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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

COMUNICAÇÃO MEDIÚNICA ENTRE VIVOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Discorrendo sobre os caracteres da revelação espírita, Allan Kardec considera que “como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma maneira que as ciências positivas, isto é, aplica o método experimental, acrescentando que “é rigorosamente exato, portanto, dizer que o Espiritismo é uma ciência da observação e não o produto da imaginação”. Sua atuação à frente da Sociedade Espírita de Paris documenta o quanto ele ousou, através de diferentes médiuns, aprofundar os temas relacionados com informações obtidas com os Espíritos por ele evocados ou que se manifestavam em várias partes do Planeta abrindo caminho para o conhecimento da realidade do Mundo Espiritual. Um dos assuntos que o senso perquiridor de Kardec submeteu a testes, foi a possibilidade de comunicações mediúnicas de pessoas encarnadas ou, como se costuma dizer, vivas. Longa e minuciosa pesquisa foi por ele conduzida, evocando Espíritos encarnados, às vezes, a grandes distâncias, sob controle de entidades espirituais que dirigiam os trabalhos mediúnicos da Sociedade. .As comunicações obtidas foram publicadas na íntegra, pois sempre eram psicografadas. Constituem-se nas primeiras pesquisas e demonstrações da independência do Espírito em relação ao corpo. Sócios efetivos ou correspondentes da Sociedade se inscreviam para essas experiências nesse sentido. Um desses documentos pode ser encontrado na REVISTA ESPÍRITA, janeiro de 1860. Compreende oitenta perguntas formuladas a um Conde, oficial da Marinha Imperial, retido em sua casa por enfermidade, e, que se oferecia para estudo, propondo-se a deitar-se por volta das nove horas do dia 25 de novembro, calculando que por volta das nove e meia poderia ser chamado. Assim foi feito, na data combinada, em que respondeu à metade das perguntas a ele dirigidas, retornando na semana seguinte, no dia 2 de dezembro, complementando a interessante entrevista. Na primeira série de perguntas, revelou detalhes importantes como “ter a condição de deslocar-se instantaneamente, e, à vontade, do local em que se comunicava até sua casa e vice-versa; ter consciência do trajeto; observar os objetos existentes no caminho; estar num estado diferente ao de um sonâmbulo pelo fato de seu corpo estar dormindo; citou um remédio do qual nunca ouvira falar para tratar o mal que o acometia – a gota – o cólquico; ser capaz de auxiliar um amigo que soubesse em perigo através da inspiração; sentir-se num estado de grande felicidade como num sonho bom; sentir-se ligado ao corpo físico por um laço luminoso como uma luz fosforescente difícil de descrever; atuar sobre a mão do médium para dar-lhe uma direção que facilitava por uma ação sobre o cérebro; não experimentar fadiga física durante o fenômeno de que era o centro; ser capaz de responder uma pergunta mental”. No dia seguinte, contou que tinha sonhado que se achava na Sociedade, entre o médium e Kardec, o que foi considerado por este uma lembrança da evocação, que também diz que “sendo o sonho uma lembrança da atividade do Espírito, não é, evidentemente, o corpo que sonha”. Na segunda evocação, respondendo às questões formuladas por Kardec, expõem impressões elucidativas como “registrar de forma muito intensa percepções como a luz, sons e odores, não através dos órgãos dos sentidos como no corpo físico; ver os Espíritos desencarnados presentes à reunião que se processava; vê-los por sua própria forma perispiritual; apresentando-se também através deste corpo que imita a forma do corpo material, embora tendo consciência de ali estar no corpo fluídico luminoso; de ser capaz de dar um soco em qualquer um dos presentes, e, embora não fosse sentido pelo agredido, poderia sê-lo se o quisesse, esclarecendo ainda que o nome do remédio – cólquico –, sabia por tê-lo usado em encarnação anterior, em que, por sinal, lhe fizera muito mal”. Além das incursões feitas por Allan Kardec nessa área, Ernesto Bozzano, anos depois compilou vários relatos na obra COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS ENTRE VIVOS (edicel, 1968), publicado em tradução de Francisco Klör Werneck


Pergunta de uma ouvinte da cidade de Gália: “Quando uma parturiente desencarna junto com a criança, qual o procedimento no plano espiritual?”

O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, no livro Painéis da obsessão, psicografado por Divaldo Franco, assim descreve a ação de médicos espirituais no caso de Dona Amenaide. Em adiantado estado de gravidez, mãe e filho desencarnaram num acidente automobilístico, e Amenaide passou para o mundo espiritual com todas as sensações de parto.

"Chegamos ao Núcleo de socorros conduzindo nossos irmãos, D. Amenaide e o filhinho a ela profundamente vinculado pela gestação, qual se a desencarnação de ambos não houvesse sucedido. O Benfeitor Hêber recebeu-nos em um amplo edifício e conduziu-nos, imediatamente, a um Centro Cirúrgico, em tudo semelhante aos existentes na Terra.

Levada a uma mesa especial, a gestante adormecida, com sinais de reflexos de dor, recebeu passes calmantes e então aquietou-se. Surpreso, vi adentrar-se na sala alguns trabalhadores vinculados à Medicina, que procederam a uma cirurgia cesariana, nos mesmos moldes conforme sucede em qualquer hospital do mundo. Após o ato, observei que o ser pequenino repousava ao lado da mãezinha que fora transferida para uma enfermaria especial, adredemente preparada para recebê-los

Depois de ligeiro choro – continua Miranda - o filhinho adormeceu, ficando ambos entregues a nobre senhora, toda sorrisos, que doravante se encarregaria de auxiliá-los e assisti-los. (...) Em muitos casos de gestantes acidentadas, em avançados meses de gravidez – explica o autor espiritual – em que também ocorre a desencarnação do feto, é de hábito nosso, quando as circunstâncias assim nos permitem, proceder como se não houvesse sucedido nenhuma interrupção da vida física.

Em primeiro lugar, porque o Espírito, em tais ocorrências, quase sempre já se encontra absorvido pelo corpo que foi interpenetrado e modelado pelo perispírito, no processo da reencarnação, merecendo ser deslindado por cirurgia mui especial para poupar-lhe choques profundos e aflições várias, o que não se daria se permanecesse atado aos despojos materiais, aguardando a consumpção deles."

Evidentemente, caros ouvintes, há muita coisa no mundo espiritual que ainda desconhecemos, até porque, como afirmava o professor Herculano Pires, o Espiritismo é apenas o ABC de espiritualidade. Situações como essa, descrita por Manoel Philomeno de Miranda – e também há citada nas obras de André Luiz – vêm demonstrar que o mundo espiritual não é um mundo mágico. Tanto quanto aqui, em nosso mundo físico, todos os fenômenos que lá acontecem estão submetidos às leis da natureza.

Desse modo, a desencarnação é apenas um fenômeno de desprendimento do Espirito, que assinala e confirma a continuidade da vida num outro plano. Lá, como aqui, temos um corpo; aqui, o corpo físico; lá, o períspirito. O Espirito reencarnante, ainda no processo de gestação, está no meio de um processo de transformação. Se ele não chegou a renascer na carne, em razão do acidente que lhe tirou a vida, com certeza o processo de reencarnação permanece apenas em nível de períspirito e pode ser consumado para ajudá-lo a concluir a ação iniciada desde sua concepção no ventre materno.

É claro que, cada caso tem suas próprias peculiaridades. Neste, aqui relatado, o Espírito tinha necessidade desse tipo de experiência, uma vez que para ele é sumamente importante concluir o processo de reencarnação, passando pelas diversas etapas de desenvolvimento fetal. Neste particular, é bom saber que esses nove meses, que o Espírito permanece modelando seu corpo no útero materno, constitui uma fase de aprendizado e experiência e, portanto, é de grande importância para sua evolução.

Se ele renascesse na Terra, continuaria evoluindo no corpo físico, através das experiências próprias da vida terrena. Mas, como renasceu no mundo espiritual, a evolução se dará em nível de períspirito, quando volta à condição de desencarnado para, no futuro, conforme suas próprias necessidades, buscar nova experiência em que possa, de fato, reencarnar. 

Ouvint

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