Aceleradamente a ciência vai
acessando informações extremamente úteis para o entendimento dos outrora
inexplicáveis problemas humanos. Até a Organização
Mundial de Saúde na Classificação
Internacional de Saúde, item F.44.3 do CID
10, de 2016, já considera a possibilidade dos transtornos mentais serem
causados por perturbações espirituais. Analisando um caso de obsessão
coletiva no número de maio de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos uteis
para quem quer refletir sobre a fascinante influência espiritual intencional.
Diz ele: -“Está demonstrado pela experiência que os Espíritos mal-intencionados
não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se
identificam e do qual se servem como se fosse o seu; que provocam atos
ridículos, gritos, movimentos desordenados que apresentam todas as aparências
da loucura ou da monomania. Encontrar-se-á sua explicação n’O LIVRO DOS
MÉDIUNS, no capítulo da obsessão. Com
efeito, é bem uma espécie de loucura, uma vez que se pode dar este nome a todo
estado anormal, em que o Espírito não age livremente. Deste ponto de vista, é
uma verdadeira loucura acidental. Faz-se, pois, necessário distinguir a loucura
patológica da loucura obsessiva. A primeira resulta de uma desordem nos
órgãos da manifestação do pensamento. Notemos que, nesse estado de coisas, não
é o Espírito que é louco; ele conserva a plenitude de suas faculdades, como o
demonstra a observação; apenas estando desorganizado o instrumento de que se
serve para manifestar-se, o pensamento, ou, melhor dizendo, a expressão do
pensamento é incoerente. Na loucura obsessiva não há lesão orgânica; é o
próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho,
que o domina e subjuga. No primeiro caso, deve-se tentar curar o órgão enfermo;
no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede importuno, a fim de lhe
restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito frequentes e muitas vezes
tomados como loucura o que não passa de obsessão, para a qual deveriam empregar
meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico e, sobretudo, pelo contato
com os verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma verdadeira
loucura onde esta não existia. Abrindo novos horizontes a todas as ciências, o
Espiritismo vem, também, elucidar a questão tão obscura das doenças mentais, ao
atribuir-lhes uma causa que, até hoje, não havia sido levada em consideração –
causa real, evidente, provada pela experiência e cuja verdade mais tarde será
reconhecida. Mas como fazer que tal causa seja admitida por aqueles que estão
sempre dispostos a enviar ao hospício quem quer que tenha a franqueza de crer
que temos uma alma e que esta desempenha um papel nas funções vitais, sobrevive
ao corpo e pode atuar sobre os vivos? Graças a Deus, e para o bem da
Humanidade, as ideias espíritas fazem mais progresso entre os médicos do que se
podia esperar e tudo faz prever que, num futuro não muito remoto, a Medicina
saia finalmente da rotina materialista. Estando provados alguns casos isolados
de obsessão física ou de subjugação, fácil é compreender que, semelhante a uma
nuvem de gafanhotos, um bando de Espíritos perturbadores pode lançar-se sobre
certo número de indivíduos, deles se apoderar e produzir uma espécie de
epidemia moral. A ignorância, a vulnerabilidade das percepções, a ausência de
cultura intelectual naturalmente lhes facultam maior influência. É por isso que
eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as pessoas inteligentes
e instruídas nem sempre estejam isentas. Estudai o Espiritismo e compreendereis
a razão”.
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