Tema sempre
instigante, afinal todos vivenciam experiências ainda não explicadas de modo
satisfatório pelas áreas da ciência que dele se ocupa. A Doutrina Espírita, com
meio século de antecedência do surgimento do clássico livro do Psiquiatra austríaco
Freud já dava sua contribuição sobre a questão. Na sequência alguns pontos
apreciados por Allan Kardec e pelo Espírito André Luiz.. 1-O Espiritismo tem uma visão
original sobre o sonho. Qual é? Os sonhos
são o resultado da emancipação da alma, que se torna mais independente pela
suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie
de clarividência indefinida, que se estende aos lugares os mais
distantes ou que jamais se viu, e algumas vezes mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que retraça na
memória os acontecimentos verificados na existência presente ou nas existências
anteriores. A extravagância
das imagens referentes ao que se passa ou se passou em mundos
desconhecidos entremeadas de coisas do mundo atual formam esses conjuntos
bizarros e confusos que parecem não ter senso nem nexo. A
incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas decorrentes da lembrança
incompleta do que nos apareceu no sonho. Tal como um relato ao qual se tivessem
truncado frases ou partes de frases ao acaso: os fragmentos restantes sendo
reunidos perderiam toda significação racional. (LE,
402) 2-- O afastamento
durante o sono físico é pleno? Durante
a encarnação, o Espírito jamais se acha completamente separado do corpo;
qualquer que seja a distância a que se transporte, conserva-se preso sempre
àquele por um laço fluídico que serve para fazê-lo voltar à prisão corpórea,
desde que a sua presença ali se torne necessária. Esse laço só a morte o rompe. 3- É necessário o
sono completo, para a emancipação do Espírito? Não.
O Espírito recobra a sua liberdade quando os sentidos se entorpecem; ele
aproveita para se emancipar, todos os instantes de descanso que o corpo
lhe oferece. Desde
que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, e quanto
mais fraco estiver o corpo, mais o Espírito estará livre. É
assim que o cochilar, ou um simples entorpecimento dos sentidos, apresenta
muitas vezes as mesmas imagens do sonho. (LE,407) 4-Essa reação é igual para todas as criaturas humanas? Na
maioria das situações, a criatura, tem a mente como que voltada para si mesma,
em qualquer expressão de descanso, tomando o sono para claustro tranquilo das impressões
que lhe são agradáveis, qual criança que, à solta, procura simplesmente o
objeto de seus caprichos. Nesse ensejo, configura na onda
mental que lhe é característica as imagens com que se acalenta, sacando da
memória a visualização dos próprios desejos, imitando alguém que improvisasse
miragens, na antecipação de acontecimentos que aspira a concretizar. Atreita ao narcisismo, tão
logo demande o sono, quase sempre se detém justaposta ao veículo físico,
entregando-se à volúpia mental com que alimenta os próprios impulsos afetivos,
enquanto a máquina se refaz. Ensimesmada, a alma, usando
os recursos da visão profunda, localizada nos fulcros do diencéfalo, e
plenamente desacolchetada do corpo carnal, por temporário desnervamento, não
apenas se retempera nas telas mentais com que preliba
satisfações distantes, mas experimenta de igual modo o resultado dos próprios
abusos, suportando o desconforto das vísceras destratadas por ele mesmo ou a
inquietude dos órgãos que desrespeita, quando não padece a presença de remorsos
constrangedores, à face dos atos reprováveis que pratica, porquanto ninguém se
livra, no próprio pensamento, dos reflexos de si mesmo. Qual ocorre no animal de
evolução superior, no homem de evolução positivamente inferior o desdobramento
da individualidade, por intermédio do sono, é quase que absoluto estágio de
mero refazimento físico. No primeiro, em que a
onda mental é simplesmente fraca emissão de forças fragmentárias, o sonho é
puro reflexo das atividades fisiológicas. No
segundo, em que a onda mental está em fase iniciante de expansão, o sonho, por
muito tempo, será invariável ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou
afetivo. Evolui, no entanto, o
pensamento na criatura que amadurece, espiritualmente, através da repercussão. (MM )
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