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domingo, 28 de agosto de 2022

ALLAN KARDEC E DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Publicada pela primeira vez no Brasil em fins da década de 60 do século Vinte, a coleção da REVISTA ESPÍRITA criada e publicada por Allan Kardec entre 1858 e 1869, se constitui num manancial de informações e desenvolvimentos que vão muito além do contido nas chamadas Obras Básicas. Um dos temas em que o Codificador da Doutrina Espírita oferece incríveis conteúdos é sobre o tema DEUS com que abre O LIVRO DOS ESPÍRITOS e no livro A GÊNESE. Da série AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ, mais especificamente A CONCEPÇÃO DE DEUS, destacamos três delas para maiores reflexões: 1- Como surge na criatura humana a ideia de Deus? Seria algo gravado no inconsciente pelas escolas religiosas? O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade. (RE, 2/1864) O sentimento intuitivo que trazemos da existência de Deus é uma consequência do princípio de que não existe efeito sem causa não sendo efeito da educação e das ideias adquiridas. (LE, 5,6) Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme a ideia que elas dão de Deus. As religiões que fazem de Deus um ser vingativo e cruel julgam honrá-lo com atos de crueldade, com fogueiras e torturas; as que têm um Deus parcial e cioso são intolerantes e mais ou menos meticulosas na forma, por crerem-no mais ou menos contaminado das fraquezas e ninharias humanas. (RE; 9/1867) 2- Por que Deus não revelou desde o princípio toda a verdade? Pela mesma razão por que se não ensina à infância o que se ensina aos de idade madura. A revelação limitada foi suficiente a certo período da Humanidade, e Deus a proporciona gradativamente ao progresso e às forças do Espírito. Os que recebem hoje uma revelação mais completa são os mesmos Espíritos que tiveram dela uma partícula em outros tempos e que de então por diante se engrandeceram em inteligência. Antes da Ciência ter revelado aos homens as forças vivas da Natureza, a constituição dos astros, o verdadeiro papel da Terra e sua formação, poderiam eles compreender a imensidade do Espaço e a pluralidade dos mundos? Teriam podido identificar-se com a vida espiritual, conceber depois da morte uma vida feliz ou infeliz senão num lugar circunscrito e sob uma forma material? Não. Compreendendo mais pelos sentidos do que pelo raciocínio, o Universo era demasiado vasto para seu cérebro; era preciso reduzi-lo a menores proporções para acomodá-lo ao seu ponto de vista, correndo o risco de ampliá-lo mais tarde. Uma revelação parcial tinha sua utilidade; então era razoável, mas hoje insuficiente. O erro é daqueles que, não levando em conta o progresso das ideias, creem poder governar homens maduros quais se fossem crianças. (RE, 3/1865) 3- Como é que Deus, visto como tão grande, poderoso, superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar- se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus Infinito, porque eles próprios são finitos, limitados, razão por que o imaginam finito e limitado como eles mesmos; representando-o como um Ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua semelhança. Pintando-o com traços humanos, nossos quadros não contribuem pouco para alimentar este erro no espírito das massas, que nele mais adoram a forma que o pensamento. É para o maior número um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e percepções são restritas não compreendem que Deus possa ou haja por bem intervir diretamente nas menores coisas. Na incapacidade em que se acha o homem de compreender a essência mesma da Divindade, desta não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que podem, ao menos, mostrar-lhe a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível. (RE)



Pergunta formulada pelo Cristiano, da cidade de Vera Cruz. No livro AÇÃO E REAÇÃO, pelo Espírito de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, capítulo 19, encontramos a seguinte frase: “A dor é o ingrediente mais importante na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor evolução, que atua de fora para dentro aprimorando o ser, sem o qual não existiria progresso”. Pergunto: a expressão dor evolução explicaria os ensinamentos de Jesus? Como entender, então, os sofrimentos de Jesus pela Lei de Ação e Reação? Jesus continua progredindo espiritualmente?

Ao falar do sofrimento decorrente da Lei de Ação e Reação, Cristiano, você certamente está se referindo à expiação. Ora, expiação é sofrimento que advém dos erros cometidos, principalmente no campo moral. Logo, não é possível que Jesus, sendo um Espírito Puro, esteja ainda dependendo da expiação para evoluir. Trata-se de um Espírito que há muito já ultrapassara essa etapa e, portanto, não estava mais sujeito a ela, quando reencarnou na Terra.

Expiação é para nós, Espíritos muito distantes da perfeição, que ainda não entenderam o porquê da Lei de Deus. É por isso que vivemos num mundo de provas e expiações, pois o mal e a ignorância espiritual aqui predominam, tanto em cada um de nós, como na coletividade. Jesus é de uma elevação tal que precisou fazer um grande esforço, um sacrifício mesmo para dar um impulso à evolução da humanidade. Diferentemente de nós, ele veio em missão.

Missão, aqui, no sentido de uma tarefa extraordinária. Jesus foi o maior missionário da humanidade, que veio ao mundo em missão de paz. Sua principal meta, o amor. O sofrimento dele não decorreu de expiação e nem de provas, pois, como dissemos, essas etapas já tinham sido ultrapassadas por ele. O missionário é o Espírito que voluntariamente vem a serviço do Bem, submetendo-se às maiores dificuldade e a toda sorte de sacrifício, pois toda missão é espinhosa e difícil. Logo, ele veio como um mestre. A expiação, contudo, é própria dos aprendizes.

Quando à chamada dor-evolução, de que fala André Luiz, trata-se dos sofrimentos que decorrem da transformação do Espírito. Evolução, na verdade, é aperfeiçoamento e para se afeiçoar são necessárias as mudanças, as transformações. É o que acontece com os Espíritos, que fazem parte desse processo de transformação. A dor evolução não é expiação, não é prova e tampouco missão. É a dor decorrente da necessidade de evoluir.

Veja o caso da criança, que após um ano de vida, está pronta para aprender a andar. Antes ela se arrastava, agora se põe de pé, depois já é capaz de dar os primeiros passos. Cada uma dessas fases é sofrida, porque ela está aprendendo. O auge desse sofrimento é quando começa a dar os primeiros passos – expectativa, insegurança e medo. Mas ela precisa se arriscar. Várias vezes perde o equilíbrio, de outras cai, chora, fica ansiosa, mas logo depois se levanta para tentar de novo... É um processo sofrido.

Mas isso é evolução. Tudo em nossa vida é assim. Cada etapa um desafio, cada desafio uma expectativa. Ora uma alegria, ora uma frustração. Mas tudo isso vai ser compensador: logo essa criança estará andando e, mais tarde, correndo. Veja, portanto, o que é a dor-evolução, é esse processo de experiências, tentativas, erros e acertos, pelo qual todos passamos ao longo das encarnações.

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