faça sua pesquisa

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

DUVIDA DE MUITOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Deus, Jeová, Alá, Supremo Arquiteto do Universo, Consciência Cósmica são palavras utilizadas para identificar uma única coisa: o Criador. Para não dificultar as coisas um dos maiores líderes espirituais conhecidos sugeriu chama-lo apenas Pai. Numa das edições da REVISTA ESPÍRITA, ano 1864, Allan Kardec escreveu: O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade”. Refletindo sobre o assunto sob esse prisma, conclui-se qual a razão de existirem tantas escolas religiosas na sociedade humana. Condicionados ao processo evolutivo, natural os homens irem criando sistemas a partir da própria percepção das possíveis explicações sobre a origem de tudo, visto cada um refletir o mundo conforme sua capacidade de entendimento. Desse modo, tudo está certo, constituindo-se as diferentes visões da Divindade, apenas degraus de acesso a uma compreensão cada vez mais aprofundada e ampla do tema. Na edição de maio de 1861, da REVISTA ESPÍRITA, numa nota de rodapé, Allan Kardec inclui uma observação em que procura responder duas questões naturais entre os que consideram a ideia de Deus uma grande mentira. A primeira delas: Como os Espíritos novos, que Deus cria, e que se destinam a um dia tornar-se Espíritos puros, depois de ter passado pela peneira de uma porção de existências e provas, saem tão imperfeitos das mãos do Criador, que é a fonte de toda perfeição e não se melhoram gradativamente senão se afastando da origem? - “Digamos para começar que a solução pode ser deduzida facilmente do que está dito, com desenvolvimento, n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, sobre a progressão dos Espíritos, questões 114 e seguintes. Teremos pouco a acrescentar. Os Espíritos saem das mãos do Criador simples e ignorantes, mas nem são bons, nem maus, pois do contrário, desde a sua origem, Deus teria votado uns ao Bem e à felicidade, e outros ao mal e à desgraça, o que nem concordaria com a sua bondade, nem com a sua justiça. No momento de sua criação, os Espíritos não são imperfeitos senão do ponto de vista de desenvolvimento intelectual e moral, como a criança ao nascer, como o germe contido no grão da árvore. Mas não são maus por natureza. Ao mesmo tempo que neles se desenvolve a razão, o livre arbítrio, em virtude do qual escolhem, uns, o bom caminho, outros, o mau, faz que uns cheguem ao objetivo mais cedo que outros. Mas todos, sem exceção, devem passar pelas vicissitudes da vida corpórea, a fim de adquirir experiência e ter o mérito da luta. Ora, nessa luta uns triunfam , outros sucumbem; mas os vencidos podem sempre erguer-se e resgatar as suas derrotas. Esta questão levanta outra, mais grave, que várias vezes nos foi apresentada. É a seguinte: Deus, que tudo sabe, o passado, o presente e o futuro, deve saber que tal Espírito tomará o mau caminho, sucumbirá e será infeliz. Neste caso, por que o criou? Sim. Certamente Deus sabe muito bem a linha que seguirá um Espírito, do contrário não teria a ciência soberana; se o mau caminho a que se atira o Espírito devesse fatalmente conduzi-lo a uma eternidade absoluta de penas e sofrimentos; se, porque tivesse falido lhe fosse para sempre vedado reabilitar-se, a objeção acima teria uma força de lógica incontestável e talvez aí estivesse o mais poderoso argumento contra a dogma dos suplícios eternos; porque, neste caso, impossível é sair do dilema: ou Deus não conhece a sorte reservada à sua criatura e então não tem a soberana ciência; se a conhece, então a criou para ser eternamente infeliz e, então, não tem Soberana Bondade. Com a Doutrina Espírita, tudo concorda perfeitamente, e não há contradição: Deus sabe que um Espírito tomará um mau caminho; conhece todos os perigos de que está este semeado, mas, também, sabe que dele sairá e que apenas terá um atraso; e, na sua bondade e para lhe facilitar, multiplica em sua rota as advertências salutares, dos quais infelizmente nem sempre se aproveita. É a história de dois viajantes que querem chegar a uma bela região onde viverão felizes. Um sabe evitar os obstáculos, as tentações, que o fariam parar no caminho; o outro, por imprudência, choca-se nos mesmo obstáculo, dá quedas que o atrasam, mas chegará por sua vez. Se, em caminho, pessoas caridosas o previnem dos perigos que corre e, se por presunção, não as escuta, não será mais repreensível”.


A professora Leninha, pergunta por que é tão difícil demover pessoas de uma determinada crença, mesmo que essa crença seja ilógica e absurda e fere o mais elementar princípio de razão. Parece que, quanto mais você procura demonstrar que 1 + 1 são 2, mais ela se fecha na sua maneira de crer.

No segundo capítulo d’O LIVRO DOS MÉDIUNS, Allan Kardec trata justamente deste assunto. O capítulo tem por título “Do método”. Ele está se referindo às formas como podemos abordar conhecimentos espíritas para pessoas não-espíritas, considerando que todos nós, seres humanos, quando chegamos a um nível de conhecimento mais elaborado – como filosofia e ciência – temos uma tendência natural que querer convencer os outros de nossas verdades.

Isso acontece muito mais quando se trata de religião, pois a fé é um sentimento dos mais enraizados na alma humana, não apenas por causa da educação que recebemos nesta vida, mas muito mais pelo tipo de crença que viemos cultivando ao longo de muitas encarnações. Logo, querer demover uma pessoa de sua crença e trazê-la para a nossa é muito sério. Allan Kardec aconselha que não devemos jamais tentar fazer algo nesse sentido, quando a pessoa está bem com a sua maneira crer, quando a sua religião atende plenamente aos seus anseios e necessidades.

O Espiritismo não veio para competir com as religiões e muito menos para criar polêmicas em torno da fé. Ele veio para ajudar e não para confundir o coração das pessoas. A fé é um valor sagrado, sempre deve ser respeitada, quando se trata de uma religião respeitável e que contribui para o bem da humanidade. A Doutrina Espírita, segundo Allan Kardec, veio, sim, para aqueles que têm dúvidas quanto às suas crenças ou para aqueles que não estão satisfeitos com o caminho religioso em que foram educados e estão à procura de respostas para o sentido e os problemas da vida.

Por isso, Kardec aconselha que o espírita nunca deve tentar fazer a cabeça de ninguém. Seu papel é de informar quem quer ser esclarecido, é o de assistir àqueles que o procuram, sem cobrar ou exigir conversão religiosa de ninguém. E, desde que essas pessoas se mostrem abertas a ampliar seus conhecimentos, apresentar-lhe então a doutrina que, poderá ou não ser por elas acolhida. O espírita, em último caso, só participaria de uma polêmica, se provocado; se alguém fizer uma afirmação absurda ou injuriosa contra o Espiritismo. Neste caso, seu dever é defender seu ponto de vista e o ideal que abraça.

Logo depois do sucesso do programa Pinga Fogo na década de 1970, assistido por milhões de brasileiros, Chico Xavier foi levado a um outro programa de TV para uma entrevista. E a primeira pergunta que o entrevistador fez a ele, em tom de provocação, foi a seguinte: “Senhor Chico Xavier, muitos intelectuais e homens eminentes do mundo não acreditam no Espiritismo. O que o senhor tem a dizer sobre isso?” Com muita calma Chico esboçou um sorriso, característico de sua pessoa, e simplesmente respondeu: “É um direito que eles têm”. Não houve discussão.

Assim, Leninha, se uma pessoa nos pergunta sobre o Espiritismo, devemos responder, mas baseando-nos naquilo que ela já sabe. Neste sentido, Allan Kardec diz que se uma certa pessoa, que vem a nós, não acredita nem mesmo que tem uma alma, vamos perder tempo em falar a ela sobre Espírito. Mas, se ela já acredita na alma, fica mais fácil, partirmos da ideia que ela tem para chegar ao conceito do Espiritismo. Dependendo da pergunta que faz, podemos perceber onde ela quer chegar.

Assim, há perguntas sérias e bem intencionadas dos que realmente querem saber, mas há aqueles que escondem uma segunda intenção, apenas para provocar polêmica. Ora, o Espiritismo não acredita neste último tipo de pergunta, porque ela não tem por objetivo o esclarecimento, mas apenas o debate. E o debate em si não leva a nada, porque não contribui para as pessoas se modificarem. Quanto mais ela é contrariada, mais ela se firma em suas convicções, principalmente em matéria de fé religiosa, cujo sentimento já está cristalizado na sua alma.


Nenhum comentário:

Postar um comentário