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terça-feira, 10 de outubro de 2023

DEUS ESTÁ EM TODA PARTE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Abrindo a edição de maio de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec publica interessante matéria com que procura responder a pergunta feita por muitos: Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Como sempre, o pesquisador e educador oculto no pseudônimo Allan Kardec desenvolve uma série de argumentos extremamente sensatos e lógicos. Escreve: -“Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus infinito, porque eles próprios são finitos, limitados, razão por que o imaginam finito e limitado como eles mesmos; representando-o como um ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua semelhança. Pintando-o com traços humanos, nossos quadros não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma que o pensamento. É para o maior número um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e percepções são restritas não compreendem que Deus possa ou haja por bem intervir diretamente nas menores coisas. Na incapacidade em que se acha o homem de compreender a essência mesma da Divindade, desta não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, ao menos, mostrar-lhe a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível. Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. É evidente que cada molécula desse fluido produzirá sobre cada molécula da matéria com a qual está em contato uma ação idêntica à que produziria a totalidade do fluido. É o que a Química nos mostra a cada passo. Sendo ininteligente, esse fluido age mecanicamente apenas pelas forças materiais. Mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; verá, ouvirá e sentirá. As propriedades do fluido perispiritual dele podem dar-nos uma ideia. Ele não é inteligente por si mesmo, desde que é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do Espírito. É em consequência da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram em toda parte, perscrutam os nossos pensamentos, veem e agem a distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiquidade; basta um raio de seu pensamento dirigido para diversos pontos para que eles possam aí manifestar sua presença simultaneamente. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito. Mas sendo os Espíritos, por mais elevados que sejam, criaturas limitadas em suas faculdades, seu poder e a extensão de suas percepções não poderiam, sob esse aspecto, aproximar-se de Deus. Contudo, eles nos podem servir de ponto de comparação. O que o Espírito não pode realizar senão num limite restrito, Deus, que é infinito, o realiza em proporções infinitas. Há, ainda, esta diferença: a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias, enquanto a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito só abarca um tempo e um espaço circunscritos, ao passo que o de Deus abarca o Universo e a eternidade. Numa palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito. O fluido perispiritual não é o pensamento do Espírito, mas o agente e o intermediário desse pensamento. Como é o fluido que o transmite, dele está, de certo modo, impregnado; e na impossibilidade em que nos achamos de isolar o pensamento, ele não parece fazer senão um com o fluido, assim como o som parece ser um com o ar, de sorte que podemos, a bem dizer, materializa-lo. Do mesmo modo que dizemos que o ar se torna sonoro, poderíamos, tomando o efeito pela causa, dizer que o fluido torna-se inteligente. Seja ou não seja assim o pensamento de Deus, isto é, quer ele aja diretamente ou por intermédio de um fluido, para facilitar a nossa compreensão vamos representar este pensamento sob a forma concreta de um fluido inteligente, enchendo o Universo infinito, penetrando todas as partes da Criação: a Natureza inteira está mergulhada no fluido divino; tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua Previdência, à sua solicitude; nenhum Ser, por mais ínfimo que seja, que dele não esteja, de certo modo, saturado. Assim, estamos constantemente em presença da Divindade. Não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento e é com razão que se diz que Deus lê nos mais profundos recônditos do nosso coração; estamos nele como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo. Para entender sua solicitude sobre as menores criaturas, ele não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidade, nem deixar sua morada de glória, pois essa morada está em toda parte. Para serem ouvidas por ele, nossas preces não precisam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante, porque, incessantemente penetrados por ele, nossos pensamentos nele repercutem. A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação, mais própria a dar uma ideia mais justa de Deus que os quadros que o representam sob a figura de um velho de longas barbas, envolto num manto”.

É verdade que, quando a pessoa tem um inimigo que morre antes dela, esse inimigo pode vir persegui-la depois de morto? Nesse caso, o que ela pode fazer pra se livrar dele?

Esta questão não é tão simples. Preste bem atenção no que vamos explicar. Nós todos, primeiramente, deveríamos cuidar para não fazermos inimigos nesta vida, porque é nesta vida – enquanto estamos encarnados na Terra – que devemos resolver nossas diferenças e não deixar para depois. Aliás, quem diz isso não é o Espiritismo. É Jesus. O que disse Jesus nesse sentido?

Reconciliai-os os mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais a caminho com ele, a fim de que vosso adversário não vos entregue ao juiz, e que o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e que não sejais aprisionado. Eu vos digo, em verdade, que não sairás da prisão enquanto não houverdes pago o último ceitil”. (citação de Mateus, capítulo 5, versículos 25 e 26).

Ao fazer esta recomendação, Jesus estava comparando a justiça da Terra com a justiça de Deus. No entanto, no que se refere à realidade espiritual as condições são amplas. Jesus, aqui, estava afirmando, portanto, da necessidade de resolvermos logo nossos problemas entre nós, enquanto estamos vivendo aqui na Terra, para não deixar nada para depois, porque depois as coisas se complicam. Juiz, ministro da justiça e prisão representam, portanto, as complicação que vêm quando partimos para o mundo espiritual.

A Doutrina Espírita vem esclarecer este ponto com lógica e precisão. Quando criamos um inimigo e ele desencarna antes de nós, de duas uma: ou ele nos perdoa o mal que lhe fizemos e não haverá nenhum revide de sua parte depois que morrer, ou ele leva consigo ódio e ressentimento com o que permanecerá ligado a nós, depois da morte. Neste caso, se é um Espírito vingativo, procurará se aproximar para nos prejudicar. É o que chamamos de obsessão.

Diante de uma tentativa de vingança, também poderá ocorrer uma destas duas situações: se estivermos na mesma faixa moral desse Espírito, se cultivamos mágoa e ódio no coração, seremos facilmente atingidos por ele. No entanto, se nossa condição moral for superior a dele, se não guardamos ressentimentos ou outro sentimento inferior qualquer, ele não conseguirá nos atingir.

Por essa razão é que Jesus insistiu tanto no amor, insistiu tanto na compreensão, insistiu tanto no perdão. Porque, as pessoas que procuram cultivar bons sentimentos no dia a dia, que se esforçam por melhorar e amar o próximo, na maioria das vezes não são atingidas por obsessores, são mais tranquila e felizes, ao passo que aquelas que se colocam na mesma faixa mental dos obsessores são facilmente envolvidas por eles.

Muita gente pensa que o Espiritismo cuida simplesmente de afastar os Espíritos vingativos ou obsessores. Puro engano. O Espiritismo procura fazer o que Jesus ensinou, amar o inimigo. Logo, ele não pode simplesmente afastar o obsessor; é preciso recuperá-lo, ajudá-lo a se regenerar. Não somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai? O Pai não nos ama igualmente a todos? Logo, seguir Jesus é amar e não cultivar o ódio, é ver qualidades e não apontar defeitos.

Contudo, precisamos compreender que todos nós, Espíritos encarnados neste planeta, ainda somos muito falhos. Por isso é que existe muita obsessão. Não aprendemos a conviver e muito menos a perdoar, mesmo sabendo que é pelo amor que poderemos resolver nossos problemas e não pelo ódio ou pela indiferença. Desse modo, a única maneira de nos livrar dos obsessores, conforme encontramos na questão nº 469 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, é fazendo o bem e nos tornando melhores.


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