faça sua pesquisa

domingo, 27 de maio de 2018

ATUALISSIMO


Abrindo a pauta da REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1859, Allan Kardec apresenta interessante matéria intitulada “DEVEMOS PUBLICAR TUDO QUANTO OS ESPÍRITOS DIZEM?” que se mostra atualíssima, especialmente diante da profusão de títulos que disputam lugar nos expositores das livrarias ou catálogos de editoras e distribuidoras, demonstrando acirrada disputa por qual apresenta “revelações” ou “novidades” mais originais. Como livros espíritas se tornaram até meio de vida, revisões doutrinárias ou fundamentadas no bom senso, inexistem. O alvo é um público ávido por contéudos que chegam a ser estapafúrdios. As ponderações de Kardec sugerem reflexões. Diz ele: “- Esta pergunta nos foi dirigida por um dos nossos correspondentes. Respondemo-la da maneira seguinte: Seria bom publicar tudo quanto dizem e pensam os homens? Quem quer que possua uma noção do Espiritismo, por superficial que seja, sabe que o mundo invisível é composto de todos aqueles que deixaram na Terra o envoltório visível. Despojando-se, porém, do homem carnal, nem todos se revestiram, por isso mesmo, da túnica dos anjos. Há Espíritos de todos os graus de conhecimento e de ignorância, de moralidade e de imoralidade – eis o que não devemos perder de vista. Não esqueçamos que entre os Espíritos, assim como na Terra, há seres levianos, desatentos e brincalhões; falsos sábios, vãos e orgulhosos, de um saber incompleto; hipócritas, malévolos e, o que nos parecia inexplicável, se de algum modo não conhecêssemos a fisiologia desse mundo, há sensuais, vilões e crapulosos que se arrastam na lama. Ao lado disto, sempre como na Terra, temos seres bons, humanos, benevolentes, esclarecidos, de sublimes virtudes. Como, entretanto, nosso mundo não está na primeira nem na última posição, embora mais vizinho da última que da primeira, disso resulta que o mundo dos Espíritos abrange seres mais avançados intelectual e moralmente que nossos homens mais esclarecidos, e outros que ainda estão abaixo dos homens mais inferiores. Desde que esses seres têm um meio patente de comunicar-se com os homens, de exprimir seus pensamentos por sinais inteligíveis, suas comunicações devem ser um reflexo de seus sentimentos, de suas qualidades ou de seus vícios. Serão levianas, triviais, grosseiras, mesmo obscenas, sábias, científicas o sublimes, conforme seus caráter e sua elevação. Revelam-se por sua própria linguagem. Daí a necessidade de não aceitar cegamente tudo quanto vem do mundo oculto, e submetê-lo a controle severo. Com as comunicações de certos Espíritos, do mesmo modo que com os discursos de certos homens, poder-se-ia fazer uma coletânea muito pouco edificante(...). Ao lado dessas comunicações francamente más, e que chocam qualquer ouvido um pouco delicado, outras há que são simplesmente triviais ou ridículas (...). O mal é dar como sérias, coisas que chocam o bom senso, a razão e as conveniências. Nesse caso, o perigo é maior do que se pensa. Para começar, tais publicações tem o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de examiná-las e discernir entre o verdadeiro e o falso, principalmente numa questão tão nova como o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários que não perdem a oportunidade para tirar deste fato argumentos contra a alta moralidade do ensino espírita; porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas que são notórios absurdos (...). As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem qual a atitude que convêm a este respeito. Sabem que os Espíritos zombeteiros não tem o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis. Mas sabem também que esses Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar, que não sabem ou não querem esclarecidas suas astúcias pelos meios já conhecidos (...). Os Espíritos vão aonde acham simpatia e onde sabem que serão ouvidos (...).Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento”.    


Nenhum comentário:

Postar um comentário