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sexta-feira, 16 de maio de 2014

NÃO INTERESSA SABER

Reproduzindo o pensamento dos Espíritos que com ele trabalhavam, Chico Xavier disse certa vez que “morrer é apenas mudar de Plano Existencial como alguém que se transferisse de uma cidade para outra”. Apesar do incontestável fato de que todos morrerão um dia, e, o extraordinário volume de documentos por ele gerados - especialmente nas últimas três décadas - através da sua mediunidade, a maioria das pessoas prefere ignorar o tema. Optam por sucumbir aos apelos do materialismo alienante, da frenética perseguição de metas e valores dos quais, a qualquer momento terão de se afastar motivado por um acidente, por um colapso em área vital do corpo físico, por uma doença qualquer. E, apesar da naturalidade do processo de mudança, do Espiritismo disponibilizar milhares de convincentes depoimentos de quem passou pela experiência, a verdade é que o que vai fazer a diferença é a forma como se viveu na Dimensão em que nos encontramos. Na obra NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE, o Espírito André Luiz reproduz ponderação do Instrutor Áulus em que afirma que “-Trazemos conosco os sinais de nossos pensamentos, de nossas atividades e de nossas obras, e o túmulo nada mais faz que o banho revelador das imagens que escondemos no mundo, sob as vestes da carne”. Comparações entre depoimentos expostos por Allan Kardec na segunda parte d’ O CÉU E O INFERNO ou A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO, os obtidos através de Chico Xavier, mostram que a época não faz diferença. A situação do pós-morte, é, portanto, absolutamente pessoal, refletindo a realidade essencial, íntima, do individuo. No número de dezembro de 1860, da REVISTA ESPÍRITA, encontramos interessante caso incluído pelo editor. Trata-se de três comunicações de uma mulher de nome Clara, conhecida em vida da médium Sra Costel, revelando atroz sofrimento, justificado pela conduta e caráter sustentado enquanto encarnada. Era, segundo avaliação, dominada por um extremo egoísmo e personalismo, refletido, por sinal, na última comunicação por querer que a médium se ocupasse somente com ela. Na primeira mensagem, tentando explicar sua situação, sugere: -“Procura compreender o que é um dia que jamais acaba. É um dia, um ano, um século? Que serei eu? As horas não se marcam; as estações não variam; eterno e lento como a água que brota do rochedo, esse dia execrado, esse dia maldito pesa sobre mim como um estojo de chumbo... Sofro!... Nada vejo em volta de mim, senão sobras silenciosas e indiferentes... Sofro!”...  Na segunda: -“Minha desgraça cresce dia a dia; cresce à medida que o conhecimento da Eternidade se desenvolve em mim. Ó miséria! Quanto vos maldigo, horas culpadas, horas de egoísmo e de esquecimento em que, desconhecendo toda caridade, todo devotamento, eu só pensava no meu bem estar!”, sugerindo mais à frente: -“Que direi a ti, que me escutas? Vigia incessantemente sobre ti; amas aos outros mais que a ti mesma; não te demores nos caminhos do Bem estar; não engordes o teu corpo à custa de tua alma. Vigia, como dizia o Salvador a seus discípulos. Não me agradeças estes conselhos: meu Espírito os concebe, mas meu coração jamais os ouviu”. Na terceira: -“Venho procurar-te aqui, já que me esqueces. Crês que preces isoladas e o meu nome pronunciado bastarão para acalmar o meu sofrimento? (...) Eu quero, entende, eu quero que, deixando tuas dissertações filosóficas, te ocupes de mim; que os outros também se ocupem”. Solicitado a opinar, um guia espiritual da Sociedade Espírita de Paris disse: -“Esse quadro é verdadeiro, não estando, absolutamente exagerado. Talvez perguntem o que fez essa mulher para estar tão mal. Cometeu algum crime terrível? Roubou? Assassinou? Não. Nada fez que tivesse merecido a justiça dos homens. Ao contrário, divertia-se com aquilo a que chamai a felicidade terrena: beleza, fortuna, prazeres, adulação, tudo lhe sorria, nada lhe faltava e, vendo-a, assim, diziam: Que mulher feliz!. Invejavam sua sorte. Que fez ela? Foi egoísta; tinha tudo, menos um bom coração. Se não violou a lei dos homens, violou a Lei de Deus, porque desconheceu a caridade, a primeira das virtudes. Só amou a si mesma. Agora ninguém a ama. Não deu nada; nada lhe dão. Está isolada, cansada, abandonada, perdida no espaço, onde ninguém pensa nela, ninguém se ocupa com ela. Isso é o seu suplício. Como só buscou os prazeres mundanos que hoje não mais existem, fez-se o vazio em seu redor. Só vê o nada e o nada lhe parece a Eternidade. Não sofre torturas físicas; os diabos não vem atormentá-la, mas isto não é necessário. Ela própria se atormenta, sofre demasiado por que esses diabos seriam ainda seres que pensavam nela. O egoísmo constitui sua alegria na Terra; perseguiu-a. Agora é o verme que lhe rói o coração; é o seu verdadeiro demônio. Ah! Se os homens soubessem quanto lhes custa ser egoístas!. Entretanto, Deus vô-lo ensina todos os dias, pois vos envia tantos Espíritos egoístas à Terra para que, desde esta vida, eles se castiguem uns aos outros e melhor compreendam, pelo contraste, que a caridade é o único contra-veneno dessa lepra da Humanidade”.




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