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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Doces Memórias

Famosas ficaram as peregrinações desenvolvidas pelo médium Chico Xavier nas tardes de sábado e manhãs de domingo na cidade de Uberaba(MG), seguidas por expressivo número de pessoas  para lá atraídas, em sua maioria, pela possibilidade de notícias de entes queridos cuja morte não fora cogitada. Poucos, contudo sabem a origem daquelas atividades que nasceu de uma vivência logo após a primeira mensagem psicografada por ele no dia 8 de julho de 1927. Chico revelou isso num depoimento preservado pelo amigo Carlos Baccelli na obra O EVANGELHO DE CHICO XAVIER (lepp). Contou ele: -“Tudo seguia em ordem, quando na noite de 10 de julho, dois dias depois de haver recebido a primeira mensagem, quando eu fazia as orações da noite, vi o meu quarto pobre se iluminar, de repente. As paredes refletiam a luz de um prateado lilás. Eu estava de joelhos, conforme os meus hábitos católicos, e descerrei os olhos, tentando ver o que se passava. Vi, então, perto de mim uma senhora de admirável presença, que irradiava a luz que se espraiava pelo quarto. Tentei levantar-me para demonstrar-lhe respeito e cortesia, mas não consegui permanecer de pé e dobrei, involuntariamente, os joelhos diante dela. A dama iluminada fitou uma imagem de Nossa Senhora do Pilar que eu mantinha em meu quarto e, em seguida, falou em castelhano que eu compreendi, embora sabendo que ignorava o idioma, em que ela facilmente se expressava: -Francisco – disse-me pausadamente – em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos. A emoção me possuía a alma toda, mas pude perguntar-lhe, embora as lágrimas que me cobriam o rosto: -Senhora, quem sois vós? Ela me respondeu: -Você não se lembra agora de mim, no entanto eu sou Isabel, Isabel de Aragão. Eu não conhecia senhora alguma que tivesse este nome e estranhei o que ela dizia, entretanto, uma força interior me continha e calei qualquer comentário, em tono de minha ignorância. Mas o diálogo estava iniciando e indaguei: -Senhora, sou pobre  e nada tenho para dar. Que auxílio poderei prestar aos mais pobres do que eu mesmo? Ela disse: -Você nos auxiliará a repartir pães com os necessitados. Clamei com pesar: -Senhora, quase sempre não tenho pão para mim. Como poderei repartir pães com os outros? A dama sorriu e me esclareceu: -Chegará o tempo em que você disporá de recursos. Você vai escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que você produzir, mas vamos providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa. Confiemos na Bondade do Senhor. Em seguida a estas palavras que anotei em 1927, a dama se afastou deixando meu quarto em pleno escuro. Chorei, sob emoção para mim inexplicável, até o amanhecer do dia imediato. Não tinha mais o Padre Scarzelli para consultar e notei que os meus novos companheiros não poderiam me auxiliar, porque eu não sabia o que vinha a ser a expressão “gentes peninsulares” ouvidas por mim, e, quanto a estas duas palavras, nenhum deles conseguiu fornecer qualquer explicação (...) Duas semanas após a ocorrência, estando eu nas preces da noite, apareceu-me um senhor vestido em roupa branca que, por intuição, notei trata-se de um sacerdote. Saudei-o com muito respeito e ele me respondeu com bondade, explicando-me: - Irmão Francisco, fui no século XIV um dos confessores da Rainha Santa, D. Isabel de Aragão, que se fez esposa do Rei de Portugal, D. Dinis. Ela desenvolveu elevadas iniciativas de beneficência e instrução nos dois reinos que foram a Península conhecida na Europa, e voltou ao Mundo Espiritual, em 4 de julho de 1336. Desde então, ela protege todas as obras de caridade e educação na Espanha e Portugal. Foi ela que o visitou, há alguns dias, nas preces da noite, e prometeu-lhe assistência. Ela me recomenda dizer-lhe que não lhe faltarão recursos para a distribuição de pães com os necessitados. Meu nome em 1336 era Fernão Mendes. Confiemos em Jesus e trabalhemos na sementeira do Bem. Eu não tive garganta livre para falar. O padre se retirou e, sentindo a premência do que desejava a nobre senhora, que eu não sabia ter sido, na Terra, tão amada e ilustre rainha. NO primeiro sábado que se seguiu às ocorrências que descrevo, fui com minha irmã Luiza a uma ponte muito pobre, até hoje existente e reformada na cidade de Pedro Leopoldo (MG), onde nasci, conduzindo um pequeno cesto com oito pães. Ali estavam refugiados alguns indigentes. Parti os pães, a fim de que cada um tivesse um pedaço, e assim foi iniciado nosso serviço de assistência”.



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