faça sua pesquisa

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

SONHOS E ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Na pauta da REVISTA ESPÍRITA de julho de 1865, Allan Kardec incluiu interessante matéria intitulada TEORIA DOS SONHOS. O tema, como sabemos, ocupara a atenção dele quando das abordagens com os Espíritos que o auxiliaram a compor O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Nas respostas às questões 400 à 412, aprendemos que o Espírito jamais está inativo, vivenciando experiências em outra Dimensão, enquanto o corpo repousa, se refazendo dos desgastes impostos pela atividade no estado de vigília. Do simples cochilo ao sono profundo, pouco importa. Algo semelhante, dizem eles, ao estado em que estará de maneira permanente após a morte. Os sonhos, portanto, representam a lembrança parcial do que se viu durante o sono físico. A memória biológica não retém minúcias destas experiências pelo fato de apenas o Espírito tê-las vivido e nosso cérebro físico estar preparado apenas para armazenar as vivências desta Dimensão. Exceções ficam por conta de alguns sonhos premonitórios; reencontros com pessoas ou familiares queridos; etc. Quanto à significação atribuída a muitos sonhos, previnem “ser absurdo admitir que sonhar com uma coisa anuncia outra”. No artigo citado há pouco, Kardec diz que “o Espiritismo dando a chave da lei que rege as relações do mundo corporal e do mundo espiritual, auxiliado pelas observações sobre que se apoia, dá dos sonhos a mais lógica explicação jamais fornecida, demonstrando que o sonho, o sonambulismo, o êxtase, a dupla vista, o pressentimento, a intuição do futuro, as penetração do pensamento não passam de variantes e graus de um mesmo princípio: a emancipação da alma, mais ou menos desprendida da matéria”. Reconhece que “a respeito dos sonhos, dá ele conta precisa de todas as variedades que apresentam, embora possuindo o princípio, o que já é muito, faltando alguns conhecimentos, que adquiriremos mais tarde”. Pondera não haver “uma única ciência que, de saída, tenha desenvolvido todas as suas consequências e aplicações; elas não se podem completar senão por sucessivas observações. Ora, nascido ontem, o Espiritismo está como a química nas mãos dos Lavoisiers e dos Berthoffet, seus primeiros criadores; estes descobriram as leis fundamentais; as primeiras balizas fincadas conduziram ao caminho de novas descobertas”. Reporta-se a interessante experiência onde um dos melhores médiuns da Sociedade Espírita de Paris, em estado de sonambulismo, muito lúcido, foi solicitado pela mãe de uma jovem a lhe dar notícias de sua filha, que estava em Lyon. Viu-a deitada e adormecida, descrevendo com precisão o apartamento em que se achava. Essa jovem, de dezessete anos, é médium escrevente e, indagado se ela tinha aptidão para se tornar médium vidente, ouviu que esperasse um pouco, por ser necessário seguir o traço de seu Espírito, que naquele momento não estava no corpo. Disse que ela se encontrava ali, na Vila Ségur, na sala onde estavam, atraída pelo pensamento da mãe. Ela os via e escutava. Para ela, era um sonho, do qual não se recordaria ao despertar”. Seguindo com suas explicações, o médium disse que “pode-se dividir os sonhos em três categorias caracterizadas pelo grau de lembrança que fica no estado de desprendimento no qual se acha o Espírito. O primeiro, engloba os sonhos provocados pela ação da matéria e dos sentidos sobre o Espírito, isto é aqueles em que o organismo representa papel preponderante pela mais íntima união entre o corpo e o Espírito; o segundo, o sonho chamado misto, em que participam, ao mesmo tempo, da matéria e do Espírito, possibilitando um desprendimento mais completo, do que resulta a recordação num primeiro momento, para o esquecer quase que instantaneamente, a menos que uma particularidade venha despertar a lembrança; e, o terceiro, os sonhos espirituais, produto do despendimento do Espírito da matéria, resultando uma vaga lembrança do que se sonhou”. Anos depois, Gabriel Dellane proporia interessante classificação para os tipos de sonho: fisiológico, psicológico, anímico e espiritual. Tudo bem antes de Freud publicar o livro INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS, considerando os sonhos como resultado de perturbações neuróticas, indivíduos não enquadrados nos padrões normais de comportamento, resultantes de desejos de natureza sexual reprimidos. Criticado, inclusive por seu discípulo Carl G. Jung, não propôs, na verdade, algo mais lógico que as explicações oferecidas pelo Espiritismo.


Ouvimos da Carol o seguinte comentário. “Acho interessante a questão da reencarnação. Minha dúvida, porém, é porque não posso entender que uma pessoa esteja sofrendo, pagando por uma dívida de que ela não se recorda e nem sabe por que fez.”

Esta é uma questão muito frequente entre as pessoas que passam a estudar o Espiritismo e têm dificuldade de entender, porque ainda estão amarradas aos antigos dogmas religiosos.

Contudo, precisamos levar em conta que um dos princípios da doutrina é a lei de evolução, segundo a qual estamos percorrendo um caminho em busca da perfeição. Portanto, a lei de evolução é que explica os fatos que acontecem conosco, porque estamos passando por este ou por aquele problema e onde estariam suas verdadeiras causas.

Quando as pessoas se referem a dívidas do passado, geralmente elas seguem o pensamento próprio das religiões, em termos de castigo e recompensa.

Mas as “dívidas”, na verdade, são resultado dos equívocos que já cometemos em qualquer situação. Não importa se nesta vida ou em vidas anteriores. No processo evolutivo qualquer equívoco tende a ser corrigido pelas leis da natureza.

Assim, se você abusar da comida – porque comeu mais da conta ou porque comeu o que não devia – com certeza, a natureza lhe dará uma resposta nada agradável, e você sofrerá pelo menos o desconforto de uma má digestão.

Não pense que é Deus que está lhe castigando porque você foi imprudente ou guloso. Não. É a própria natureza que responde automaticamente pela impropriedade de sua conduta: quer queira, quer não, você sofrerá os efeitos desagradáveis do erro cometido.

É assim que funciona a lei de Deus, a lei natural, de tal forma que não há um só fenômeno, por mais insignificante nos pareça, que fuja à regra. Na natureza não há exceção.

Suponha, no entanto, que você quando era criança caiu de uma árvore e se machucou. Na época, nada grave. Porém, passados muitos e muitos anos, quando você atinge a maturidade, aparece um problema ortopédico crônico com que você terá de conviver o restante de sua vida, se não vier a desencarnar por conta dele.

Você nem se lembra daquela queda; ninguém se lembra, nem mesmo seus pais, porque eles nem ficaram sabendo que você caiu. Contudo, o problema se originou naquele obscuro acidente, que logo caiu no esquecimento.

Nesse caso a memória daquele acidente apagou. E quando uma lembrança de um fato se apaga da memória é como se esse fato não tivesse acontecido.

Assim, diante da lei da Natureza e independente se você se lembra ou não, o problema aparece como efeito de uma causa remota. O sofrimento por causas anteriores a esta vida também funciona assim.

Você não precisa se lembrar para sofrer os efeitos de seus atos. Será que você poderia dizer que foi um castigo de Deus? É claro que não; Deus nada tem a ver com sua queda; foi você mesmo que disparou uma cadeia de efeitos a partir do momento que praticou o ato.


Nenhum comentário:

Postar um comentário