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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

UM CASO COMO MUITOS

Como as estatísticas demonstram, a violência resultante do consumo de drogas foi ganhando proporções epidêmicas na sociedade no final do século 20. Muitas vidas físicas foram interrompidas marcando dolorosamente a dos que remanesceram em nossa Dimensão. A história contada a seguir ilustra isso, embora a mediunidade tenha mostrado aos envolvidos um aspecto ignorado da fato, provocando reações até certo ponto positivas. Para entender por que vamos voltar à noite de 5 de junho de 1984, em São Paulo, capital. O dia terminava para a família Sorrentino, todos já haviam se recolhido, o casal e dois de seus filhos, faltando apenas Renato, um jovem que apesar dos seus 22 anos já trabalhava como analista de sistemas da Bolsa de Valores de São Paulo e cursava o quarto ano da Faculdade de Economia e Administração da USP. Um telefonema por volta da meia noite, porém, provoca um alvoroço naquele lar, até aquele momento tranquilo e feliz. A voz era de um policial que informava que Renato havia sido vítima de um assalto seguido de roubo da moto, que utilizava para os deslocamentos de casa para o trabalho e deste para a Faculdade. Como consequência de tiros recebidos, não resistira e viera a falecer no próprio local da ocorrência. Perplexidade, dor, revolta, inconformação, ódio, misturaram-se no coração e mente de seus pais e irmãos nos cinco meses que se seguiram. A aceitação somente começaria a ser experimentada no dia 9 de novembro, na cidade de Uberaba, Minas Gerais. Naquela noite, em meio às cartas psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, encontrava-se a de Renato, esclarecendo e envolvendo seus entes queridos no reconforto conforme depoimento de sua mãe, que “admitiu que passaram todos a experimentar um novo alento e muita vontade de trabalhar pelos companheiros necessitados”. Em sua mensagem, Renato conta: -“Lembro-me da última frase que o jovem desconhecido me endereçou com a voz suplicante: – “Oi, companheiro, dê-me por favor uma carona. Sou seu colega sem nica no bolso...” O pedido me alcançou o coração e parei a moto. Estava de saída da USP e devia a meu ver prestar um gesto de solidariedade ao amigo anônimo. Coloquei-lhe a garupa ao dispor e seguimos juntos. Não houve tempo para muito diálogo. Passados alguns minutos, o rapaz pediu parada e deixou o pedal que eu lhe havia cedido. Mal nos defrontamos e ele sacou um revólver e os projéteis me atingiram com violência. Compreendi que era o fim. Fixei o infeliz que me prostrara sem comiseração e roguei a Deus em silêncio que me fizesse entender aquele estranho assalto, em que os meus melhores sentimentos haviam sido cruelmente explorados... O desventurado amigo ou inimigo (ainda não sei bem) procurou ganhar distância, mas foi reconhecido. A sangria desatada não me permitia qualquer movimento. Recordo-me de que alguns desconhecidos se abeiraram de mim, no entanto, meu cérebro como que se apagara. Nada mais vi nem ouvi, porque um torpor, que nunca imaginei pudesse ser assim tão forte, se me apoderou do corpo e da mente. Quanto tempo permaneci naquele desmaio sofrido de profunda inconsciência, ainda não sei. Acordei num aposento confortável, assistido por uma senhora em cuja presença adivinhava uma enfermeira prestimosa. Não pude articular a palavra logo após retomar a própria consciência, abrindo os olhos. Notei que uma grande dificuldade me tomara a garganta e, entre pensamentos enfileirando orações, esperei o momento no qual me foi permitido falar. Então, perguntei à protetora diligente sobre o meu próprio destino, já que a minha triste cena final me voltava à memória. Estaria em algum recanto de tratamento na Terra mesmo ou me achava em algum lugar fora do plano físico? O corpo estava quebrado, dolorido... A senhora me informou que a minha presença, fosse onde fosse, lhe seria muito grata ao coração e me recomendou chamá-la por vovó Josefina. Vovó Josefina era um nome que, muitas vezes, ouvi como sendo alguém de nossa família que a morte arrebatara, e ainda estávamos naquele início de conversação, que me espantava, quando outra senhora veio até nós, abraçou-me afetuosamente e me solicitou nomeá-la por vovó Benedita. Então, não tive mais dúvida. Chorei ali mesmo, refletindo em meus queridos pais, em meus irmãos e em nossa querida Sílvia, a quem prometera casamento. Vovó Josefina consolou-me e, qual se fizesse de mim um menino de volta à infância, me fez rememorar preces do tempo de criança que eu desde muito havia esquecido... Entendi, no entanto, que não estava numa universidade e sim num santuário. O santuário do lar em cujo clima de amor formara o coração. Minhas avós me recomendaram pedir à Divina Providência bastante força para perdoar ao jovem que me despojara da vida física. E quando fiz isso, com todo o meu coração, pois, repeti as petições por vários dias consecutivos até que conseguisse repeti-las com sinceridade, pensei no infeliz companheiro qual se fosse ele meu próprio irmão do lar e, desde essa hora, um calor diferente me animou por dentro da própria alma”. A integra da mensagem poderá ser lida no livro VIAJARAM MAIS CEDO, publicado pela editora  geem.


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