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quarta-feira, 30 de maio de 2018

PERDÃO, CONFLITO E DOR DOS ANIMAIS

O professor José Benevides Cavalcante( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) retorna para fazer luz sobre questões propostas por leitores."Não acho que sou diferente de ninguém. Não sou santa, mas também não me acho um demônio. Leio o Evangelho todos os dias e admiro os ensinos de Jesus e a coragem que ele teve de enfrentar seus inimigos sem um pensamento de revolta. E aquela parte do Sermão da Montanha em que ele manda amar os inimigos ainda está longe de minhas forças. Não consigo perdoar uma pessoa, pelo que ela me fêz e pelo que ela continua fazendo para mim e para meu marido. Tento rezar por ela, mas, na verdade, não consigo. Não quero ser hipócrita diante de Deus e de mim mesma: eu não gosto dela e não a quero por perto; caso contrário, a nossa vida vai se transformar num inferno!... E o pior de tudo isso é que eu sofro porque não quero perdoá- la, e sofro também porque não a perdôo. Não entendo o que está acontecendo comigo." Certamente você está vivenciando grande conflito íntimo. Embora o desconforto que sofre, a mulher velha que havia em você paulatinamente está cedendo lugar à mulher nova que ameaça se impor. Você está crescendo, e a batalha interior que arde em seu coração é a comprovação disso. Você acredita no perdão, já tem o perdão como um valor moral, mas ainda não conseguiu incorporá-lo por inteiro, precisando apenas de um pouco mais de amadurecimento para torná-lo parte integrante de sua vida. Não obstante, você já conquistou uma virtude: a sinceridade. Não quer fingir e não sabe fingir: por isso, a dificuldade em querer perdoar e não reunir ainda os requisitos básicos para o perdão, fato que, no íntimo, não quer admitir para você mesma. Essa crise de crescimento você precisa enfrentar com coragem e determinação. Confie na sua consciência e evite agir por simples impulso, repetindo para si mesma que a inteligência deve iluminar a emoção. Se a situação é tão incômoda assim, procure mudar alguma coisa em sua vida, frequentando um grupo espírita idôneo, que possa suscitar em você novos interesses e novas metas, novas atividades e novas reflexões. Não se esqueça da prece. Mas saia um pouco do âmbito limitado de suas preocupações familiares para buscar fora recursos novos que lhe facilitarão a vida. Procure pensar e agir um pouco mais em favor de quem tem problemas iguais ou piores que o seu. Nenhum de nós tem capacidade de se transformar por inteiro de um dia para outro e nem podemos nos mostrar muito ansiosos nesse sentido. Agindo no Bem, dê um tempo para si mesma, pois todo aprendizado é um processo mais ou menos longo, exigindo de cada pessoa um ritmo próprio. A DOR DOS ANIMAIS "Eu tive um cachorro que morreu de câncer, depois de sofrer muito. Um ser humano com câncer demonstra que ele está pagando dívidas do passado e, por isso, sofre. Mas, como é que isso pode acontecer com um animal? Será que ele também tem dívida para pagar como nós? Não. O animal não tem nada a pagar, simplesmente porque ele não é um ser moral, não tem consciência, mérito ou culpa de seus "atos". Segue apenas o curso da natureza, agindo por impulso do instinto ou por simples adestramento. Resgate, pagamento, ressarcimento, expiação, só acontece com os humanos, que são inteligentes e conscientes em suas ações: estes têm mérito e culpa, porque têm livre-arbítrio, isto é, sabem diferenciar o bem do mal. Os espíritas devemos tomar cuidado para não generalizarmos conceitos, como é costume acontecer, quando afirmamos que todo sofrimento decorre de um resgate ou de um pagamento de dívida do passado. Não é bem assim. A ideia de que há uma relação direta entre o erro e o sofrimento é correta e deve ser sempre lembrada. Mas disso não resulta que todo sofrimento é resgate. Há várias causas para o sofrimento, e uma delas é a que decorre de nossas necessidades evolutivas. A esse tipo de sofrimento André Luiz chama de dor-evolução. Os animais, que nada têm a "pagar", sofrem em decorrência de sua evolução, aceitam naturalmente a morte, e sua dor é muito menor que a dor humana, porque eles não são atormentados pelos sofrimentos morais ou problemas conscienciais, os que mais nos torturam aqui e no além.

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