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terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Mal do Mêdo

Relata Allan Kardec no número de outubro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, que na reunião de 14 de setembro passado, foi proposta ao dirigente Espiritual dos trabalhos, uma questão derivada de notícia publicada no periódico Moniteur, de 26 de novembro de 1857, muito ilustrativa. Segundo a nota, o Dr F. voltara para casa depois de ter feito algumas visitas aos seus doentes. Numa destas havia, ganho uma garrafa de excelente rum, importado diretamente da Jamaica. O médico esqueceu no carro a garrafa precisa. Lembrando-se um pouco mais tarde, foi procura-la e declarou ao chefe do estacionamento, que havia deixado num dos veículos uma garrafa de um veneno muito violento e o aconselhou a prevenir aos cocheiros que tivessem o maior cuidado em não fazer uso daquele líquido mortal. Mal retornara ao seu apartamento, vieram chama-lo apressadamente, pois três cocheiros do vizinho estacionamento sofriam dores abdominais horríveis. Foi com muita dificuldade que os convenceu de que tinham bebido excelente rum e que sua indelicadeza não poderia ter tido mais consequências que aquele castigo imediato aos culpados”. Kardec pediu à Espiritualidade uma explicação fisiológica desta transformação das propriedades de uma substância inofensiva, já que sabemos que, pela ação magnética, pode ocorrer tal transformação; mas no caso vertente não houve emissão de fluido magnético agindo apenas a imaginação e não a vontade. O Espírito São Luiz disse que o raciocínio sobre a imaginação estava correto, contudo, “os Espíritos maus, que induziram aqueles homens a cometer um ato indelicado, se serviram de outro procedimento: fizeram passar pela corrente sanguínea, na matéria, um ‘arrepio de medo’, que bem poderia ser chamado de ‘arrepio magnético’. Este distende o sistema nervoso e produz um esfriamento em certas partes do corpo. Na região abdominal pode ocasionar cólicas”. Acrescenta que “é, pois, um meio de punição que diverte os Espíritos que fizeram cometer o furto, ao mesmo tempo que os faz rir à custa daqueles a quem fizeram errar. Em todo caso não seria verificada a morte: é simples lição para os culpados e divertimento para os Espíritos levianos. Assim procedem, sempre que se lhes oferece oportunidade, que até procuram, para sua satisfação. Podemos evitar isso – e falo para vós – elevando-nos a Deus por pensamentos menos materiais que os ocupavam o Espírito daqueles homens. Os Espíritos maus gostam de se divertir. Cuidado com eles. Aquele que julga dizer uma frase agradável às pessoas que o cercam e que diverte uma sociedade com piadas e atos, por vezes se engana e, mesmo muitas vezes, quando pensa que tudo isso vem de si próprio. Os Espíritos levianos, que o cercam, com ele de tal modo se identificam, que pouco a pouco o enganam a respeito de seus pensamentos, enganando também àqueles que o ouvem. Neste caso pensais estar tratando com um homem de Espírito que não passa de um ignorante. Observai-vos e julgai minhas palavras. Nem por isso são os Espíritos Superiores inimigos da alegria: por vezes gostam de rir para se vos tornarem agradáveis. Todavia, cada coisa tem o seu momento oportuno”. Refletindo sobre o que foi dito, Kardec amplia a análise feita, considerando outra possibilidade: -“Dizer que no caso vertente não havia emissão de fluidos magnéticos talvez não fossemos muito exatos. Aqui aventuramos uma suposição. Como o dissemos, sabe-se que transformações das propriedades da matéria se podem operar sob a ação do fluido magnético, dirigido pelo pensamento. Ora, não é possível admitir que, pelo pensamento do médico, que queria fazer crer na existência de um tóxico e dar aos ladrões as angústias do envenenamento, tivesse havido à distância uma espécie de magnetização do líquido que, assim, teria adquirido novas propriedades, cuja ação teria sido corroborada pelo estado moral dos indivíduos, a quem o mêdo tornara impressionaveis? Esta teoria não destruiria a de São Luiz sobre a intervenção dos Espíritos levianos em semelhantes circunstâncias. Sabemos que os Espíritos agem fisicamente por meios físicos; podem, pois, a fim de realizar certos desígnios, servir-se daqueles que eles mesmos provocam e que nós lhes fornecemos inadvertidamente”.

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