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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

PORQUE CARBONIZADOS?

A morte de 19 pessoas carbonizadas em acidente envolvendo um ônibus e uma caminhão durante ultrapassagem em local proibido em estrada brasileira na manhã de 31 de outubro de 2016,suscita indagações do tipo: porque Deus permite tragédias como essa? Questões assim encontram no Espiritismo explicações lógicas diferentes da tradicional “Deus assim quis”. Começando com O LIVRO DOS ESPÍRITOS que afirma que “não há de fatal, no verdadeiro sentido da palavra, senão o instante da morte. Quando esse momento chega, seja por um meio ou outro, não podeis dele vos livrar”. Revela o Espiritismo sermos Individualidades que na condição de Espíritos trabalhamos pela nossa evolução na direção da Paz e da Felicidade. O próprio Allan Kardec pondera que “a pluralidade das existências é uma das Leis mais importantes reveladas pelo Espiritismo, no sentido que lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso. Por esta Lei, o homem explica todas as anomalias aparentes que a vida humana apresenta; as diferenças de posições sociais; as mortes prematuras que, sem a reencarnação, tornariam inúteis para a alma as vidas precocemente interrompidas; a desigualdade das aptidões intelectuais e morais, explicadas pela antiguidade do Espírito, que mais ou menos viveu, mais ou menos aprendeu e progrediu, e que traz, em renascendo, a aquisição de suas existências anteriores”. Quando da ocorrência do incêndio do Edifício Andraus, na capital paulista em 24 de fevereiro de 1972, resultando na morte de 16 pessoas e dezenas de feridos, o Espírito Emmanuel em mensagem psicografada por Chico Xavier, explicou que “quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente. É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção para a redenção múltipla. Acrescenta que “corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis em nos observando no além com os problemas da culpa, solicitamos retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação”. Segundo ele, “criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as consequências, “motivo pelo qual, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração”. Ilustrando o tema, o Professor Herculano Pires lembra que “as Civilizações Antigas – como o demonstra a própria Biblia -, são cenários de apavorantes crimes coletivos, porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus. Nas Civilizações modernas, tocadas pela luz do Cristianismo, os processos de autopunição se intensificam”. Quando do Incêndio do Joelma em 1 de fevereiro de 1974, matando 191 pessoas e ferindo 300, comentando mensagem psicografada sobre o tema, o Professor Herculano observa que “o fogo era largamente usado. Encurralavam-se prisioneiros em prédios altos, que eram incendiados para que morressem nas chamas. Na queda de Jerusalém, em 1099, os judeus da cidade foram reunidos na Sinagoga e queimados vivos, crimes hediondos que provocaram resgates a longo prazo”. O expressivo documentário resultante das psicografias publicamente produzidas pelo médium Chico Xavier inclui alguns depoimentos de vítimas de incêndios. Deles destacamos trechos importantes: Volquimar Carvalho dos Santos “Quando recebi o impacto da notícia do fogo, o tumulto fora da sala não era pequeno. O propósito de fazer com que o trabalho rendesse, habitualmente, nos isolava dos ruídos exteriores. E o tempo de preservação possível havia passado. Atendi automaticamente ao impulso que nascia nos outros companheiros: descer às pressas. E fizemos isso. Elevadores não mais podiam aguardar-nos. A força elétrica sofrera a queda compreensível. Esforcei-me por atingir algum meio para a descida, mas isso se fazia impraticável. Com alguns poucos que me podiam ouvir, subimos apressadamente para os cimos do prédio. A esperança nos helicópteros estava em nossa cabeça, mas era muito difícil abraçar tantos para o regresso à rua com recursos tão poucos. Entendi tudo e orei. Orei como nunca, lembrando toda a vida num momento só, porque os minutos de expectativa eram para nós um prolongado instante de expectativa sempre menor. Tudo atravessei com a prece no coração. E posso dizer a você, mãezinha querida, que um brando torpor me invadiu, pouco a pouco... O calor era demasiado para que fosse sentido por nós, especialmente por mim com minudências de registro, compreendi que não estávamos à beira de uma libertação para o mundo e sim na margem da Vida Espiritual que devíamos  aceitar com fé em Deus.  E aceitei. Os Amigos Espirituais, destacando-se meu avô Álvaro, comigo durante todo o tempo, não me deixaram assinalar quaisquer violências, naturais numa ocasião como aquela, da  parte daqueles que nos removiam do caminho em que se acreditavam no rumo da volta que não mais se verificaria. Lembrando nossas preces e nossas conversações em casa, procurei esquecer as frases de desespero que se pronunciavam em torno de mim. Essa  atitude de prece e de aceitação me auxiliou e me colocou em posição de ser socorrida. Mais tarde com algumas horas de liberação do corpo, é que despertei ao seu lado. William José Garcia“Os quadros do incêndio já estão longe. Passaram. O nosso admirável Joelma para nós agora funcionou como um templo em que nos transformamos para as leis de Deus. Não creiam que o sofrimento para mim fosse muito. A princípio, o tumulto, o desejo natural de escapar à provação, a luta pela sobrevivência sem agressões à frente dos companheiros e colegas que experimentavam como nós o desequilíbrio nos conflitos inesperados... Depois, foi a tosse, o cérebro toldado, como se houvesse sorvido uma bebida forte e, em seguida, um sono com pesadelos... Os pesadelos das telas em derredor que vocês podem imaginar como tenham sido...Posso dizer a você, Mamãe, que pensávamos em helicópteros que nos retirassem das partes altas do edifício e com espanto, quando acordei ainda estremunhado, fui transportado para um aparelho semelhante, junto de outros amigos. Era assim tão perfeita a situação do salvamento que fui alojado num hospital, como se estivéssemos num hospital da cidade para recuperação, antes do regresso à nossa casa. Laura Maria Machado Pinto Seguíamos respirando o ar puro da estrada, conversando com as crianças, quando fomos colhidos pelo peso irresistível de ferro e fogo que nos consumiu a existência física em rápidos minutos. Creiam vocês que não houve lugar para a dor, porque as aflições reunidas numa só visão de assombro e sofrimento, nos deixaram desorientados. Tivemos instantes de lucidez, fora da vestimenta corpórea, no entanto, a Providência Divina jamais, nos abandona. Lá mesmo, ante a visão do campo aberto, uma equipe de enfermeiros nos aguardava. Aquilo nos fez pensar em preparação. Agarradas comigo, as nossas queridas filhas Patrícia e Beatriz me tomavam a alma toda. Gritos e lamentações surgiam, próximos de nós, no entanto, as ambulâncias que não conhecíamos nos recolhiam com pressa. Zélia, como que aparvalhada, buscava em meus olhos alguma força que também a mim faltava, de todo, naquela hora em que unicamente a idéia de Deus me dominava os pensamentos. O nosso amigo senhor João desmaiara e, ainda na inconsciência, as nossas pequenas atendendo-me aos pedidos se acomodavam nos veículos de socorro. Não sei. Tive a impressão de que uma energia estranha a mim própria me resguardava numa couraça de metal impermeável, porque a noção de responsabilidade prevalecia por dentro de mim. Uma fogueira que nos despojasse do corpo, deliberadamente, não nos faria tanto pânico. Uma espécie pânico mortal; se pudéssemos dizer que penetrávamos num domínio em que a morte existisse. Sentia-me exausta, com o cérebro tangido por alucinações de pavor que não conseguiria comunicar ao papel se o desejasse, me marcava todas as emoções, quando uma senhora de semblante simpático se abeirou de mim e notificou-me que o acidente imprevisível na Terra, fora anotado na Vida Espiritual antes de vir a ser e que ela estava junto de nós, com o fim de estender-nos mãos amigas. Apesar do espanto que me arrasava diante daquele montão de cinzas e objetos fumegantes, ainda tive meios de perguntar-lhe a que vinha e quem era que com tanta bondade se interessava por nós. Ela me informou ser a vovó Carmela, nome de que não me lembrava naquela hora de suplício de que ainda não nos desvencilháramos. Vovó Carmela! Fosse quem fosse, confiei-me àqueles braços que me estendiam carinho e proteção. Abracei-me a ela, a avó que naquele momento se me fazia plenamente desconhecida e só então conseguia dar vazão às lágrimas que meu peito represava

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