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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

A VERDADE E O ESPIRITISMO SEGUNDO PASCAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

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Pascal ou Blaise Pascal foi o nome que identificou o Espírito que renasceu, viveu e morreu na França entre 1623 e 1662. Gênio precoce escreveu seu nome nos campos da Geometria, Física, Filosofia e literatura. Um dos signatários da obra fundamental do Espiritismo – O LIVRO DOS ESPÍRITOS - teve seis de suas mensagens incluídas nas páginas da REVISTA ESPÍRITA e uma n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Da publicação mensal de Allan Kardec, na edição de maio de 1865, o editor incluiu três de seus escritos recebidos no mês de novembro de 1863, na cidade de Lyon, por um médium tratado como Sr. X, refletindo sobre IDÉIAS PRECONCEBIDAS, DEUS NÃO SE VINGA e A VERDADE. Do ultimo texto, destacamos doze pontos pra nossos exercícios de reflexão. 1- A verdade, meu amigo, é uma dessas abstrações para as quais tende o Espírito humano incessantemente, sem jamais poder atingi-la. É preciso que ele tenda para ela, é uma das condições do progresso, mas, pela simples razão da imperfeição de sua natureza, ele não poderia alcançá-la. 2- Seguindo a direção que segue a verdade em sua marcha ascendente, o Espírito humano está na via providencial, mas não lhe é dado ver o seu termo. 3- A verdade é, como o tempo, dividida em duas partes, pelo momento inapreciável que se chama o presente, a saber: o passado e o futuro. Assim, há duas verdades: a verdade relativa e a verdade absoluta; a verdade relativa é o que é; a verdade absoluta é o que deveria ser. Ora, como o que deveria ser sobe por graus até a perfeição absoluta, que é Deus, segue-se que, para os seres criados e seguindo a rota ascensional do progresso, não há senão verdades relativas. 4- Mas, do fato de uma verdade relativa não ser imutável, não se segue que seja menos sagrada para o ser criado. 5- Vossas leis, vossos costumes, vossas instituições são essencialmente perfectíveis e, por isto mesmo, imperfeitas; mas suas imperfeições não vos liberam do respeito que lhes deveis. 6- A Humanidade é um ser coletivo que deve marchar, se não em seu conjunto, ao menos por grupos, para o progresso do futuro. 7- Porque o Espiritismo foi revelado entre vós, não creiais num cataclismo das instituições sociais; até agora ele tem realizado uma obra subterrânea e inconsciente para aqueles que foram os seus instrumentos. 8- Desconfiai dos Espíritos impacientes, que vos impelem para as sendas perigosas do desconhecido. A eternidade que vos é prometida deve levar-vos a ter piedade das ambições tão efêmeras da vida. Sede reservados até em suspeitar, muitas vezes, da voz dos Espíritos que se manifestam. 9- Lembrais-vos disto: O Espírito humano move-se e se agita sob a influência de três causas, que são: a reflexão, a inspiração e a revelação. 10- A reflexão é a riqueza de vossas lembranças, que agitais voluntariamente. Nela, o homem encontra o que lhe é rigorosamente útil, para satisfazer às necessidades de uma posição estacionária. 11- A inspiração é a influência dos Espíritos extraterrestres, que se misturam mais ou menos às vossas próprias reflexões para vos compelir ao progresso; é a intromissão do melhor na insuficiência da passagem, uma força nova que se junta a uma força adquirida, para vos levar mais longe que o presente, a prova irrecusável de uma causa oculta que vos impulsiona para frente, e sem a qual permaneceríeis estacionários. Porque é regra física e moral que o efeito não poderia ser maior que sua causa, e quando isto acontece, como no progresso social, é que uma causa ignorada, não percebida, juntou-se à causa primeira de vosso impulso. 12- A revelação é a mais elevada das forças que agitam o Espírito do homem, porque vem de Deus e só se manifesta por sua vontade expressa; ela é rara, por vezes mesmo inapreciável, algumas vezes evidente para o que a experimenta a ponto de sentir-se involuntariamente tomado de santo respeito



A Antonia Rodrigues, da Rua José Rosário, pediu que comentássemos a passagem, relata por Lucas, quando Jesus afirmou: “Deixa que os mortos enterrem seus mortos”.

Esta citação evangélica é uma das que Kardec comenta no capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que ele denominou “Estranha Moral”. Neste capítulo, Kardec reuniu algumas frases de impacto (por isso, estranhas) atribuídas a Jesus, e que – à primeira vista – deixam a impressão de que ele estaria se contradizendo – ou seja, ele estaria desdizendo aquilo que, até então, havia ensinado.

Vamos fazer, aqui, a citação do texto de Lucas. Enquanto caminhavam, alguém disse a Jesus: “Eu te seguirei aonde fores”. Disse Jesus: “As raposas têm tocas e as aves do céu tem ninhos; mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. Disse a outro: Segue-me! Ele, porém, disse: Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai. Disse Jesus: Deixa que os mortos enterrem seus próprios mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus”. (Evangelho de Lucas, 9: 57,60.

A Doutrina Espírita lê os evangelho sob a ótica do amor, que constitui a base dos ensinamentos de Jesus. A partir daí é que vai interpretar toda fala a ele atribuída, e não o contrário. Diante de tudo quanto Jesus ensinou ( e todos sabemos que a base de seus ensinos é o amor ao próximo e o amor a Deus), não podemos ficar presos a interpretações de citações isoladas, que nem sabemos se elas realmente expressam o que Jesus disse ou quis dizer.

Por que? Primeiramente, porque esses textos foram escritos muitos anos depois dos fatos que procuram relatar; Lucas, por exemplo, não conheceu Jesus. Em segundo lugar, porque os evangelistas não eram versados em escrever – não eram escritores, muito menos historiadores e, portanto, não se preocupavam o bastante com a precisão das palavras. Em terceiro lugar, porque Jesus falava uma língua e os textos foram elaborados em outra.

Em quarto lugar, porque não existem originais desses textos; na época, eram gravados em pergaminhos (couro de animais); quem se interessasse devia contratar copistas que, muitas vezes, desfiguravam o texto original ( alterando, acrescentando ou intercalando anotações). E, por último, a inúmeras traduções por que já passaram até chegar a nós.

Não é possível que Jesus, com a grandeza de seu amor, estivesse desprezando ou minimizando o sentimento de uma pessoa por seu pai. Evidentemente, enterrar o cadáver de um pai é também um ato de respeito, que sensibiliza qualquer pessoa, quanto mais Jesus!... E por que, então, lhe foi atribuída essa fala. Talvez porque o evangelista quisesse enfatizar ou reforçar o valor do compromisso que o seguidor de Jesus deveria ter para com a propagação de sua doutrina. Do mesmo modo que não pode se atribuir a Jesus a frase que manda odiar o pai e a mãe, também não seria cabível aceitar esta que manda desprezar o cadáver de um familiar querido.

Deixa que os mortos enterrem seus mortos” é uma frase de impacto, uma linguagem figurada que, no fundo, quer dizer que não devemos valorizar mais as coisas materiais que as coisas espirituais. A figura do cadáver, neste caso, serviu para estabelecer o contraste entre o material e o espiritual, entre o morto e o vivo. Se o corpo não tem mais o espírito, qual seria seu valor? No entanto, ela só é adequada se interpretarmos seu sentido essencialmente moral.

As pessoas, que se propunham a seguir Jesus, precisavam ter consciência de que, a partir de então, deveriam assumir uma vida de renúncia, até porque “pregar o evangelho”, ensinar o amor aos inimigos, passava a ser uma missão muito arriscada e até perigosa, uma vez que a doutrina de Jesus se confrontava com idéias e valores que vinham sendo cultivados durante séculos. Logo, Jesus deixava muito claro que segui-lo não era para qualquer um, mas somente para aqueles que estivessem dispostos a deixar de lado os interesses materiais, arriscando, se necessário, a própria vida.

Contudo, isso não quer dizer que Jesus teria se manifestado exatamente como está no texto, com as palavras que lhe foram atribuídas. Aliás, nenhum admirador Jesus chegaria a tanto, Mas o que está no texto foi, sem dúvida, - salvo as possibilidades de ter havido alguma adulteração ao longo do tempo - a melhor forma que os evangelistas encontraram para expressar o sentido que Jesus dava à elevada missão daqueles que pretendiam ser seus verdadeiros apóstolos e que, evidentemente, eram poucos.



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