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quarta-feira, 7 de junho de 2017

JUSTIÇA

A amplitude propiciada pelo Espiritismo sobre as interações entre o Plano Invisível e o Visível leva-nos a concluir o quanto a Humanidade terrena precisa amadurecer para que as contradições sociais diminuam ou mesmo desapareçam nas relações entre os indivíduos. No tópico justiça não é diferente. Prefaciando o livro AÇÃO E REAÇÃO (1957, feb) do Espírito André Luiz, o Emmanuel também através do médium Chico Xavier pondera que  “Von Liszt, eminente criminalista dos tempos modernos, observa que o Estado, em sua expressão de organismo superior, e excetuando-se, como é claro, os grupos criminosos que por vezes transitoriamente o arrastam a funestos abusos do poder, não prescinde da pena, a fim de sustentar a ordem jurídica. A necessidade da conservação do próprio Estado justifica a pena. Com essa conclusão, apagam-se, quase que totalmente, as antigas controvérsias entre as teorias de Direito Penal, de vez que, nesse ou naquele clima de arregimentação política, a tendência a punir é congenial ao homem comum, em face da necessidade de manter, tanto quanto possível, a intangibilidade da ordem no plano coletivo”. Acrescenta também que o Espiritismo revela uma concepção de justiça ainda mais ampla. A criatura não se encontra simplesmente subordinada ao critério dos penólogos do mundo, categorizados à conta de cirurgiões eficientes no tratamento ou na extirpação da gangrena social. Quanto mais esclarecida a criatura, tanto mais responsável, entregue naturalmente aos arestos da própria consciência, na Terra ou fora dela, toda vez que se envolve nos espinheiros da culpa. Noutra obra, André Luiz reproduz comentário de outro Instrutor segundo o qual o juiz é o médium das leis. Todos os homens em suas atividades, profissões e associações são instrumentos das forças a que se devotam. Produzem, de conformidade com os ideais superiores ou inferiores em que se inspiram, atraindo os elementos invisíveis que os rodeiam, conforme a natureza dos sentimentos e ideias de que se nutrem. Já no capítulo 13 do livro LIBERTAÇÃO (feb), um relato interessante revelando uma ocorrência desdobrada entre dois Planos, onde um dos personagens desencarnados durante as horas de repouso físico de outro - um juiz encarnado com 20 anos de experiências -, intervir em favor de vítima aparente de inconfessável erro judiciário. Horas antes de se deitar para dormir, o desencarnado aproximou-se ‘colocou-lhe as mãos sobre a fronte, comunicando-nos que prepará-lo-ia para a conversação próxima, dirigindo-lhe a intuição para as reminiscências do processo em que fora implicado. Daí a instantes, os olhos do Juiz exibiam modificada expressão. Dir-se-ia contemplarem cenas distanciadas, com indizível tortura. Mostravam-se angustiados, doridos’. Já semi desligado do corpo físico pelo entorpecimento natural do sono, inteirado do motivo do encontro com os desconhecidos diante dos quais se via, procura defender-se da decisão lavrada, reconhece ter sido o juiz da causa, ter consultado os códigos necessários antes de emitir a sentença, ter sido o crime averiguado, os laudos periciais e as testemunhas condenaram o réu, não podendo, em sã consciência, aceitar intromissões, mesmo tardias, sem argumentação ponderosa e cabível. Ouve então os argumentos do visitante, os quais valem a pena ser revistos para reflexões: Os fluidos da carne tecem um véu pesado demais para ser facilmente rompido pelos que se não afeiçoam, ainda, diariamente, ao contacto da espiritualidade superior. Referes-te ao título que a convenção humana te conferiu. (...)   O homem que aceitou a mordomia, no quadro dos bens materiais ou espirituais do Planeta, nunca alardeia superioridade, quando consciente das obrigações que lhe cabem, por entender na administração fiel um caminho de aprimoramento, mesmo através de extremo sofrimento moral. Distribuir amor e justiça, simultaneamente, na atualidade da Terra, em que a maioria das criaturas menosprezam semelhantes dádivas, é crivar-se de dores. Admites que o homem viverá sem contas, ainda mesmo aquele que se supõe capacitado para julgar o próximo, em definitivo? Acreditas haja o teu raciocínio acertado em todos os enigmas da senda? Terás agido imparcialmente em todas as decisões? Não creias... O Justo Juiz foi crucificado num madeiro de linhas retas por devotar-se no mundo à extrema retidão. Todos nós, na estrada multissecular do conhecimento edificante, muita vez colocamos o desejo acima do dever e o capricho a cavaleiro dos princípios redentores que nos compete observar. Em quantas ocasiões já se te inclinou o mandato às contrafações da política desintegrante dos homens, ávidos de transitório poder? Em quantos processos permitiste que os teus sentimentos se turvassem no personalismo delinquente?  Juiz não fosse a compaixão divina que te concede ao ministério diversos auxiliares invisíveis, amparando-te as ações, por amor à Justiça que representas, e as vítimas dos teus erros involuntários e das paixões obcecantes daqueles que te cercam não te permitiriam a permanência no cargo. Teu palácio residencial mostra-se repleto de sombras. Muitos homens e mulheres, dos que já sentenciaste em mais de vinte anos, nas lides do direito, arrebatados pela morte, não conseguiram seguir adiante, colados que se acham aos efeitos de tuas decisões e demoram-se em tua própria casa, aguardando-te explicações oportunas. Missionário da lei, sem hábitos de prece e meditação, únicos recursos através dos quais poderias abreviar o trabalho de esclarecimento que te assiste, grandes surpresas te reserva o transe final do corpo. 

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