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sábado, 26 de maio de 2012

Kardec e a Regressão de Memória

Vivia-se na Terra o ano de 1866, e há sete anos a REVISTA ESPÍRITA (ver postagem DESCUBRA VOCÊ TAMBÉM ) seguia cumprindo sua missão de  integrar através da informação os seguidores do nascente Espiritismo. Entre os temas da pauta de julho, encontrava-se a matéria VISÂO RETROSPECTIVA DAS EXISTÊNCIAS DO ESPÍRITO, construída a partir da carta de um correspondente de Lyon que escreveu o seguinte: “- Fiquei surpreendido que o Espírito do Dr Carleaux tenha sido posto em estado magnético para ver desenrolar-se à sua frente o quadro de suas existências passadas. Isto parece indicar que o Espírito em questão não as conhecia .Porque n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS consta que “depois da morte, a alma vê e abarca de um golpe de vista suas emigrações passadas(cap VI,questão 243). O fato não parece implicar uma contradição?”. Efetivamente, entre as matérias dda edição anterior, Kardec incluiu duas manifestações havidas na Sociedade Espírita ade Paris, no dia 11 de maio, através do médium Sr Morin, na qual o Espírito do Dr Caileux, médico na encarnação encerrada, depois de agradecer pelas preces em sua intenção e relatar sua situação e atuação no Mundo Espiritual, cita um fato, pedindo a opinião da Sociedade Espírita de Paris sobre sua interpretação do mesmo. Conta ele: “-Há alguns dias senti uma espécie de torpor apoderar-se de meu Espírito e, conservando a consciência do meu ‘Eu’, senti-me transportado no espaço; chegando a um lugar que para vós não tem nome, encontrei-me numa reunião de Espíritos que, em vida, tinham adquirido alguma celebridade pelas descobertas que haviam feito. Lá não fiquei pouco surpreendido ao reconhecer nesses anciãos de todas as idades, nomes de todas as épocas, uma semelhança espiritual comigo. Perguntei-me o que tudo aquilo significava; dirigi-lhes as perguntas que me sugeria a minha posição,  minha admiração foi ainda maior, ouvindo-me responder a mim mesmo. Voltei-me, então, para eles, e encontrei-me só. (...) Hoje posso vos explicar melhor o que passou e, em vez de vos dizer quais eram minhas conjecturas, posso dizer-vos o que me revelaram os bons amigos que me guiam no mundo dos Espíritos. Quando meu Espírito sofreu uma espécie de entorpecimento, eu estava, por assim dizer, magnetizado pelo fluido de meus Amigos Espirituais.. (...) Eu estava pois, adormecido num sono magnético-espiritual; vi o passado formar-se num presente fictício; reconheci individualidades desaparecidas na esteira do tempo, ou antes, que tinham sido apenas um só indivíduo. Vi um Ser começar uma obra médica; um outro, mais tarde, continuar a obra que o primeiro deixara esboçada; e, assim por diante. Cheguei a ver em menos tempo do que levo a vos dizer de idade em idade, formar-se, crescer e tornar-se ciência, o que, no princípio, não passa dos primeiros ensaios de um cérebro ocupado em estudo para alívio da Humanidade sofredora. Vi tudo isto e, quando cheguei ao ultimos desses seres que, sucessivamente, tinham trazido um complemento à obra, então me reconheci. Aí tudo se extinguiu e tornei-me o Espírito, ainda em atraso do vosso pobre doutor.. (...) Nesse sono, vi os diferentes corpos que meu Espírito animou, desde um certo número de encarnações, e, todos trabalharam na ciência médica, sem jamais se afastar dos princípios que o primeiro havia elaborado. Esta última encarnação não era para aumentar o saber, mas simplesmente para praticar o que ensinava a minha teoria”.  Comentando a comunicação, Kardec observa: “- Há aqui um duplo ensinamento: para começar, há o fato da magnetização de um Espírito por outros Espíritos, e do sono que se lhe segue; e, em segundo lugar, da visão retrospectiva dos diferentes corpos que animou. Há, pois, para os Espíritos, uma espécie de sono, o que é um ponto de contato a mais entre o estado corporal e o estado Espiritual. É verdade que aqui se trata de um sono magnético; mas existiria para eles um sono natural semelhante ao nosso? Isso nada  teria de surpreendente, que se veem ainda Espíritos de tal modo identificados com o estado corporal, que tomam seu corpo fluídico por um corpo material, que creem trabalha como o faziam na Terra. E, que sofrem fadiga. Se sentem fadiga, devem experimentar a necessidade do repouso, e podem crer deitar-se e  dormir, como creem trabalhar e viajar em estrada de ferro.. (..) Não são senão Espíritos de ordem inferior que têm semelhantes ilusões; quanto menos avançados, mais o seu estado se aproxima do estado corporal. Este não pode ser o caso do Dr. Carleaux, Espírito adiantado que se dá perfeita conta de sua situação.. Mas não é menos verdade que teve consciência de um entorpecimento análogo ao sono, durante o qual viu suas diversas individualidades. (...) O sono magnético, ou outro, só deve afetar o corpo espiritual ou períspirito, e o Espírito deve achar-se num estado relativamente análogo ao do Espírito encarnado durante o sono do corpo, isto é, conservar a consciência do seu Ser. (...) Puderam apresentar-se a ele, como lembrança, da mesma maneira que as imagens se oferecem nos sonhos”.  Sobre o questionamento do leitor de Lyon, Kardec diz: “- Não há aí nenhuma contradição pois, ao contrário, o fato vem confirmar a possibilidade, para o Espírito, de conhecer suas existências passadas. O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação. Diz, em princípio que a alma vê as suas migrações passadas, mas não diz quando nem como isto se dá. (...) Se o Dr Carleaux  tivesse dito que os Espíritos não podem ter consciência de suas existências passadas, aí estaria a contradição, pois seria a negação de um principio admitido. Longe disto, ele afirma o fato; apenas as coisas nele se passaram de maneira diferente do que nos outros, sem dúvida por motivos de utilidade para ele e para nós é um motivo de ensinamento, pois nos mostra um dos lados do Mundo Espiritual”.

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