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sábado, 4 de outubro de 2014

PARA QUEM QUER EVOLUIR CONSCIENTEMENTE

Quando Allan Kardec escreveu num dos artigos incluídos na REVISTA ESPÍRITA de 1864 que “não é, pois, nem após a primeira, nem após a segunda encarnação que a alma tem consciência bastante nítida de si mesma, para ser responsável por seus atos; talvez só após a centésima ou milésima”, não parecia estar fazendo uma afirmação absurda. Explicando-se melhor acrescenta que “dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos”. Salienta que “ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações do Espírito (...). Apenas sabemos que são criados simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme a Justiça”. No caso do Ser humano, um dos elementos importantes é o chamado livre-arbítrio que, como explicado pelo Espiritismo, “só se desenvolve pouco a pouco, após numerosas evoluções na vida corpórea e, associado à responsabilidade, cresce em razão do desenvolvimento da inteligência. Assim, por exemplo, um selvagem que come os seus semelhantes é menos castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Sem dúvida os nossos selvagens estão muito atrasados em relação a nós e, contudo, já estão bem longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos a alma encarnada é submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes, ou melhor, se equilibram com a inteligência; mais tarde,  e sempre gradativamente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade”. As sutilezas no processo evolutivo são curiosas. Uma amostra está na reflexão do próprio Allan Kardec sobre a seguinte questãosofre-se as consequências de um mau pensamento que não se efetivou? que compõe as análises do capítulo oito d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO que aborda a afirmação do famoso Sermão da Montanha “Bem Aventurados os Puros de Coração”. Concluiu o seguinte: -“Temos de fazer aqui uma importante distinção. À medida que a alma, comprometida no mau caminho, avança na Vida Espiritual, vai-se esclarecendo, e, pouco a pouco, se liberta de suas imperfeições, segundo a maior ou menor boa-vontade que emprega, em virtude do seu livre arbítrio. Todo mau pensamento é, portanto, o resultado da imperfeição da alma. Mas, de acordo com o desejo que tiver de se purificar, até mesmo esse mau pensamento se torna para ela um motivo de progresso, porque o repele com energia. É o sinal de uma mancha que ela se esforça por apagar. Assim, não cederá à tentação de satisfazer um mau desejo, e após haver resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória. Aquela que, pelo contrário, não tomou boas resoluções, ainda busca a ocasião de praticar o mau ato, e, se não o fizer, não será por não querer, mas apenas por falta de circunstâncias favoráveis. Ela é, portanto, tão culpada como se o houvesse praticado. Em resumo: a pessoa que nem sequer concebe o mau pensamento, já realizou o progresso; aquela que ainda tem esse pensamento, mas o repele, está envias de realizá-los; e, por fim, aquela que tem esse pensamento e nele se compraz, ainda está sob toda a força do mal. Numa, o trabalho está feito; nas outras, está por fazer. Deus, que é justo, leva em conta todas essas diferenças, na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem”. Como salientado por Allan Kardec, “a verdadeira pureza não está apenas nos atos, mas também no pensamento, pois aquele que tem o coração puro nem sequer pensa no mal. Foi isso que Jesus quis dizer condenando o ‘pecado’, mesmo em pensamento, porque ele é um sinal de impureza moral”. E, em função dessa, o complexo de culpa, o remorso, o arrependimento e o anseio de reparação, como explicitado no Código Penal da Vida Futura, apresentado no capítulo sete do livro O CÉU E O INFERNO - ou, a Justiça Divina Segundo o Espiritismo – automaticamente nos encaminhará à escola do sofrimento e da dor. Afinal, ninguém foge de si mesmo e a cada um é dado conforme as próprias obras.
















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