em acessos de fúria, prantos, risos, alucinações, frases incoerentes, sem sentido. Internada, demonstrava alegria quando o leite era posto fora e, mais à frente, maior contentamento ante a afirmativa de que em poucos dias, o leite desapareceria de todo. Tendo alta, impôs, para sua volta, a condição de só retornar ao lar, se a criança fosse morar com a tia. CAUSA - Reflexo de quatro existências antes, na Inglaterra, onde a mãe de hoje, esposa má, orgulhosa e intimamente insatisfeita por ser casada com homem já de idade, que a impossibilitava de usufruir de vida mais livre alegre. O marido atual, era o mesmo de então, poderoso senhor de ricas terras. A filha com 4 anos presumíveis (a mesma de hoje) entregue aos cuidados de velha aia, viúva, que por sua vez, possuía um filho de 8 anos, menino de cavalariça. Numa bela manhã, um acidente mudaria suas histórias, pois, a criança, escapando da vigilância da aia, caiu num precipício, vindo a falecer. Vendo a filha irreconhecível, a mãe mandou chicotear até a morte a pajem e, o filho, correndo em auxílio da mãe, além de chicoteado, foi expulso das terras, passando a sofrer imensamente, vagando sem rumo, até desencarnar pouco tempo depois. Na encarnação seguinte, na Áustria, a castelã, casou-se com rico proprietário de casas de diversão gozando de todo luxo e conforto. Começou, no entanto, no Palácio em que vivia a dar sinais de desequilíbrio nervoso. Cercada de cuidados médicos e serviçais, sofreu durante muito tempo as então chamadas “crises demoníacas” resultantes da visão do menino das antigas cavalariças, e, mais tarde da sua mãe, a ex-ama. Na terceira encarnação, ressurgem todos na França, para que fossem ressarcidas faltas passadas. Ela, viúva, e a filha. O ex-marido, viúvo, pai do antigo menino das cavalariças.




 Na questão 646 de O Livro dos Espíritos, encontramos o seguinte: "O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem? Resposta: “O mérito do bem que se faz está na dificuldade; não há nenhum em fazê-lo sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva.” Sobre esta questão, percebo que, em várias pessoas, ainda subsiste uma cultura do sofrimento, talvez resquícios da época em que havia o entendimento da troca de favores com Deus. É como se Deus dissesse: "Dê seu sofrimento que Eu dou o que você quer...". Pagar promessas, a meu ver, se enquadra nesse tipo de raciocínio. Mas já vi isso também dentro do meio espírita. (Giuliana)

Você tem razão quando atribui essa crença de troca favores com Deus a um processo cultural. Quando falamos em “cultura”, estamos nos referindo às crenças que se consolidaram ao longo de séculos e milênios de história, quando nossos conhecimentos sobre as leis da vida eram ainda muito acanhados. Tudo leva a crer que a idéia de Deus e, consequentemente, a própria religião (não estamos falando desta ou daquela religião, mas das religiões em geral) nasceram do sofrimento, das dificuldades e do medo de o homem enfrentar as agruras da natureza e as adversidades da vida.

Assim, não é difícil imaginar que, na infância da humanidade - quando o ser humano lutava para sobreviver em meio às intempéries da natureza – enfrentando tempestades, enchentes, secas e epidemias avassaladoras, ou qualquer outro fator que o ameaçasse - ele interpretava esses fatos como sobrenaturais, como uma forma de que Deus se valia para castigá-lo pela sua desobediência. É por isso que as religiões mais antigas ofereciam tantos sacrifícios às suas divindades. Esses sacrifícios podiam ser oferecimento de vidas, de plantas, de animais e até mesmo de pessoas.

O sacrifício era uma forma de expressar submissão e, portanto, ele se confundia com o sofrimento. Quanto mais o homem sofresse, mais Deus ficava satisfeito e se regozijava com isso. Acreditava-se que os ritos, os cerimoniais de adoração, revestidos de sacrifícios, eram o bastante para aplacar a ira de Deus e demonstrar que Ele continuava a ser venerado por todos. Se o ouvinte quiser se certificar disso, basta ler o 5º livro da Bíblia, o Levítico, e ali vai encontrar inúmeras formas de sacrifício que Jeová exige de seu povo, a forma de obter o perdão divino pelos erros cometidos. Quanto maior o pecado, mais valor material devia ter o objeto do sacrifício.

Foi dessa maneira de conceber Deus que se originaram as atuais penitências e também as promessas, ainda utilizadas no meio religioso. Trata-se, portanto, de uma relação de troca: “dou para que Deus me dê; se eu der isso, Deus me dará aquilo”. Trata-se de uma simples transação de troca de favores, bem própria da idade infantil, quando procuramos mostrar à criança que nada se obtém de graça, que tudo tem seu valor e seu custo. Portanto, não é difícil entender que essa acanhada visão de Deus teve sua razão de ser no passado, na infância da humanidade, quando a mentalidade do homem era bem mais estreita e fantasiosa.

Voltamos, agora, à questão 646 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Quando Kardec pergunta sobre qual é o verdadeiro mérito de se praticar o bem, ele está se referindo ao bem, conforme os ensinamentos de Jesus – ou seja, ao bem real, ao bem que parte do coração, e não ao bem que é só aparência, que é só conveniência ou oportunismo, ou ao que bem esconde segundas intenções. Fazer o bem com segundas intenções – isto é, praticar uma boa ação, visando a um bem próprio maior – pode ser um grande bem para quem o recebe, mas seu valor é menor para quem o pratica.

Em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 8, sobre o tema “Pecado por Pensamento”, Kardec deixa claro que, no processo evolutivo do Espírito, há um caminho a percorrer em direção ao bem, que cada um faz segundo seu amadurecimento ou seu entendimento sobre a vida. Aquele que faz o mal e se compraz no mal que faz (sem nenhum arrependimento) ainda não aprendeu nada sobre o bem. Aquele que já se esforça para não fazer o mal e é já capaz de praticar algum ato de bondade, embora pensando apenas em si mesmo, já deu um passo significativo em relação ao anterior. Mas aquele que já não é capaz de fazer o mal e consegue fazer o bem, pensando na felicidade de seu irmão, este já atingiu o ápice da escala.

Não é difícil concluir, portanto, que a expressão, utilizada pelos Espíritos, “o mérito do bem está na dificuldade” constitui um dos princípios fundamentais de toda a educação. Quanto mais difícil o salto, maior o mérito do saltador. Esta afirmação pode ser entendida assim: o bem praticado por alguém, que está iniciando seus primeiros passos nesse caminho, é mais significativo para ele do que o daquele que já vem prestando serviços voluntários há muito tempo e que já o faz com muito prazer e sem esforço aparente. O segundo já conquistou o que o primeiro, agora, e com mais sacrifício, está conquistando.

Este é o princípio da evolução. O Espírito, ao longo de sua evolução, passa por diversas fases. Nas primeiras fases, tudo mais difícil, e por isso ele caminha devagar. Mas, à medida que vai se desenvolvendo, conhece também etapas de maior progresso, aumentando seus passos e caminhando cada vez mais depressa. Por outro lado, o sofrimento em si é inerente à compreensão de cada um: dois Espíritos podem percorrer o mesmo caminho e alcançar o mesmo nível de progresso, sendo que um sofreu mais do que outro, por ter complicado sua caminhada. O sofrimento sempre será proporcional à resistência com que cada um se opõe ao bem que pode fazer.



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