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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

DEVE-SE EXIGIR A PERFEIÇÃO?


O número de dezembro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA dedica significativo espaço para falar sobre a Organização do Espiritismo. Entre os pontos tratados por Allan Kardec sobre a questão, encontra-se um perfil dos seguidores da Doutrina. Para refletirmos sobre a evolução de lá para cá, especialmente no Brasil onde o Espiritismo encontrou campo fértil para sua expansão, destacamos parte da análise do Codificador. Falando sobre os adeptos da revolucionária proposta, diz Kardec: - “Pode-se pôr em primeira linha os que creem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles o Espiritismo não passa de uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos; a filosofia e a moral são acessorios de que pouco se ocupam e de cujo alcance nem mesmo desconfiam. Nós os chamamos espíritas experimentadores. Vêm a seguir os que veem no Espiritismo algo mais que simples fatos; compreendem o seu alcance filosófico; admiram a moral dele decorrente, mas não a praticam; extasiam-se ante as belas comunicações, como diante de um sermão eloquente, que ouvem mas não aproveitam. A influência sobre o seu caráter é insignificante ou nula; em nada mudam seus hábitos e não se privariam de um único prazer: o avarento é sempre avarento, o orgulhoso sempre cheio de si mesmo, o invejoso e o ciumento sempre hostis. Para eles a caridade cristã é apenas uma bela máxima e os bens deste mundo os arrastam na sua estima sobre os do futuro. São os espíritas imperfeitos. Ao lado destes há outros, mais numerosos do que se pensa, que não se limitam a admirar a moral espírita, mas que a praticam e a aceitam em todas as suas consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar estes curtos instantes para marchar na via do progresso, esforçando-se por fazer o bem e reprimir as más inclinações; suas relações são sempre seguras, porque sua convicção os afasta de todo mau pensamento. Em tudo a caridade é sua regra de conduta. São os verdadeiros espíritas, ou, melhor, os espíritas cristãos.  Se bem compreendido o que precede, compreender-se-á também que um grupo formado exclusivamente por elementos desta última classe estaria em melhores condições, porque entre pessoas que praticam a lei de amor e de caridade é que se pode estabelecer uma séria ligação fraternal. Entre homens para quem a moral não passa de uma teoria, a união não seria durável; como não impõem nenhum freio ao orgulho, à ambição, à vaidade e ao egoísmo, não o imporão também às suas palavras; quererão ser os primeiros, quando deveriam humilhar-se; irritar-se-ão com as contradições e não terão nenhum escrúpulo em semear a perturbação e a discórdia. Entre verdadeiros espíritas, ao contrário, reina um sentimento de confiança e de recíproca benevolência; sentem-se à vontade nesse meio simpático, ao passo que há constrangimento e ansiedade num ambiente heterogêneo.  Isto faz parte da natureza das coisas e nada inventamos a respeito. Daí se segue que, na formação dos grupos, deve-se exigir a perfeição? Seria simplesmente absurdo, porque exigir o impossível e, neste ponto, ninguém poderia pretender dele fazer parte. Tendo como objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo não vem recrutar os que são perfeitos, mas os que se esforçam em o ser, pondo em prática o ensino dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que deseja seriamente atingi-la. Sejam quais forem os seus antecedentes, será bom espírita desde que reconheça suas imperfeições e seja sincero e perseverante no propósito de emendar-se. Para ele o Espiritismo é uma verdadeira regeneração, porque rompe com o passado; indulgente para com os outros, como gostaria que fossem para consigo, de sua boca não sairá nenhuma palavra malevolente nem ofensiva contra ninguém”.

Dúvidas sobre a visão do Espiritismo a respeito de questões essenciais? Consulte a série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ acessando Luiz Armando – Canal do Youtube


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