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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

UM CASO DE MISTIFICAÇÃO


O fato está relatado na edição de junho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA. Reporta-se à reunião da Sociedade Espírita de Paris da Sexta-feira, 18 de maio de 1860 Após os procedimentos de praxe, foi tratado o caso de uma mistificação havida em reunião anterior, onde um Espírito tentou se passar pelo dirigente espiritual das atividades do grupo: São Luiz. Feitas as leituras de Comunicações diversas: o assunto passou a ser o esclarecimento da ocorrência. P. – Por que São Luís não se comunicou sexta-feira passada pelo Sr. Didier, e deixou falasse um Espírito enganador? Resp. – São Luís estava presente, mas não quis falar. Aliás, não reconhecestes que não era ele? É o essencial. Não fostes enganados, desde que vos destes conta P. Com que objetivo ele não quis falar? Resp. – Podeis perguntar a ele mesmo. Está aqui. P. São Luís poderia esclarecer o motivo de sua abstenção? Resp. – Ficastes contrariado com o que aconteceu; entretanto, deveis saber que nada acontece sem motivo. Muitas vezes há coisas, cujo objetivo não compreendeis, que a princípio parecem más, porque sois muito impacientes, mas cuja sabedoria mais tarde reconheceis. Ficai, pois, tranquilos e não vos inquieteis por nada; sabemos distinguir os que são sinceros e velamos por eles. P. Se foi uma lição que quisestes nos dar, eu a compreenderia, quando estamos entre nós; mas em presença de estranhos, que poderiam ficar mal impressionados, parece que o mal sobrepuja o bem. Resp. – Laborais em erro, vendo as coisas assim. O mal não consiste naquilo em que acreditais, e eu vos asseguro que houve pessoas aos olhos das quais essa espécie de revés foi uma prova da boa-fé de vossa parte. Aliás, do mal muitas vezes resulta o bem. Quando vedes um jardineiro cortar os belos ramos de uma árvore, deplorais a perda da verdura, e isso vos parece um mal; porém, uma vez suprimidos esses ramos parasitas, os frutos são mais belos e saborosos: eis o bem, e então achais que o jardineiro foi sábio e mais prudente do que supúnheis. Do mesmo modo, se se amputa um membro de um doente, a perda do membro é um mal, mas, após a amputação, se fica melhor, eis o bem, porque talvez lhe tenham salvo a vida. Refleti bem nisto e havereis de compreender. P. É muito justo. Mas como se explica que, apelando aos Espíritos bons e lhes pedindo que afastem os impostores, o apelo não seja atendido? Resp. – É atendido, não o duvideis. Mas estais bem seguros de que o apelo procede do fundo do coração de todos os assistentes, ou que não haja alguém que, por um pensamento pouco caridoso e malévolo, ou pelo desejo, atraia para o meio de vós os Espíritos maus? Eis por que vos dizemos incessantemente: Sede unidos; sede bons e benevolentes uns para com os outros. Disse Jesus: “Quando estiverdes reunidos em meu nome, estarei entre vós”. Acreditais, por isso, que basta pronunciar o seu nome? Não o penseis e convencei-vos de que Jesus não vai senão aonde é chamado pelos corações puros; aos que praticam os seus preceitos, porquanto esses estão verdadeiramente reunidos em seu nome. Não vai aos orgulhosos, nem aos ambiciosos, nem aos hipócritas, nem aos que falam mal do próximo. Foi a eles que Jesus se referiu: “Não entrarão no reino dos céus”. P. Compreendo que os Espíritos bons se afastem dos que não lhes ouvem os conselhos; mas se, entre os assistentes, há mal intencionados, é isto uma razão para punir os outros? Resp. – Admiro-me de vossa insistência. Parece que me expliquei com muita clareza para quem queira compreender. É preciso repetir que não vos deveis preocupar com tais coisas, que são puerilidades junto ao grande edifício da doutrina, que se ergue? Acreditais que vossa casa vai cair porque se desprende uma telha? Duvidais de nosso poder, de nossa benevolência? Não? Pois bem! deixai-nos então agir e ficai certos de que todo pensamento, bom ou mau, tem seu eco no seio do Eterno. P. Nada dissestes a respeito da invocação geral que fazemos no começo de cada sessão. Podeis dizer o que pensais? Resp. – Deveis sempre apelar aos Espíritos bons; a forma, bem o sabeis, é insignificante: o pensamento é tudo. Admirai-vos do que se passou; mas examinastes bem o rosto dos que vos escutavam quando fazíeis essa invocação? Não percebestes, mais de uma vez, o sorriso de sarcasmo em certos lábios? Que Espíritos pensais que tragam essas pessoas? Espíritos que, como elas, se riem das coisas mais sagradas. É por isso que vos digo para não admitirdes o primeiro que vier, evitando os curiosos e os que não vêm para se instruírem. Cada coisa virá a seu tempo e ninguém pode prejulgar os desígnios de Deus. Em verdade vos digo que aqueles que hoje sorriem destas coisas não rirão por muito tempo. São Luís


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