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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

JUSTIÇA DIVINA?


As inesperadas mudanças que surpreendem muitas famílias com a chamada “perda” de um ente querido além dos sentimentos contraditórios que suscitam, constitui-se em dúvidas sem respostas para o que se deixa dominar pela emoção. O Professor José Benevides Cavalcante (FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) é acionado por um caso típico. Vamos a ele: "Num acidente que envolveu várias pessoas, que viajavam num veículo, só um jovem morreu, quando estavam indo para um passeio. Seus pais estão inconformados e, ora põem a culpa em um, ora em outro. Dizem que não podem aceitar que Deus tenha reservado essa triste sorte para seu filho..." Fatos como esse acontecem sempre. Suponhamos dois jovens, A e B, viajando num veículo que vem a capotar na rodovia. Com o acidente, o primeiro vem a falecer instantaneamente, o outro jovem se salva com alguns poucos ferimentos. Os pais de B, após o susto, dirão: "Deus foi muito bom conosco; salvou nosso filho. Poderia ter morrido, mas não morreu. Foi a mão de Deus que o amparou naquele momento!" E os pais de A o que vão dizer? Se forem pessoas equilibradas e resignadas, certamente, dirão: "Coitado de nosso filho! Tão bom! Mas Deus o levou. Não podemos fazer mais nada. Temos que respeitar a Sua vontade". Se forem revoltadas, exclamarão: " Por que nosso filho? Por que isso aconteceu justamente conosco? Por que Deus permitiu que isso acontecesse? Que injustiça! era um rapaz tão bom!... Deus não poderia tê-lo amparado? Não amparou o outro?" Momentos de alívio para uns e de grande sofrimento para outros, situação que qualquer um de nós pode ter que enfrentar ainda. Por que só A morreu? Os ateístas explicam que todo acontecimento da vida se deve a causas próximas. Não existe Deus, não existe Espírito. Nascemos e vivemos uma única existência, para nunca mais. No caso, o que determinou a morte foi a alta velocidade do carro, ou a falta de atenção ou de habilidade no volante, ou um defeito mecânico, etc. Mas por que faleceu um e não o outro, se os dois estavam juntos? Bem, obra do acaso - dirão eles - sorte de B e azar de A, a vida tem essas surpresas; poderia ter sido B, mas o acaso determinou que fosse A. Neste caso, como conceituar a vida? Existe justiça? Se a vida não tem um sentido maior que simplesmente viver uma única existência, sem perspectiva do futuro, para que servirá? De que servirá tudo o que passamos, tudo o que ensinamos e aprendemos, todas as afeições conquistadas, todas as realizações, sonhos e ideais, se, num minuto, como diz Kardec, tudo se transforma em nada e tudo se acaba de vez? Todavia, um espiritualista dirá: "Fulano morreu porque esta é a vontade de Deus; da mesma forma se explica porque o outro está vivo. Se Deus quisesse, teria morrido B, mas Ele não quis; por isso foi A quem morreu. Se foi um crente e rendeu seu culto ao Senhor, certamente se salvará; se não teve fé, nem cultuou determinada religião, com certeza vai para o inferno eterno". Que decepção! Deus decide e pronto! Nós, que somos os protagonistas da história, não temos nenhuma participação nisso e temos simplesmente que nos conformar. É quando surge a revolta. Para que tanto esforço, se Deus tem outros planos para nós, planos dos quais não temos a menor ideia, e Ele decide sozinho qual vai ser o nosso destino? Qual é o nosso valor nesse contexto, se estamos fora de todas as decisões? Onde a livre-arbítrio? Entretanto, o espírita, diante do caso em questão, vai dizer: "A não morreu por acaso e nem foi por acaso que B se salvou. Também o que aconteceu não foi simplesmente porque Deus disse ,por mero capricho, "eu quero assim". Existem leis que regem os destinos do homem, segundo as quais, cada um caminha com suas próprias pernas e com seu próprio esforço. Todos temos participação em tudo que nos acontece. Existem causas que determinaram a morte de um e a salvação do outro, causas que podem advir de vidas passadas ou desta mesma existência, mas que, de qualquer forma, atribuem a cada qual a responsabilidade pelo que lhe acontece. Somos nós que conduzimos nossa vida e, por gozarmos de liberdade de decisão, temos méritos e culpas naquilo que nos acontece. O que se passa conosco hoje se explica pelo passado e o nosso futuro". Qual dessas posições é a mais condizente com a justiça e o amor de Deus? Certamente os pais desse jovem, o único que veio a desencarnar no acidente, precisam ser orientados dentro destes postulados, pois a Doutrina Espírita nos apresenta uma concepção perfeita de justiça, que nos ajuda a compreender os obstáculos e os problemas da vida, resignando-nos com aquilo que, presentemente, não podemos mudar. Só uma ampla visão da vida nos pode levar a uma compreensão mais profunda de Deus

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