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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

CASO CURIOSO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Entre as matérias do número de maio de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec incluiu na seção Palestras Familiares de Além-Túmulo, o resultado de uma evocação levada a efeito na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 25 de novembro de 1859. A razão da mesma, um fato bastante singular. Segundo o Jornal de La Nièvre, um acidente ocorrido no sábado anterior na Estação da Estrada de Ferro, resultou na morte horas depois, de um homem de sessenta e dois anos chamado Jardin, quando este deixava o pátio da mesma e foi colhido pelos varais de um tílburi, veículo para transporte de passageiros, de tração animal comum na época. O acontecimento revelou uma história extraordinária que, não mereceria crédito, se não tivesse sido testemunhada por várias pessoas que a afirmaram autêntica. Segundo o jornal. Jardin, oito anos antes, perdera a esposa vitimada por complicações pulmonares, levando-o a mudar de onde morava para a cidade de Nevers, onde, empregou-se num entreposto de tabaco ali existente. Empregado trabalhador, era muito piedoso, de uma devoção exaltada e se entregava com fervor às práticas religiosas, tendo inclusive um genuflexório em seu quarto, no qual gostava de se ajoelhar. Na sexta-feira à noite, encontrando-se só com a filha, anunciou-lhe, repentinamente, que um secreto pressentimento o advertia que seu fim estava próximo, comunicando-lhe suas ultima vontades: -‘Quando eu estiver morto’, disse ele, ‘remeterás ao sr B.., a chave do meu genuflexório para que ele leve o que ali encontrar e deposite em meu caixão’. Admirada com a brusca recomendação, a senhorita Jardin, não sabendo bem se o pai falava sério, perguntou-lhe o que se acharia no genuflexório. A princípio recusou responder, mas ante sua insistência, revelou-lhe que o que ali se achava eram os restos de sua mãe. Informou que na noite que precedeu a mudança deles da aldeia onde residiam, quando todos dormiam, sentindo-se muito só, foi ao cemitério. Com uma pá, cavou até encontrar os restos do que fora sua companheira e, não querendo separar-se desses preciosos despojos, tinha recolhido os ossos, guardando-os no genuflexório. Ante a estranha confidência, a filha, um pouco amedrontada, mas sempre duvidando de que o pai falava sério, lhe prometeu conformar-se com suas vontades, persuadida de que ele queria divertir-se à sua custa, e que no dia seguinte lhe daria a palavra pedida. O que sucedeu foi que o acidente determinou sua morte. Na tentativa de reanima-lo ao abrir-lhe a camisa, para surpresa dos presentes, viu-se sobre o coração um saco de couro amarrado em volta de seu corpo. Um corte feito pelo médico chamado para atestar-lhe a morte, separou o saco em duas partes, de onde escapou uma mão seca. Lembrando-se do pedido do pai, chamados os marceneiros, ao abrirem o genuflexório encontraram no fundo, os restos da senhora Jardin, que conforme seu pedido, foram colocados com ele em sua sepultura. No diálogo conduzido por Kardec na reunião a que foi evocado, disse não saber como, mas fora sido atraído para a mesma; que no momento estava com um homem encarnado de quem gostava, acompanhado do Espírito de sua mulher; que fora prevenido de sua morte por ela, após uma prece; que ela sempre esteve ao seu lado; que embora cresse nisso, não eram os restos mortais dela que a mantinham junto a ele, mas seu pensamento fixo; que ela o recebera e esclarecera no momento da morte; que sua ligação com ela se dia ao fato de que ela tinha de guia-lo em sua vida material; que sua afeição à esposa não tinha relação com relações de outras vidas; que teve consciência de si mesmo ao cabo de pouco tempo, acredita que por ter uma fé intuitiva na imortalidade da alma; que em sua existência anterior fora um pobre camponês e, na anterior, havia sido um religioso, sincero e devotado ao estudo; que se sentia feliz, por estar ao lado de alguém que amava e, de quem sentia falta além de ter sido um homem honesto e devotado a Deus; ocupando-se em inspirar o desejo do Bem junto ao encarnado que citara no início da entrevista”.

Nos livros de Kardec vejo contradição. Primeiro ele fala que não existe castigo divino, que o que sofremos é culpa nossa. Porém, encontramos várias referências à punição divina, como nesta frase d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que diz: “Quando o orgulho atinge os últimos limites, é indicio de uma queda próxima, porque Deus pune sempre os soberbos”, capitulo VII. Queria uma explicação.

De fato, essa frase está no livro que você cita, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, que foi lançado há mais de 150 anos atrás. No entanto, primeiramente, precisamos levar em consideração que o autor do texto é o bispo de Argel que, embora desencarnado, ainda trazia alguns resquícios do linguajar católico, como é o caso de punição de Deus.

Mas, ao ler Kardec, precisamos considerar o contexto e não palavras ou frases isoladas, que podem parecer contrariar o sentido geral. Contexto é o sentido amplo, a base de racionalidade em que a doutrina se apoia. Nesse sentido, convém lembrar que a linguagem humana é limitada e está muitas vezes condicionadas ao costume das pessoas.


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