Quando o Orientador Espiritual Emmanuel respondeu ao médium Chico Xavier que “do último quartel do século 19 para cá (1965), de 15 a 20 milhões de Espíritos da cultura francesa, principalmente simpatizantes da obra de Allan Kardec, se reencarnaram no Brasil, para dar corpo às ideias da Doutrina Espírita e fixarem os valores da reencarnação”, estava sugerindo que para que o segundo propósito dessa transferência em massa fosse alcançado contava com ideias incorporadas às estruturas mentais desses Espíritos, que, como se sabe, são remanescentes daqueles que animaram a grande comunidade Celta ou Gaulesa que deu origem, segundo historiadores, à França, Bélgica e Itália. No número de abril de 1858, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve interessantes argumentos sobre as conexões entre Espiritismo e o Druidismo praticado por aquele povo, reproduzindo interessante texto de autoria desconhecida que confirma sua suposição. Afirma Kardec “saber-se, com efeito que a Gália é, ainda em nossos dias, o mais fiel asilo da nacionalidade gaulesa que, entre nós, sofreu profundas modificações. Apenas roçada pela dominação romana, que nela se deteve pouco tempo e fracamente; preservada da invasão dos bárbaros pela energia de seus habitantes e pelas dificuldades de seu território; submetida, mas tarde, à dinastia normanda, a qual, entretanto, se viu obrigada a lhe deixar um certo grau de independência, o nome de Galles – Gallia, que sempre conservou, é um traço distintivo, pelo qual se liga, sem descontinuidade, no período antigo. A língua kymrica, fala outrora em toda parte setentrional da Gália, jamais deixou de ser usada; muitos costumes são igualmente gauleses. De todas as influências estranhas, a única que logrou um triunfo completo foi o Cristianismo. Mas não o conseguiu sem grandes dificuldades, relativamente à supremacia da Igreja Romana, cuja reforma, no século XVI não fez mais que determinar a sua queda, há muito preparada, nessas regiões cheias de um sentimento de indefectível independência. Pode-se mesmo dizer que, convertendo-se ao Cristianismo, os druidas não se extinguiram totalmente na Gália, como na nossa Bretanha e em outras regiões de sangue gaulês”. Argumentando que “os temas desenvolvidos nas tríades, estão mesmo tão completamente fora do Cristianismo que as raras influências cristãs que aqui e ali se infiltraram no seu conjunto, logo à primeira vista se distinguem do fundo primitivo. Os Druidas tinham uma predileção particular pelo número três e o empregavam especialmente, como mostram a maioria dos monumentos gauleses, para a transmissão de suas lições que, mediante esse corte preciso, mais facilmente era gravada na memória. (...). Desta série de tríades, as onze primeiras são consagradas à exposição dos atributos característicos da Divindade. É obvio que nesta seção as influências cristãs, como era fácil de prever, tivessem ação maior. Se não se pode negar que o Druidismo tenha conhecido o princípio da unidade de Deus, talvez por sua mesma predileção pelo número ternário se tenha elevado a conceber, de certo modo confuso, algo como a divina Trindade. É contudo incontestável que o que completa esta alta concepção teológica – a saber, a distinção das pessoas e, particularmente, da terceira, - ficou completamente estranho a essa antiga religião. Tudo conduz à prova de que seus antigos sectários se preocupavam muito mais em fundar a liberdade do homem do que a caridade. E foi mesmo consequência dessa falsa posição do ponto de partida que ela pereceu. Também parece razoável referir a uma influência cristã, mais ou menos determinada, todo esse exórdio, principalmente a partir da quinta tríade. Em seguida aos princípios gerais relativos à natureza de Deus, passa o texto a expor a constituição do Universo. O conjunto dessa constituição é formulado superiormente em três tríades que, mostrando ser particular numa ordem absolutamente diferente daquela de Deus, completam a ideia que deve ser feita do Ser único e imutável. Sob fórmulas mais explícitas estas tríades mais não fazem, entretanto, que reproduzir aquilo que já era sabido, pelo testemunho dos Antigos, sobre a doutrina da circulação das almas passando alternadamente, da vida à morte e da morte à vida”.
Já ouvi dizer – escreve-nos o Adeilson - que é possível dar passes em roupas ou em outros objetos pessoais, sem que a pessoa, que esteja precisando, esteja presente. Gostaria de saber se essa prática de dar passes em roupas e outros objetos realmente funciona - por exemplo, para pessoas que não possam ou que não queiram ir ao Centro Espírita.
Existe quem defenda a tese de que o passe pode impregnar fluidicamente roupas e objetos que, sendo esses objetos de uso pessoal, automaticamente favoreceriam as pessoas que os utilizam. Contudo, a esse respeito, não encontramos nenhuma referência nas obras de Kardec ou nas obras recebidas por Chico Xavier, embora saibamos que a vontade dirigida pode afetar, de certo modo, até mesmo objetos, por se tratar da manifestação natural de fenômeno magnético.
Por outro lado, sabemos que o passe (ou imposição das mãos, segundo Kardec) é uma transfusão de recursos fluídicos – que procedem tanto do passista, como de Espíritos benfeitores e do ambiente natural – com o objetivo de favorecer quem o recebe. Mas sabemos, também, que uma condição para que realmente haja essa “passagem, transferência ou transfusão” de recursos depende, quase sempre, mais daquele que recebe do que propriamente daquele que aplica o passe.
André Luiz deixa isso bem claro no livro, NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE, como funciona esse mecanismo. Ele diz que, se o paciente não quiser receber o passe ou não acreditar nele – ou, ainda, se não se fizer merecedor dos benefícios que o passe proporciona – esse paciente não receberá o passe, mesmo estando fisicamentediante do passista. É que a passagem de recursos biopsiquicomagnéticos de uma para outra pessoa não é apenas um fenômeno físico, mas envolve, como dissemos, os fatores fé e vontade que são de ordem mental ou, se quiser, espiritual.
Além do mais, devemos considerar pelo menos alguns pontos. Primeiro: o passista até pode conseguir impregnar uma peça de roupa com recursos magnéticos, mas essa impregnação é de muito pouca duração, talvez de alguns minutos ou segundos. Segundo: sem o preparo espiritual do paciente, esses recursos não permanecem, pois tendem a se dissipar em seguida. Terceiro: a presença do paciente é necessária, não só para receber o passe em si, mas principalmente para receber a mensagem do evangelho que visa à sua saúde espiritual. Quarto: o passe em objetos, muito utilizado nas práticas populares de benzimento, não é adotado pela Doutrina Espírita.
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