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terça-feira, 16 de julho de 2013

A Mediunidade Esclarecendo Um Crime Passional



Na edição de novembro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui interessante matéria que começa contando que “nos subterrâneos da torre de São Miguel, em Bordeaux, na França, há certo número de cadáveres mumificados que, parece, não remontam a mais de dois ou três séculos e que, certamente, ficaram naquele estado pela natureza do solo. Uma das curiosidades da cidade que os estranhos não deixam de visitar. Todos os corpos tem a pele pergaminhada; na maioria estão conservados de maneira a permitir distinguir os traços do rosto e a expressão fisionômica; alguns tem as unhas de uma frescura notável; outros conservam restos de roupas e, até, rendas finas. Entre essas múmias uma em particular chama a atenção: é a de um homem cujas contrações do corpo, do rosto e dos braços, levados à boca, não deixam dúvida quanto ao gênero de morte; é evidente que foi enterrado vivo e morreu nas convulsões de terrível agonia”. Kardec relata que uma série de evocações em agosto último na Sociedade Espírita de Saint-Jean d’Angély, do Espírito que se servira daquele corpo e dois outros ligados ao caso, resultaram num conjunto de informações extremamente interessantes. Foram 88 perguntas, através de diferentes médiuns, pelo processo da tiptologia, respectivamente, nas reuniões dos dias 9,10, 11, 12, 15 e 21 de agosto,  dirigidas à entidade, à ex esposa, seu amante e o Espírito responsável pela condução dos trabalhos do grupo de estudos. Em síntese, as diferentes manifestações revelam: 1- O enterrado vivo chamara-se Guillaume Renome, morrera em 1612, fora enterrado vivo por engano – o que era relativamente comum na época -;  que, anos antes, após ter visto um homem sair de seu quarto, havia asfixiado por ciúme, a esposa em seu leito com dois travesseiros, sem que tivesse sido descoberto; que o Espírito da esposa também infeliz, foi o primeiro que lhe apareceu,  para lhe censurar o crime, vendo-a por muito tempo, embora fugindo um do outro, livrando-se de sua presença somente quando foi decidida sua reencarnação; que morrera enraivecido, batendo nas paredes do caixão e querendo viver a todo custo, tendo ficado ligado ao corpo, embora não o animando, entre quinze e dezoito dias, cercado por uma porção de Espíritos, como ele cheios de dor; que morrera daquela forma por ter escolhido uma vida cheia de desgostos domésticos, que suscitariam o crime cometido, que devia encher-lhe de remorsos se o realizasse; que reencarnaria em breve, cercado por aqueles que lhe eram caros, sofrendo as mais variadas doenças. 2) O Espírito da esposa estava reencarnado há onze anos, em Havana, nas Antilhas; no sexo feminino; filha de rico comerciante; devendo passar por provas como a perda da fortuna; um amor ilegítimo e sem esperança, junto à miséria e a duros trabalhos; amando um homem consagrado a Deus, só e sem esperança de correspondência. 3) O amante, chamara-se Jacques Noulin; sempre gostara da boa mesa, das mulheres agradáveis e do bom vinho; fora chefe de portaria do tribunal; que pensara algumas vezes na esposa de Guillaume depois de sua morte, cuja lembrança passava como um relâmpago, sem deixar traços; que, desencarnado, se ligara a Espíritos gozadores como ele, divertindo-se em pregar peças aos invigilantes que julgam tratar com bons Espíritos”. Comentando os conteúdos que vão além do que aqui resumido, Allan Kardec, pondera: -“Indubitavelmente, não há qualquer meio material de constatar a identidade dos Espíritos que se manifestaram nas evocações citadas. Assim, não o afirmaremos de maneira absoluta. Fazemos estas reservas para os que creem que aceitamos cegamente tudo quanto vem dos Espíritos. Pecamos antes por um excesso de desconfiança. É que nos devemos guardar de dar como verdade absoluta aquilo que não pode ser controlado. Na ausência de provas positivas, devemos limitar-nos a constatar a possibilidade e buscar as provas morais, em falta de provas físicas. Do fato em questão, as respostas tem um caráter evidente de probabilidade e, sobretudo, de alta moralidade: não há contradições, nenhuma dessas faltas de lógica que chocam o bom senso e delatam o embuste; tudo se liga, tudo se encadeia perfeitamente; tudo concorda com o que a experiência já demonstrou. Pode, pois, dizer-se que a história é, ao menos, verossímel, o que já é muito. O que é certo, é que, não se trata de um romance inventado pelos homens, mas de uma obra mediúnica”. Entre vários outros argumentos, diz ainda que “a veracidade do relato foi atestada de maneira mais explícita pelos melhores médiuns da Sociedade Espírita de Paris”.

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