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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ALLAN KARDEC, ADÃO, ANJOS DECAÍDOS E O MITO DE MARIA

Um estudo comparativo entre as principais religiões ao longo da História da Humanidade demonstra que muitas delas constituem-se em sínteses do pensamento e sentimento que assinala a evolução do Ser dentro de suas proposições espiritualizantes, coincidindo ao que tudo indica, com o início de novos ciclos evolutivos. O próprio Espiritismo segundo alguns pensadores constitui-se numa delas abrangendo a essência dos avanços no campo do despertar da consciência. E, como explicado pelo Instrutor Espiritual Emmanuel no livro A CAMINHO DA LUZ (feb, 1938) psicografado por Chico Xavier, o ponto de partida deu-se na Índia através do grupo de exilados do Sistema de Capela ali interiorizados pelos que dos bastidores da invisibilidade administram o progresso da Terra. Nesses tempos em que a Verdade emerge com vigor, sabe-se que o Antigo Testamento que compõe a Bíblia resultou de um pedido de Jerônimo a Rabinos respeitáveis para compilarem os livros que melhor expressassem o pensamento do Judaísmo. Sabe-se também que fatos ali relatados, correspondem a outros presentes no MAHABARATA ou outras tradições bramânicas. Noé do Diluvio, por exemplo, chama-se na milenar obra Vaiswasvata tendo inspirado a narrativa bíblica. Em relação à sua própria história Moises baseou-se nos VEDAS. Como prenunciado por Jesus, a Doutrina Espírita vem esclarecer o que estava obscuro. No número de janeiro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec  elucida alguns pontos  atavicamente carregados por parte dos Espíritos presos à Terra. Vejamos: 1- ADÃO COMO A ORIGEM DA HUMANIDADE - A questão principal não é saber se a personagem de Adão realmente existiu, nem em que época viveu, mas se a raça humana, designada como sua posteridade, é uma raça decaída. A solução dessa questão não é destituída de conteúdo moral, porque, esclarecendo-nos quanto ao passado, pode orientar a nossa conduta para o futuro. Antes de mais, notemos que, aplicada ao homem, a ideia da queda, sem a reencarnação, é um contra-senso, assim como a responsabilidade que carregássemos pela falta de nosso primeiro pai. Se a alma de cada homem é criada ao nascer, é que não existia antes; não terá, desse modo, nenhuma relação, nem direta, nem indireta, com a que cometeu a primeira falta, o que nos leva a indagar como poderia ser responsável por sua própria queda 2 -  ANJOS DECAÍDOS - A ideia dos anjos rebeldes, dos anjos decaídos e do paraíso perdido se acha em quase todas as religiões e, como tradição, entre quase todos os povos. Deve, pois, fundamentar-se numa verdade. Para compreender o verdadeiro sentido que se deve ligar à qualificação de anjos rebeldes, não é necessário supor uma luta real entre Deus e os anjos, ou Espíritos, desde que o vocábulo anjo é aqui tomado numa acepção geral. (...) Pois bem! todos esses Espíritos, que tão mal empregaram as suas encarnações, uma vez expulsos da Terra e enviados a mundos inferiores, entre hordas ainda na infância da barbárie, o que serão, senão anjos decaídos, remetidos à expiação? A Terra que deixam não será para eles um paraíso perdido, em comparação ao meio ingrato onde ficarão relegados durante milhares de séculos, até o dia em que tiverem merecido a libertação? (...) Eis, em pequena escala, um exemplo surpreendente de analogia com o que se passa, em escala maior, no Mundo dos Espíritos, e que nos ajudará a compreendê-lo : No dia 24 de maio de 1861, a fragata Ifigênia transportou à Nova Caledônia uma companhia disciplinar composta de 291 homens. À chegada, o comandante baixou-lhes uma ordem do dia concebida assim: “Pondo os pés nesta terra longínqua, por certo já compreendestes o papel que vos está reservado. “A exemplo dos bravos soldados da nossa marinha, que servem sob as vossas vistas, ajudar-nos-eis a levar com brilho o facho da civilização ao seio das tribos selvagens da Nova Caledônia. Não é uma nobre e bela missão, pergunto? Desempenhá-la-eis dignamente. “Escutai a palavra e os conselhos dos vossos chefes. Estou à frente deles. Entendei bem as minhas palavras. “A escolha do vosso comandante, dos vossos oficiais, dos vossos suboficiais e cabos constitui garantia certa de que todos os esforços serão tentados para fazer-vos excelentes soldados; digo mais: para vos elevar à altura de bons cidadãos e vos transformar em colonos honrados, se o quiserdes. “A nossa disciplina é severa e assim tem de ser. Colocada em nossas mãos, ela será firme e inflexível, ficai certos, do mesmo modo que, justa e paternal, saberá distinguir o erro do vício e da degradação...” Aí tendes um punhado de homens expulsos, pelo seu mau proceder, de um país civilizado, e mandados, por punição, para o meio de um povo bárbaro. Que lhes diz o chefe? – “Infringistes as leis do vosso país; nele vos tornastes causa de perturbação e escândalo e fostes expulsos; mandam-vos para aqui, mas aqui podeis resgatar o vosso passado; podeis, pelo trabalho, criar-vos aqui uma posição honrosa e tornar-vos cidadãos honestos. Tendes uma bela missão a cumprir: levar a civilização a estas tribos selvagens. A disciplina será severa, mas justa, e saberemos distinguir os que procederem bem.” Para aqueles homens, exilados no seio da selvajaria, a mãe-pátria não é um paraíso que eles perderam pelas suas próprias faltas e por se rebelarem contra a lei? Naquela terra distante, não são eles anjos decaídos? A linguagem do chefe não é idêntica à de que usou Deus falando aos Espíritos exilados na Terra: “Desobedecestes às minhas leis e, por isso, eu vos expulsei do mundo onde podíeis viver ditosos e em paz. Aqui, estareis condenados ao trabalho; mas, podereis, pelo vosso bom procedimento, merecer perdão e reconquistar a pátria que perdestes por vossa falta, isto é, o Céu”? À primeira vista, a ideia de queda parece em contradição com o princípio segundo o qual os Espíritos não podem retrogradar. Deve-se, porém, considerar que não se trata de um retrocesso ao estado primitivo. O Espírito, ainda que numa posição inferior, nada perde do que adquiriu; seu desenvolvimento moral e intelectual é o mesmo, seja qual for o meio onde se ache colocado. Ele está na situação do homem do mundo condenado à prisão por seus delitos.  3- O MITO DE MARIA - Esta interpretação dá uma razão de ser toda natural ao dogma da imaculada Conceição, do qual tanto zombou o cepticismo. O dogma estabeleceu que a mãe do Cristo não era manchada pelo pecado original. Como pode ser isto? É muito simples: Deus enviou um Espírito puro, que não pertencia à raça culpada e exilada, para encarnar na Terra e desempenhar a sua augusta missão, do mesmo modo que, de vez em quando, envia Espíritos superiores que encarnam a fim de impulsionar o progresso e apressar o desenvolvimento do orbe.

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